Terça, 09 Março 2021 15:25

#8M:”Sempre foi sobre nós”, a violência política de gênero

Entre as autoras estão Dilma Rousseff, Benedita da Silva, Manuela Dávila, Maria do Rosário e Sonia Guajajara
Partido dos Trabalhadores Partido dos Trabalhadores

Correndo por fora da agenda comercial acostumada a capturar datas históricas de lutas emancipadoras, como as das mulheres, para lucrar ainda mais, este 8 de março é marcado também pelo lançamento do livro “Sempre Foi Sobre Nós”: Relatos da violência política de gênero no Brasil. Com selo do Instituto E Se Fosse Você?, o livro reúne 15 textos de mulheres sobre experiências violentas vividas no mundo da política.

A coletânea é organizada por Manuela d’Ávila e traz artigos assinados pelas seguintes lideranças políticas do Brasil: Dilma Rousseff, Maria do RosárioBenedita da Silva, Anielle Franco, Áurea Carolina, Duda Salabert, Jandira Feghali, Jô Moraes, Isa Penna, Marina Silva, Marlise Matos, Sonia Guajajara, Tabata Amaral, Talíria Petrone.

A centralidade do debate sobre violência política de gênero nunca esteve tão em evidência, e de forma tão escancarada como nas últimas eleições. Trajetórias sociais de lideranças femininas como as das vereadoras petista Ana Lúcia Martins, primeira vereadora negra eleita na história de Joinville (SC), e Carol Dartora, ameaçada de morte logo após a confirmação da vitória, estão permanentemente em risco.

No livro, a veemência dos relatos sobre essa violência política ganha mais força, quando situado no contexto de fragilidade da democracia brasileira, com reivindicações por avanços e retomadas, frente ao desânimo por tantos retrocessos. Para elas, esse cenário também alimenta a luta.

Marielle, símbolo da luta

O prefácio da obra é escrito por Anielle Franco, irmã de Marielle Franco, mulher preta vítima de projeto machista de poder e interrupção política de mulheres no país.

Responsável pelo projeto, Manuela d´Avila relata em seu texto a experiência de violência política nas eleições para a Prefeitura de Porto Alegre em 2020. Ela comenta que quando a eleição acabou, pensou que levaria muito tempo para uma mulher pública viver situações de violência como as que ela viveu no último pleito.

Todas as autoras que assinam a obra doaram os direitos autorais. Manuela d´Avila destaca que a publicação não tem fins lucrativos e que recurso arrecadado com a venda será destinado para duas ações: a compra de absorventes para garantir dignidade menstrual de meninas e mulheres e de cestas básicas.

Sinopse

“Eu sempre soube que era difícil, mas não precisava ser tão difícil assim”, conta Manuela d’Avila no artigo que abre esse conjunto de escritos, referindo-se a experiências de violência política de gênero vivenciadas durante a campanha eleitoral para a prefeitura da capital do Rio Grande do Sul, em pleno 2020. Assim como os relatos de Manuela, que organizou essa seleção, esta obra traz experiências vividas neste sentido por outras 14 mulheres, entre elas, Marina Silva, Dilma Rousseff e Sônia Guajajara.

Esse conjunto de relatos escancara a correlação dos efeitos da violência política de gênero com a fragilidade da democracia brasileira, uma vez que o processo a qual essas mulheres foram e são submetidas em seu fazer político é o responsável por desanimar e desestimular tantas outras.

A política só será representativa quando houver a garantia das mulheres ocuparem espaços de poder sem medo. Por isso, a gravidade dos relatos aqui contidos, que tatuam a retina da memória não só de quem os viveu, mas de uma parcela de mulheres que poderia pensar em exercer livre sua vontade de contribuir com a mudança de rumos em nosso país.

Da Redação

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