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Diagramação: Marco Scalzo
Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
Publicado: 05 Setembro, 2023 - 00h00
Quando falamos de Amazônia logo vem em mente a floresta e a sua biodiversidade, mas é importante ressaltar que a Amazônia é muito mais. A Amazônia é um território composto por 09 países (Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Guiana Francesa, Peru, Suriname e Venezuela). Chamada também de Pan-Amazônia, tem uma área estimada em 7,8 milhões de km², dos quais 64% se situam no Brasil. A população na Pan Amazônia aproxima-se a 38 milhões de habitantes[1].
A Amazônia tem sido central no debate sobre os “novos modelos de desenvolvimento” e nas propostas de resposta à emergência climática. Tendo em vista esse amplo cenário de visibilidade da região, é crucial debater sobre o modelo de desenvolvimento e investimentos que estão sendo propostos. Reivindicamos a construção de alternativas de desenvolvimento para a Amazônia com efetiva participação social, o envolvimento dos movimentos sociais, dos povos e comunidades tradicionais.
Dentre os maiores desafios para a região está a Regularização Fundiária. São muitos os povos e comunidades tradicionais e pequenos agricultores que mantêm a Amazônia viva e preservada e que seguem na reivindicação pelo reconhecimento territorial. Essa reivindicação é fundamental para a preservação das comunidades indígenas, tradicionais e da biodiversidade ali existente.
A disputa neocolonial agora é também por território e energia baratos para além da mão de obra. Nesse aspecto, é que a CUT tem o desafio de encarar os baixos índices de segurança do trabalho, de direitos, e sindicalização. Os trabalhadores e as trabalhadoras têm enfrentado ainda outros desafios impostos pelos investimentos de projetos de financeirização da natureza, que redefine constantemente as formas de apropriação da natureza e relações de trabalho inerentes ao território.
Grande parte dos trabalhadores impactados pelos projetos de “desenvolvimento” na região não são assalariados e não possuem cobertura de acordos coletivos. Ações de descarbonização, em pauta no momento, partem dessa realidade do mercado de trabalho regional, visando a geração de renda e trabalho, mas também com menos emprego formal.
Os novos investimentos precisam surgir para apoiar na promoção de maior independência e autonomia e isso apenas ocorrerá com a coordenação dessas ações por parte do Estado e garantia de participação social dos movimentos e dos povos Amazônidas.
Há interesse nacional na proteção da maior floresta tropical remanescente no planeta, mas é preciso enfatizar que isso só será alcançado definitivamente através de um novo modelo de desenvolvimento na região, capaz de fornecer vida digna a todos os seus habitantes.
A CUT tem centralizado esforços para coordenar ações políticas e de integração na Amazônia. Entre essas ações estão os projetos e estudos sobre Transição Justa, uma proposta sindical para abordar a crise climática e social, realizados em parceria com o Centro de Transição Justa, Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis Zé Eduardo Dutra (Ineep) e Instituto Clima e Sociedade (iCS).
Para além dos projetos, a CUT tem atuado na pauta Amazônica junto a CSA (La Confederación Sindical de Trabajadores y Trabajadoras de las Américas), e diversas outras centrais sindicais de outros países. Acreditamos que a efetiva participação social nesses novos planos de desenvolvimento para a região só será possível com a integração dos países Pan Amazônicos e com uma articulação das centrais sindicais para dar resposta às demandas de fortalecimento da agenda dos trabalhadores na região.
Integrar e fortalecer o sindicalismo Pan Amazônico é fundamental para este atual momento de intensa visibilidade (e cobiça) e de agendas internacionais. Entre essas agendas é importante ressaltar que os movimentos sociais, de povos e comunidades tradicionais e os sindicatos também têm se mobilizado, conjuntamente, para uma incidência efetiva e popular para a realização da COP 30 em 2025, em Belém do Pará.
Hoje, 5 de setembro, dia da Amazônia, é importante reforçar essas demandas fortalecendo o movimento sindical, social e de povos. Vida longa à Amazônia e aos Povos da Floresta, do Campo e das Cidades!
[1] Fonte: https://amazonia2030.org.br/fatos-da-amazonia-2021/#:~:text=A%20popula%C3%A7%C3%A3o%20est%C3%A1%20estimada%20em,representa%2013%25%20da