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Diagramação: Marco Scalzo
Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
Carlos Vasconcellos
Imprensa SeebRio
A Câmara dos Deputados retirou de pauta, nesta quarta-feira (8), a Medida Provisória (MP) 1.303/2025, que substituía o aumento original do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) por elevação de alíquotas de outros tributos. A decisão — apoiada pela esmagadora maioria dos parlamentares da oposição, do Centrão, da direita e da extrema-direita — provocará um rombo nas contas públicas e dificulta, na prática, o projeto do governo Lula de isentar do Imposto de Renda quem ganha até R$ 5 mil por mês e reduzir as alíquotas para salários de até R$ 7.350.
Sem a aprovação, a medida sobre o IOF perde validade automaticamente, inviabilizando sua análise pelo Senado. O placar foi de 251 votos a 193 pela retirada da proposta da pauta.
Impacto nas contas públicas
A equipe econômica estima que a decisão causará um impacto de R$ 42,3 bilhões nas contas públicas até 2026.
Apoiada em peso pelo Centrão e pela bancada ruralista, a manobra da oposição cria um impasse político e aumenta a incerteza econômica no país. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que a derrubada da MP não representa uma derrota de seu governo, mas “do Brasil e dos brasileiros”, por comprometer o orçamento federal do próximo ano.
Jogam contra o Brasil
A presidenta em exercício do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro Kátia Branco criticou a decisão da Câmara dos Deputados.
“A proposta do governo preserva 99% da população e cobra do 1% mais rico a sua justa parte de tributação. O Centrão, a direita e a extrema-direita votaram em retaliação à aprovação da ampliação da isenção do IR, que eles só apoiaram por causa da pressão popular nas ruas — e porque a eleição é no ano que vem. Eles estão incomodados com os projetos do governo Lula que tornam a tributação mais justa, fazendo com que quem ganha mais pague mais, como ocorre nas nações capitalistas mais desenvolvidas”, afirmou a presidenta em exercício do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro, Kátia Branco.
Kátia criticou duramente a postura dos parlamentares ligados ao agronegócio e ao sistema financeiro:
“Esses deputados representam apenas os interesses dos bancos, do agronegócio e das elites — justamente quem mais acumula riqueza no Brasil e paga proporcionalmente menos impostos que os trabalhadores. É uma vergonha a postura da bancada ruralista, que receberá quase toda a fatia dos R$ 516,2 bilhões do Plano Safra 2025/2026 com dinheiro público. Os bancos lucram com juros metade de tudo o que o país produz e trabalha. Essa gente só quer ganhar dinheiro e joga contra o Brasil”, disse.
A dirigente sindical destacou ainda que a oposição tenta frear a retomada do crescimento econômico porque se incomoda com o aumento da popularidade do governo Lula.
“Mais uma vez, fica a lição de que nós, povo brasileiro, precisamos votar com consciência em candidatos realmente compromissados com a classe trabalhadora e com o desenvolvimento econômico e social do país.”
Esquerda defende taxação justa
Os partidos de esquerda — PT, PDT, PCdo, PSOL e PSB — votaram a favor da taxação sobre bancos e fintechs.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, cobrou da oposição a apresentação de uma proposta alternativa para impedir o rombo nas contas públicas.
Os sindicatos também criticaram a narrativa dos parlamentares conservadores e da grande mídia de que é preciso cortar “gastos” públicos, quando na verdade o alvo da direita e do Centrão é o de retirar investimentos fundamentais que ajudam a reduzir as desigualdades sociais.
“O Centrão, a direita e a extrema-direita querem cortar recursos da saúde, da educação e da habitação popular, além de impor uma nova reforma da Previdência, aumentando a idade mínima para aposentadoria e reduzindo os já baixíssimos proventos dos aposentados e pensionistas. Nós, trabalhadores, não aceitamos isso. Rico tem, sim, que pagar mais impostos”, concluiu Kátia Branco.