Terça, 30 Junho 2020 23:08
MAIS DO QUE NA HORA

Entregadores de aplicativos entram em greve nesta quarta-feira (1º de julho)

Entregadores de aplicativos no Brasil vão parar nesta quarta-feira. Eles trabalham até 12 horas por dia, recebem menos de um salário mínimo por mês e são superexplorados Entregadores de aplicativos no Brasil vão parar nesta quarta-feira. Eles trabalham até 12 horas por dia, recebem menos de um salário mínimo por mês e são superexplorados

Carlos Vasconcellos

Imprensa SeebRio

 

Muita gente, especialmente da classe média, que adora pedir aquela pizza quentinha através dos aplicativos tipo “i-foods” poderá ficar sem esta opção nesta quarta-feira, dia 1º de julho. É que os trabalhadores dos aplicativos estão convocando uma paralisação nacional e pedindo apoio popular ao movimento, a partir das 9 horas envolvendo todos os APP’s de entrega.

Com o lema “Bora brecar tudo”, estes trabalhadores informais promovem o boicote às empresas de aplicativos com toda a razão e merecem de fato o apoio da população em função da total falta de condições mínimas de trabalho e nenhum direito trabalhista, além de uma jornada elevadíssima.

Apoie o movimento

A melhor forma de apoiar é não fazer pedidos via aplicativos no dia da greve, comprando diretamente em lanchonetes e restaurantes e também curtindo e compartilhando as hashtags do movimento nas redes socais: #ApoioBrequeDosAPPs e #1DiaSem APP.  

Entre as reivindicações estão melhores condições de trabalho, uma valor mínimo de R$2 por quilômetro percorrido e um auxílio oficina e borracharia. Atualmente eles recebem entre R$0,70 e  R$1 por corrida.

“Nem todo dia temos dinheiro pra sair de casa. Há ocasião em que deixamos de comer para abastecer”, declara um entregador da zona Sul de São Paulo, que há 3 anos atua com aplicativos. 

 Superexploração

O nível de exploração do trabalho neste ramo da informalidade é avassalador. Segundo pesquisa, 94,6% são homens, a maioria com idade de 25 a 44 anos (78,2%).

Mais de 57% afirmaram trabalhar acima de nove horas diárias, a maioria até 12 horas, percentual que ampliou para 62% durante a pandemia. A jornada de 78,1% dos entregadores é de seis a sete dias por semana e até 12 horas por dia para ganhar de R$420 a R$930.

Para os trabalhadores, o aumento da jornada está relacionado ao aumento de demanda em função da pandemia.  

Em alguns países da Europa, como a França, o governo enquadrou as empresas, obrigando-as a recolher à previdência pública do país, a pagar uma tabela mínima pelas corridas e entregas e a conceder direitos de proteção social mínima para estes trabalhadores, após uma greve vitoriosa em Paris.  

O Brasil tem 13,7 milhões de pessoas trabalhando como motoristas e entregadores de aplicativos e com o aumento das demissões que devem dar um salto sem precedentes este ano em função da pandemia, os números não param de crescer.

Mais da metade da população economicamente ativa está na informalidade. A crise econômica fechou 1,4 milhão de vagas formais desde a chegada da Covid-19 no país, calamidade sanitária que foi desprezada pelo presidente Bolsonaro desde o início da pandemia no Brasil.

A expectativa dos organizadores do movimento é de que 7,5 milhões de trabalhadores venham a aderir à greve.

Mídia