Quarta, 15 Janeiro 2020 17:07

Mau funcionamento da Cedae prepara a privatização

Crise na Estação do Guando poderia ter sido evitada Crise na Estação do Guando poderia ter sido evitada

 

É sempre assim. Quando um governo quer entregar uma estatal para empresas nacionais ou estrangeiras, antes, começa a demitir, a terceirizar e piorar a manutenção dos equipamentos. Assim, com a queda na qualidade do serviço, justifica a privatização que é um crime contra a população. É o que vem acontecendo com a Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae).

A empresa vem passando por um profundo processo de sucateamento que culminou com a impossibilidade da Estação do Guandu continuar a tratar, como deveria, a água do Rio Guandu e de outros próximos a ser consumida pela população. Este processo de desmonte teve início em março do ano passado, quando o presidente da estatal, Hélio Cabral, a mando do governador Wilson Witzel, demitiu sumaria a ilegalmente, 54 técnicos, todos com papel importante no funcionamento da empresa.

Ou seja, decisões estratégicas para o funcionamento da Cedae estão comprometidas porque técnicos altamente capacitados para tomar medidas rápidas a fim de sanar e até mesmo evitar problemas foram demitidos sumariamente, sem qualquer explicação. A crise hídrica que afeta toda a população fluminense poderia ter sido evitada caso o corpo técnico estivesse funcionando plenamente e se a manutenção estivesse sendo feita como mandam os protocolos do setor.

Segundo o engenheiro e presidente da Federação Interestadual de Sindicatos de Engenheiros (Fisenge), Clovis Nascimento, são engenheiros de carreira, muitos já tendo sido diretores e há décadas contribuem com a memória técnica da empresa. “Estas dispensas quebram a espinha dorsal da Cedae, pois atingem os pilares estruturais da estatal e, certamente, há uma motivação de dar celeridade à privatização”, alerta Clovis, que também é vice-presidente do Senge-RJ e funcionário de carreira da Cedae.

Por que demorou tanto a solução?

Os moradores do Rio ficaram sabendo pelo presidente da empresa, Hélio Cabral, somente 13 dias após o início da crise da água que ela pode ser resolvida rapidamente sendo necessário, apenas, fazer a manutenção e a colocação de carvão ativado. O produto, que custa R$ 1 milhão, já foi comprado. O equipamento, segundo Cabral, custou menos de R$ 1 milhão. A manutenção fica entre R$ 1 milhão e R$ 2 milhões, caso seja usado 24 horas por dia durante todos os dias da semana.

A pergunta que fica é: se a solução é tão fácil, por que não foi tomada? Será que nada foi feito porque os que sabiam o que fazer num caso destes foram demitidos, ou por que era preciso colocar a população contra a Cedae para justificar sua privatização? Ou as duas coisas estão relacionadas? A privatização está nos planos do governador Wilson Witzel que, para esvaziar a empresa colocou na presidência simplesmente Hélio Cabral, que responde a processo pelo rompimento da barragem em Mariana, em 2015, quando era conselheiro da Samarco.

 

 

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