Quinta, 06 Agosto 2020 19:04

Bancários reivindicam da Fenaban manutenção dos empregos

Olyntho Contente

SeebRio

O Comando Nacional dos Bancários reivindicou da Fenaban, na segunda rodada virtual de negociação da Campanha Nacional Unificada deste ano, nesta quinta-feira (6/8), a inclusão de uma cláusula de não demissão durante a pandemia do novo coronavírus, na Convenção Coletiva de Trabalho (CCT). O compromisso de não demitir havia sido firmado em acordo com os bancos, mas o Santander desrespeitou e impôs centenas de dispensas arbitrariamente. A Fenaban ficou de dar uma resposta em uma próxima rodada.

Esta é a segunda negociação. A primeira, sobre teletrabalho, ocorreu no último dia 4. A rodada seguinte está marcada para 11 de agosto. Será sobre Saúde e Condições de trabalho. A pressão da categoria é um elemento importante na mesa de negociação. O twitaço desta quinta-feira foi o oitavo assunto mais comentado da rede social. Outros, bem como outras atividades virtuais, virão, como formas de mobilização, sendo fundamental a participação das bancárias e bancários.

A Fenaban informou que fará reunião com os bancos na próxima semana e levará os temas do emprego e teletrabalho (discutido na rodada anterior) para o debate. Disse ainda que apresentará também uma pauta que está sendo elaborada. O Comando reivindicou, além da manutenção do compromisso de não demitir, a realocação e requalificação, criando assim oportunidades para os bancários. Reivindicou, ainda, a instituição de uma comissão bipartite para discussão sobre os impactos das tecnologias no setor.

“Responsabilidade social se faz com empregos e os bancos podem manter os postos de trabalho. É isso o que queremos, respeito e dignidade para bancárias e bancários”, afirmou a presidenta do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro, Adriana Nalesso. Lembrou que o emprego é uma das prioridades da campanha, como ficou comprovado em pesquisa feita na categoria pelo Dieese, Contraf-CUT e sindicatos filiados.

Santander demite

“Conseguimos arrancar o compromisso de não demissão dos três maiores bancos do setor. Entretanto, o Santander descumpriu o compromisso fazendo com que centenas de bancários perdessem o emprego”, frisou. Acrescentou que o banco espanhol mentiu ao alegar prazo de 60 dias para não demitir. “O compromisso foi durante a pandemia suspender as demissões. Portanto, não foi estipulado nenhum prazo, até por que não sabemos quanto tempo vai durar”, argumentou.

Sobre o fechamento de agências, a Fenaban usou como argumento as mudanças no mercado de trabalho, os avanços tecnológicos, o aumento do uso de mobile e outros meios digitais de atendimento. Sustentou que esta realidade teve impacto na manutenção das agências físicas.

O Comando frisou que a pandemia revelou a situação real da população:  muitos que recebem o benefício emergencial não tinham conta em banco e outros sequer celular com internet para baixar aplicativo. “Portanto, o aumento do uso do mobile certamente ocorreu, entretanto temos diferentes realidades e as agências físicas são importantes para bancarização e atendimento adequado a quem precisa”, afirmou Adriana. Avaliou ser importante destacar, que principalmente as agências de bairros estão sempre cheias o que deixa claro a necessidade não só da manutenção dos empregos como ampliação, afim de possibilitar atendimento digno à população.

Pesquisa

A pauta do emprego é uma das prioridades. Em pesquisa realizada na categoria, mais de 53% dos entrevistados responderam que têm medo de ser demitidos. Quem está no teletrabalho além da demissão tem medo de ser esquecido e não ter oportunidade de ascensão. Os dados apresentados pelo Dieese revelam uma realidade dura e difícil: no período de 1990 a 2001 os bancos extinguiram 46,3% dos postos de trabalho. É importante destacar que no período o governo era neoliberal como o que está hoje no poder.

De 2002 a 2011 houve um crescimento de 30,4%, que recuperou em parte a perda de vagas e a categoria chegou a 513 mil postos de trabalho. Agora com a volta ao poder de um governo neoliberal, novamente foram perdidos postos de trabalho. De 2012 a 2018 a categoria foi reduzida em 11,6%, fruto da reforma que permitiu a precarização das relações de trabalho. Os motivos para a queda no emprego bancário são flexibilização nas contratações, terceirizações e ampliação das tecnologias, além dos planos de demissões incentivadas instituídos por diversos bancos.

Agências fechadas mesmo com lucro

Um outro fator impactante é o fechamento de agências bancárias. De acordo com o Banco Central, foram fechadas 1.028 agências nos últimos doze meses, dessas, 193 durante a pandemia. O Bradesco anunciou recentemente em jornal de grande circulação o fechamento de mais 400.

Para Adriana, é um absurdo o que fazem os bancos nesse momento, com impacto negativo para bancários, clientes e toda a economia. “Muitos municípios ficaram sem agência. Tal atitude afeta os empregos no setor e também os de outros trabalhadores como vigilantes, limpeza, mas também a população que precisa de atendimento digno”, lembrou.

De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD), o Brasil tem hoje 83,3 milhões de ocupados e no último trimestre teve uma queda de quase 9 milhões de empregos, sendo que 77,8 milhões estão fora do mercado de trabalho. Cerca de 15,6% da população em idade ativa devido às dificuldades de realocação desistiram de procurar emprego. Quando voltarem a procurar a tendência é que os números disparem.

“Essa é a triste realidade do Brasil, que já vinha com dificuldades econômicas e foram ainda mais intensificadas a partir da pandemia e das políticas econômicas desastrosas do governo”, afirmou Adriana. Observou que os bancos não têm nenhuma justificativa para demitir, pois continuam com margens de lucros altíssimas. Além disso, foram privilegiados pelo governo com recursos de mais de um trilhão de reais sem nenhuma contrapartida como, por exemplo, o compromisso de manter os postos de trabalho.

Calendário de negociação

11/8 - 14h/16h: Saúde e Condições de trabalho

13/8 - 11h: Igualdade

14/8 - 11h: Cláusulas Sociais

18/8 - 11h/13h: Cláusulas Econômicas

20/8

21/8 - 11h

25/8 - 14h

26/8 - 14h

27/8 - 14h

28/8 - 11h

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