Segunda, 23 Março 2020 14:32

Juros de mais de 300% ao ano só no Brasil

Bancos no mundo inteiro chegam a zerar os juros para tentar salvar a economia e no Brasil banqueiros silenciam com maiores juros do planeta
GANÂNCIA SEM LIMITES - Juros no cartão de crédito. Nem com a depressão econômica causada pela pandemia do coronavírus faz os banqueiros reduzirem os juros nos cartões, enquanto o mundo chega a praticar taxas negativas GANÂNCIA SEM LIMITES - Juros no cartão de crédito. Nem com a depressão econômica causada pela pandemia do coronavírus faz os banqueiros reduzirem os juros nos cartões, enquanto o mundo chega a praticar taxas negativas

Não é de hoje que os juros cobrados pelos bancos no cartão de crédito são os maiores do mundo. Enquanto na Espanha, as instituições financeiras cobram 8% ao ano, na Alemanha 2% e no Japão juros zero e muitos países já praticam juros negativos para tentar fazer a economia girar e salvar seus países ante a depressão global que se avizinha em função do coronavírus. No Brasil, o baronato do sistema financeiro e o ministro da Economia Paulo Guedes estão num silêncio mórbido sobre o assunto. Os bancos brasileiros praticam 300% e até 400% ao ano de juros no cartão que levou 83 milhões de brasileiros a serem negativados no SPC, empurrando o Brasil para uma recessão profunda antes mesmo da atual crise do Covid-19.

Os economistas, mesmo os mais liberais, admitem que não há saída para a recessão sem recuperar o consumo das famílias. Só o governo e os banqueiros ainda não se renderam a essa realidade.

Ganhando com a crise

Além de se negar a cair na real e não praticar os juros internacionais, os banqueiros no Brasil estão se aproveitando da crise para ganhar ainda mais dinheiro, especialmente em cima dos mais pobres. Na campanha anunciada no último dia 18, o Santander “diz estar ciente de que é chegado o momento de cuidar um do outro” e que, “pensando em seus clientes, aumentará seus créditos” para “minimizar os impactos da pandemia” e “possibilitar uma reserva para os correntistas e não correntistas”. Sérgio Rial, presidente do grupo espanhol no Brasil, afirmou, em nota, que “a medida permite jogar para frente o pagamento de algumas despesas, o que pode fazer a diferença para quem já teve o orçamento afetado pelas mudanças na conjuntura econômica.”

Mas logo após a veiculação em canais de TV e redes sociais, a campanha começou a ter uma repercussão negativa com enxurrada de críticas nas redes sociais. Claro. A estratégia do banco, desumana, visa faturar mais e não ajudar seus clientes no momento de pandemia. Ficou claro que o banco se aproveita de um momento frágil para obter ainda mais lucros por parte dos clientes menos favorecidos, mesmo que isso leva a um endividamento ainda maior da população.

Especialistas criticam também que a taxa de juros aplicada ao crédito rotativo do Santander, que não é muito diferente nas demais instituições privadas, está entre as mais caras do mercado, mesmo mediante as reduções realizadas recentemente pelo Banco Central. No Santander, a cobrança é de 107,76% ao ano. Se o cliente, ante a crise, deixar de pagar um mês pode não mais conseguir quitar seus débitos frente à desonesta cobrança de juros sobre juros, moras e multas.

Nem mesmo uma crise humanitária desta envergadura faz com que os banqueiros suspendam sua gula por acumular mais dinheiro. E o povo brasileiro, concentrado em proteger sua vida e de sua família, ainda não pôde perceber a ganância desenfreada dos bancos e nem treve condições de fazer a pergunta necessária que ficou esquecida pela sociedade: “e os juros, banqueiro?”

 

Mídia