Quinta, 04 Fevereiro 2021 10:44

Editorial Jornal SBC – Janeiro/2021 – 2ª edição

Marcelo Queiroga, presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia Marcelo Queiroga, presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia

 

Por Marcelo Queiroga, presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia

 

Desde março de 2020, vivemos a mais séria emergência na saúde pública mundial, com significativo impacto socioeconômico no país.

 

O Brasil foi fortemente afetado com mais de 200 mil óbitos somente em 2020. A crise sanitária, sem precedente, requer permanente vigilância e ações da ações das autoridades sanitárias nos três níveis federativos. Entre essas medidas, a mais importante é a efetivação de uma ampla campanha de vacinação que promova cobertura na maior parte da população brasileira.

 

Os enfermos com doenças cardiovasculares, como sabemos, são subgrupo de maior risco, além da afetação do coração pelo novo coronavírus, assim a SBC tem se empenhado no tema. Já sabemos que houve aumento do óbitos por doenças do coração durante a pandemia, sobretudo óbitos domiciliares, como atestou pesquisa realizada em parceria com a Arpen-Brasil. Ou seja, o impacto da Covid-19 nos cardiopatas é muito significativo.

 

O cenário é pior nas regiões onde o acesso aos serviços de saúde já eram insatisfatórios antes da pandemia. Como temos visto em Manaus, uma das cidades mais atingidas em todo o mundo, que nos meses de abril e maio passados, já tinha enfrentado uma situação dramática, com hospitais lotados.

 

Na pesquisa da Arpen-Brasil/SBC, ao avaliarmos seis capitais, Manaus teve os piores resultados. A capital amazonense foi a cidade que mais viu seus óbitos crescerem por infarto, acidente vascular cerebral (AVC) e, principalmente, mortes por doenças cardiovasculares indeterminadas em domicílio em 2020. Tudo isso devido, provavelmente, a falta de um diagnóstico preciso, causado pelo medo das pessoas de ir ao hospital e contrair o novo coronavírus e ao colapso no sistema de saúde local, que foi tão grave que gerou uma subida nesses índices mesmo com a população reclusa.

 

E em janeiro, a situação da saúde no Amazonas se deteriorou ainda mais, atingindo pacientes internados com Covid-19 e, também, com outras doenças, como as cardiovasculares.

 

Sensibilizada com o agravamento da emergência sanitária que tem assolado o maior estado da federação, a SBC lançou a ação solidária SOS Coração Amazonas, com objetivo de apoiar na assistência médica à população amazonense.

 

Estamos convocando os cardiologistas e os residentes em cardiologia em serviços de saúde credenciados pela SBC a somarem esforços e se voluntariarem para atender a quem precisa e não pode recorrer ao atendimento presencial, observando o isolamento social recomendado pelas autoridades sanitárias, e se cadastrarem na plataforma de telemedicina da entidade, em parceria com a Conexa Saúde, para auxiliar no atendimento prioritário aos pacientes do Amazonas com doenças cardiovasculares, que tiveram ou não Covid-19, durante o período de crise sanitária atual.

 

A ação solidária pela vida da população amazonense visa orientar os cardiopatas e facilitar o acesso aos cardiologistas, possibilitando encurtar a distância entre o médico e o paciente, democratizar o acesso à saúde e auxiliar os portadores de comorbidades associadas às doenças cardiovasculares, a buscar orientação e atendimentos adequados.

 

O recrudescimento da pandemia da Covid-19 em Manaus pode ser acompanhado de preocupante aumento de óbitos por causas cardiovasculares. Por isso, nós, médicos, cardiologistas, temos de contribuir para ajudar aquele estado na assistência à saúde para vencermos o desafio de reduzir a mortalidade por complicações cardiovasculares.

 

Cardiologistas, façam o cadastro no link! Vamos formar uma corrente de solidariedade na atenção voluntária para atender remotamente os pacientes cardiopatas do Amazonas.

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