Quarta, 17 Junho 2020 19:58

Denúncias contra demissões e metas no Santander viralizam nas redes sociais

Campanha dos bancários fica entre os assuntos mais comentados no Twitter e vira notícia em inúmeros sites

 

Carlos Vasconcellos

Imprensa SeebRio

 

A mobilização dos sindicatos e dos bancários contra as arbitrariedades do Santander teve grande destaque e repercussão nas redes sociais e viraram notícia em vários sites e blogs progressistas. A campanha foi uma resposta da categoria ao banco, que descumpriu o compromisso de não demitir durante a pandemia de Covid-19

Sindicatos de todo o Brasil realizaram, na terça-feira, dia 16 de junho, manifestações para denunciar as arbitrariedades do Santander. O banco é acusado de cobrança de metas inatingíveis e demissão de funcionários.

Além de atividades realizadas nas portas de agências e departamentos do banco em algumas regiões do país, os sindicatos motivaram funcionários, clientes e toda a população a se manifestar nas redes sociais contra os abusos e arbitrariedades do banco espanhol. Entre 12h e 13h houve um tuitaço com a hashtag #SantanderRespeiteOBrasil, que levou a denúncia a ser um dos assuntos mais comentados do Twitter.

Dispensas acontecem

O banco espanhol nega a matéria publicada na Folha de S. Paulo informando que a direção do Santander pretende demitir 20% do quadro funcional da empresa. A projeção de corte foi antecipada à Folha por integrantes da alta gestão do banco com a condição de que não tivessem os nomes revelados. Entretanto, as dispensas estão ocorrendo e o banco admite dispensas “pontuais” em função de metas não atingidas. No Rio, até o fechamento desta matéria, dois bancários haviam sido demitidos.

O banco descumpre acordo de não dispensar funcionários durante o período da pandemia do novo coronavírus. A presidenta do Sindicato Adriana Nalesso declarou que a própria vice-presidente de Recursos Humanos do Santander, Vanessa Lobato, havia dito em reunião com os sindicalistas que a empresa não iria demitir neste momento crítico de pandemia.

Metas abusivas

Outro grave problema no Santander tem sido a pressão imposta aos bancários para atingir metas abusivas. O banco já foi, inclusive, condenado pela Justiça em função da cobrança de resultados.

Os funcionários denunciam que a cada semana tem uma nova campanha para atingir metas e a pressão é grande nos locais de trabalho.

“Se a pressão para cobrança de metas e as demissões já são práticas reprováveis em qualquer situação, que dirá diante de uma crise como esta gerada por uma calamidade mundial que aflige o mundo inteiro”, disse a diretora do Departamento Jurídico do Sindicato do Rio, Cleyde Magno.

A pressão psicológica e o assédio no banco incluem a divulgação de ranking individual, que gera uma humilhação nos bancários mal colocados no ranqueamento exposto publicamente segundo os critérios da empresa.

 

Rial sugere que bancário deve abrir mão de direitos e ganhos salariais

 

O presidente do banco Santander no Brasil, Sérgio Rial, fez novas declarações absurdas contra os trabalhadores. Desta vez, numa live voltada ao mercado financeiro, o executivo confirmou a tendência de ampliação do trabalho Home Office no mundo após a pandemia. Apesar de dizer que o teletrabalho precisa ser uma opção “voluntária”, Rial declarou “que as “vantagens” e “economias” que o empregado vai ter em trabalhar em casa, como poupar tempo e economizar combustível deve fazer com que o trabalhador abra mão de vários direitos, com “abdicação de algum benefício, de algum salário, dividindo alguma coisa com a empresa”.

“A lógica neoliberal que tenta ocultar a relação capital e trabalho e trata o empregado como ‘parceiro’, tenta impor condições de trabalho cada vez mais precárias, com perda de direitos e salário, chegando a esta afirmação absurda do presidente do Santander para que o bancário ganhe menos e divida seus ganhos com a empresa, transferindo parte de seus ganhos para os banqueiros”, acrescenta. Cleyde disse ainda que o Sindicato não vai aceitar que os bancos e o Governo Bolsonaro rasguem a Convenção Coletiva de Trabalho, que resguarda direitos históricos da categoria, como a jornada diária de seis horas, a PLR, os tíquetes e fim de semana remunerado. Os bancários precisam entender que só a mobilização da categoria poderá preservar direitos conquistados em anos de luta”, conclui.  

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