Sexta, 02 Dezembro 2022 10:28

Governo Bolsonaro chega ao fim com desaceleração de 0,7% na economia

Resultado ruim do PIB no terceiro trimestre revela fracasso da política econômica ultraliberal de Paulo Guedes

Carlos Vasconcellos

Imprensa SeebRio

Os economistas bem que alertaram: as medidas artificiais implementadas no final do governo Bolsonaro para tentar segurar a alta da inflação e buscar a retomada econômica no pós-pandemia não teriam o efeito tão alardeado pelo ministro da Economia Paulo Guedes.

O atual governo zerou impostos federais e reduziu o ICMS dos estados para tentar controlar o preço dos combustíveis e do gás de cozinha, adiantou o auxílio emergencial e deu a cada taxista e caminhoneiro uma ajuda de R$6 mil até dezembro deste ano. Se as medidas tiveram alguma influência na eleição, tornando o segundo turno ainda mais acirrado, mas sem conseguir a reeleição do atual presidente, para a economia, as consequências foram as piores possíveis. 

O pibinho de Bolsonaro

A atual gestão encerra seu ciclo de quatro anos com uma desaceleração do PIB (Produto Interno Bruto) no terceiro trimestre de 0,7%. O tímido crescimento de 0,4% confirma o fracasso da política econômica ultraliberal de Guedes e Bolsonaro. E o pior: além de deixar um rombo de R$400 bilhões e a previsão orçamentária sem recursos básicos, as universidades e escolas do ensino fundamental, o funcionamento do SUS (Sistema Único de Saúde) e programas de renda mínima, o mercado avalia que 2023 deverá ter o primeiro semestre ainda pior, não apenas por causa do desastre econômico do governo, mas pela expectativa de agravamento da crise global, causada pela guerra da Ucrânia e as sanções dos EUA e da Europa Ocidental contra a Rússia e também pelo avanço das variantes da covid-19 no mundo. 

Os desafios de Lula

O decepcionante desempenho na economia e o descontrole das contas públicas mostram que a equipe econômica do governo eleito de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), cujos nomes ainda não foram divulgados, terá muito trabalho pela frente para garantir a retomada do desenvolvimento econômico e o cumprimento das promessas de campanha, como aumento real do salário mínimo, o bolsa família de R$600 (no orçamento para o próximo ano, o atual governo deixou dinheiro para um valor médio de R$407), controle da inflação sem elevar os juros, gerar empregos e renda. E tudo com a difícil missão de negociar com um Congresso Nacional ainda mais conservador. 

"A expressão que o movimento sindical utiliza de que Lula foi eleito para "reconstruir o Brasil" não é meramente um mote de campanha. É um desafio sem precedentes. A situação é grave e muito pior do que quando Lula assumiu o seu primeiro governo, em 2002, sucedendo duas gestões de FHC", opina a vice-presidenta do Sindicato dos Bancários do Rio Kátia Branco. 

 

Mídia