Terça, 30 Abril 2024 18:00

Mesmo lucrando mais de R$ 3 bi, Santander trata com descaso clientes e bancários

Foto: Nando Neves Foto: Nando Neves

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Imprensa SeebRio

Mesmo com um lucro bilionário o Santander continua agindo com descaso para com bancários e clientes. A afirmação foi feita pela secretária de Relações Internacionais da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Rita Berlofa, ao comentar o crescimento de 41,2% do lucro gerencial obtido pelo banco no primeiro trimestre de 2024, que foi de R$ 3,021 bilhões. Em relação ao trimestre anterior o aumento foi de 37,1%.

“Recebemos muitos relatos de trabalhadores da Bahia e de Brasília sobre a falta de assistência médica e o desinteresse do banco em solucionar o problema. Nos relatam também que muitos estão pedindo demissão pelas péssimas condições de trabalho. O Santander deveria respeitar e valorizar os trabalhadores que fazem o lucro desta empresa”, afirmou.

Marcos Vicente, dirigente do Sindicato dos Bancários e Financiários do Rio de Janeiro e da Comissão de Organização dos Empregados (COE), denunciou que, mesmo piorando o atendimento com demissões e fechamento de agências, o Santander tem aumentado a exploração dos clientes. “A receita obtida pelo banco com tarifas continua alta, apesar do desmonte: o total arrecadado dos correntistas chega a mais de 175% da folha de salários, mais do que o dobro. Ou seja, cobre toda a folha e ainda sobra quase mais uma folha de pagamentos”, contabilizou.

Santander exclui mais pobres

O banco tem abusado da imposição dos canais digitais de atendimento para engordar ainda mais seus lucros, cortando custos, fechando agências e demitindo, pouco ligando para os milhões de brasileiros sem acesso à internet, os mais idosos, ou os que não têm a mínima ideia de como usar os meios digitais. O acesso à internet no Brasil manteve a tendência de expansão nos últimos anos, mas 6,4 milhões de famílias permaneciam sem conexão à rede em casa em 2022. Cerca de 23,792 milhões de brasileiros de 10 anos ou mais de idade não usavam a internet, sendo 2,923 milhões deles estudantes. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua - Tecnologia da Informação e Comunicação 2022, a Pnad TIC, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Os excluídos digitais representavam 12,8% da população com 10 anos ou mais de idade. Mais da metade deles eram idosos (52,3% tinha 60 anos ou mais de idade). O grupo também era majoritariamente constituído por pessoas sem instrução ou com ensino fundamental incompleto, o equivalente a 78,5% das pessoas sem acesso à internet.

Já a situação dos bancários se torna a cada dia mais angustiante em função do aumento do número de clientes. Segundo o balanço, a holding Santander encerrou o ano com 55.210 empregados, com abertura de 1.654 postos de trabalho em doze meses, contudo, houve fechamento de 400 postos em relação ao trimestre anterior. A base de clientes aumentou em 4,0 milhões em relação a março de 2023, totalizando 67,1 milhões. Em relação à estrutura física, foram fechados 374 pontos de atendimento (inclui agências físicas, postos de atendimento bancário e lojas) em doze meses (89 no trimestre).

Lucro do Brasil

O lucro líquido contábil, por sua vez, também teve alta, de 42,3% em doze meses e de 38,6% no trimestre. Já o retorno sobre o patrimônio do banco (ROAE) ficou em 14,1%, o que representou um acréscimo de 3,5 pontos percentuais (p.p.) em doze meses.

Segundo o banco, o resultado está fundamentada na evolução da margem, evidenciando a retomada do crescimento, aumento da carteira de crédito no varejo e melhora do custo de crédito. O lucro do período no Brasil representou 19,7% do lucro global do banco, de € 2,852 bilhões, 19,6% em doze meses.

“Mesmo com esses resultados impressionantes, o banco reduziu postos de trabalho no trimestre, fechou agências, com o novo modelo implementado, batizado de Multicanalidade. É fundamental que o Santander cumpra o seu papel, como concessão pública no Brasil, atendendo todos os segmentos e todos os clientes indistintamente”, afirmou Wanessa Queiroz, coordenadora da Comissão de Organização de Empresa (COE) do Santander.

Veja aqui os destaques do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

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