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Diagramação: Marco Scalzo
Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
Carlos Vasconcellos
Imprensa SeebRio
O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) suspendeu preventivamente os contratos com a operadora financeira Crefisa, após identificar diversas irregularidades na prestação de serviços a aposentados e pensionistas. A decisão foi publicada nesta quinta-feira (21) no Diário Oficial da União (DOU), conforme noticiou o portal G1.
A Crefisa havia vencido, no ano passado, 25 dos 26 lotes do leilão da folha de pagamento do INSS e hoje atua como intermediária nos repasses de benefícios. Segundo o instituto, a empresa é responsável pelo pagamento de cerca de 1,7 milhão de benefícios, entre os 41 milhões pagos mensalmente, e já recebeu R$ 25 milhões de janeiro a agosto deste ano. O despacho foi assinado pelo presidente do INSS, Gilberto Waller.
A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) também cobra providências, denunciando “atuação abusiva e monopólio” da financeira, que em 2024 conquistou 24 dos 25 lotes leiloados.
O que muda agora
Com a suspensão, nenhum novo beneficiário do INSS receberá pela Crefisa. No entanto, quem já recebe seus proventos pela empresa continuará tendo o pagamento processado.
Irregularidades apontadas
Entre as falhas identificadas pelo INSS estão: dificuldade ou impedimento no recebimento do benefício; atrasos e recusas de pagamento; restrições para saque; coação para abertura de conta e venda casada de produtos; falta de estrutura adequada nas agências, com filas extensas, ausência de caixas eletrônicos e espaços físicos precários; portabilidades não autorizadas; ausência de sistema de triagem e emissão de senhas; atendimento inadequado e falta de informações claras.
Segundo o órgão público, a suspensão é necessária para garantir a apuração completa das irregularidades.
A Crefisa já era alvo de frequentes reclamações registradas por Procons, Ministério Público Federal, OAB e pelos próprios beneficiários em diversos canais de denúncia.
Problema recorrente
No último dia 12, o INSS também havia suspendido contratos com o Agibank, após denúncias de bloqueio de atendimento e retenção de valores.
Para a vice-presidenta do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro, Kátia Branco, que acompanha a luta dos aposentados na entidade, os problemas relatados não são casos isolados:
“A coação e os abusos praticados por bancos e financeiras não se restringem à Crefisa ou ao Agibank. Isso ocorre em praticamente todo o sistema financeiro nacional, e a população sabe disso. Além de pagar os maiores juros do mundo, os aposentados sofrem constrangimentos e pressões para contratar empréstimos e adquirir cartões de crédito, o que tem endividado famílias e comprometido os benefícios dos trabalhadores aposentados e pensionistas”, criticou.
De acordo com dados da Serasa Experian, o número de idosos inadimplentes cresceu 43,16% entre 2020 e abril de 2025. Atualmente, mais de 14 milhões de pessoas com mais de 60 anos têm dívidas em atraso — quase 5 milhões a mais do que em 2020.
Os juros abusivos cobrados por bancos e financeiras afetam não apenas aposentados, mas também trabalhadores da ativa, comprometendo cada vez mais a renda da população.