Sexta, 01 Mai 2020 12:16

1º de Maio: sobre esperança e orgulho em meio ao caos

Adriana Nalesso,  Presidenta dos Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro Adriana Nalesso, Presidenta dos Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro

Este 1º de maio é, certamente, o mais diferente que já vivemos. Todos nós, trabalhadoras e trabalhadoras, estamos mergulhados num cenário de incerteza e medo. Como em nenhum momento da história temos que lidar, diariamente, com o temor pela nossa vida e das pessoas que amamos, pelos nossos empregos e direitos, pela nossa liberdade.
A pandemia impôs uma forma de vida que foge ao nosso controle, afeta a rotina, dita novos hábitos que não escolhemos e não gostaríamos de adotar. Cidadãos e cidadãs de todo o mundo vivem desafios diários para manter a saúde física e mental. No Brasil, lidamos ainda com a insegurança de termos um governo que minimiza mortes e estimula a população e os empresários a desrespeitarem medidas de proteção vitais. Não tem sido fácil.

Para algumas categorias profissionais, o coronavírus além de ameaça é um desafio. São trabalhadoras e trabalhadores de serviços essenciais que não têm outra opção a não ser seguir trabalhando, cumprindo papeis fundamentais para que toda a população possa enfrentar essa crise. Nós, bancárias e bancários, fazemos parte desse grupo. Sim, cada um de nós sabe que não é possível suspender nossas atividades e esperar a pandemia passar. A população precisa ter acesso ao dinheiro, realizar pagamentos, comprar alimentos e, para milhões de brasileiros, a esperança de sobreviver vem dos benefícios que são pagos especialmente pelos bancos públicos. Nosso trabalho é essencial e isso precisa ser ressaltado no Dia do Trabalhador.

Desde que os casos de Covid-19 chegaram ao Brasil, temos enfrentado uma luta sem trégua para garantir a saúde dos bancários e bancárias. Nós, do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro, temos também enfrentado nossos temores pessoais para seguir, mantendo o sindicato aberto, visitando agências para verificar denúncias, participando de reuniões intermináveis de negociação que à distância se tornam ainda mais desgastante, nos dedicando a canais virtuais de contato com a categoria. Nossa lista de preocupações parece interminável: o tamanho das filas, a cobrança de materiais de proteção, o banco de horas, as férias compulsórias em alguns bancos, a cobrança de metas em outros, a ameaça da suspensão de contratos de trabalho, a luta pelo agendamento. Há também a tristeza profunda pelas vidas perdidas, três bancários no Rio de Janeiro, aos quais prestamos hoje nossa homenagem.

Mas chegamos ao 1º de maio de 2020 também com motivos para nos orgulhar do caminho que percorremos até aqui. Conseguimos o compromisso de manutenção de empregos dos três maiores bancos do país, negociações possibilitaram que mais de 200 mil bancários estejam hoje trabalhando em sistema de home office no país, a implantação de rodízios nas agências, a proteção para os mais vulneráveis, a adoção de medidas de proteção.

Hoje, publicamos fotos de bancários e bancárias que nos mostram, com imagens e palavras, a força que cada um deles tem. Ao olhar nossa categoria, sinto um orgulho imenso. Como sinto dos companheiros e companheiras do sindicato que continuam firmes, seguindo apesar de todas as dificuldades. Para essas mulheres e homens de fibra, quero mandar, ainda que à distância, um abraço e os parabéns por esse 1º de maio. Quero dizer que tenho sim, muito orgulho de ser bancária, como tenho orgulho de ser sindicalista e, num momento tão difícil como esse, poder apostar na solidariedade, no respeito e no apoio mútuo para seguir com esperança. Muito obrigada por caminharmos juntos/as. Parabéns pelo dia de hoje e pela história construída.


Adriana Nalesso,

Presidenta dos Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro

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