Carlos Vasconcellos

Imprensa SeebRio

Sindicatos, entidades dos movimentos sociais, estudantes e trabalhadores se reúnem ao meio-dia, nesta quarta-feira (10), no Largo da Carioca, em defesa do mandato do deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ). O parlamentar, um dos mais aguerridos representantes da esquerda no Congresso Nacional, vem sendo alvo de perseguição política pela cúpula da Câmara, comandada por Hugo Motta (Republicanos-PB) a serviço de Arthur Lira (PP-AL), segundo seus apoiadores.

“Eu gostaria que o Motta tivesse dado 1% do tratamento que tiveram os deputados que sequestraram a mesa da Câmara por 48 horas que estavam aliados a um deputado que está fora do país. Naquele momento não faltou negociação. O que acontece agora é uma cassação golpista. Para quem não entra no jogo deles é porrada”, disse Glauber. 

Glauber é acusado de ter empurrado e expulsado do Congresso o militante do MBL Gabriel Costanero, em abril do ano passado, após ter sido insultado pelo jovem representante do grupo de direita.

Autoritarismo de Motta

Hugo Motta justificou a ação violenta dos seguranças da Casa, ocorrida na terça-feira (9), alegando que Braga teria se sentado na cadeira da Presidência da Câmara. A cena resultou em empurrões e repressão não apenas ao deputado, mas também a apoiadores e jornalistas.

A postura do presidente da Câmara foi duramente criticada por entidades de imprensa, como Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas), Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo) e ANJ (Associação Nacional de Jornais). Profissionais de comunicação foram impedidos de filmar e fotografar a repressão policial.

Glauber havia sentado na cadeira da Presidência como forma de protesto contra a condução autoritária de Motta, que pautou — sem debate — o projeto que pretende reduzir as penas dos responsáveis pelos atos golpistas de janeiro de 2023. A proposta pode beneficiar inclusive Jair Bolsonaro (PL), reduzindo sua pena para pouco mais de dois anos.

Tratamento diferenciado

Braga lembrou ainda que, quando parlamentares golpistas tomaram a presidência da Câmara em agosto deste ano, nada foi feito por Motta. O Conselho de Ética segue até hoje sem emitir parecer sobre a possível suspensão de três deputados envolvidos no motim que paralisou os trabalhos da Casa por mais de 40 horas. Agora, porém, Motta coloca imediatamente em votação a cassação do mandato de Glauber Braga.