Quinta, 25 Fevereiro 2021 14:46
AUTONOMIA DO BC

Bolsonaro sanciona lei com vetos que privilegiam ainda mais o cartel dos bancos

Bolsonaro e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, executivo do mercado financeiro que trabalhou 18 anos no Santander. Autonomia do BC aumenta controle do cartel dos bancos privados na política monetária, independentemente de quem será eleito presidente em 2022 Bolsonaro e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, executivo do mercado financeiro que trabalhou 18 anos no Santander. Autonomia do BC aumenta controle do cartel dos bancos privados na política monetária, independentemente de quem será eleito presidente em 2022 Foto: Marcos Corrês/PR

Carlos Vasconcellos

Imprensa SeebRio

 

O presidente Jair Bolsonaro sancionou na última quarta-feira, 24 de fevereiro, a Lei que garante a chamada “autonomia do Banco Central”, durante cerimônia no Palácio do Planalto. A proposta prevê a adoção de mandatos de quatro anos para o presidente e diretores da autarquia federal. Como os mandatos ocorrerão em ciclos não coincidentes com a gestão do presidente da República, a política monetária, inclusive a definição das taxas de juros, ficará definitivamente nas mãos do cartel privado de bancos, independentemente de quem seja eleito presidente da República em 2022.  A proposta, um antigo sonho dos banqueiros e especuladores, impede que o futuro presidente do país demita a direção do BC e tenha qualquer ingerência sobre a política monetária.

Quem controla o BC?

Como há décadas o BC tem sido dirigido por representantes das instituições financeiras privadas, o cartel dos bancos ganha ainda mais força para controlar a política econômica do país. Não por acaso, o atual presidente da instituição é Roberto Campos Neto, executivo do mercado financeiro, tendo trabalhado por 18 anos no Banco Santander.

A serviço dos banqueiros

Bolsonaro sancionou a Lei com dois vetos que blindam e privilegiam aind’a mais os banqueiros e especuladores na direção do BC: o dispositivo que proibia dirigentes da instituição de exercerem outros cargos (exceto professor) e também o que impedia dirigentes de manter participação acionária em instituições do sistema financeiro, inclusive cônjuges e parentes de segundo grau.

“É evidente que os banqueiros e executivos do sistema financeiro, que há décadas controlam o BC, são representantes do cartel dos bancos e não só exercem cargos no mercado financeiro como são acionistas destas instituições. Bolsonaro não apenas dá carta branca aos bancos com a chamada autonomia, mas vetou dispositivos importantes que tinham por objetivo limitar essa relação promíscua dos bancos privados com a instituição que define a política monetária do país”, critica o vice-presidente do Sindicato Paulo Matileti.

O sindicalista lembra ainda que esta decisão está na contramão do que ocorre hoje nos país capitalistas mais desenvolvidos.

“Países que adotaram esta medida perceberam que é inviável a autonomia do Banco Central, pois a política monetária precisa estar em sintonia com a política econômica do governo. Temendo uma derrota eleitoral em 2022, os banqueiros trataram de dar um jeitinho para continuar controlando os juros, os maiores do mundo, e manter esta política econômica especulativa em que somente os bancos ganham rios de dinheiro e que impede o desenvolvimento nacional e a valorização da produção e do trabalho. Os bancos querem continuar mandando no Brasil sem nenhuma legitimidade e nenhum voto do povo brasileiro. Está claro que o Governo Bolsonaro está a serviço dos banqueiros,”, completa.

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