Carlos Vasconcellos

Imprensa Seeb-Rio

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou na segunda-feira (8/9) a Lei 15.199/25, que oficializa a campanha Setembro Amarelo e institui o Dia Nacional de Prevenção do Suicídio (10 de setembro) e o Dia Nacional de Prevenção da Automutilação (17 de setembro). A nova legislação determina que a campanha seja realizada anualmente, com ações de conscientização e promoção da saúde mental.

“A categoria bancária é uma das mais afetadas por doenças psíquicas relacionadas ao trabalho, em função da pressão e do assédio moral para o atingimento de metas. Garantir um ambiente físico e mentalmente saudável é fundamental para prevenir o suicídio e valorizar a vida”, destaca Edelson Figueiredo, diretor executivo de Saúde do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro.

Quebrar o tabu

Apesar da gravidade do problema, o tema suicídio ainda é um tabu nos locais de trabalho, incluindo os bancos.

“É preciso falar sobre isso em toda a sociedade. No setor financeiro, especialmente, porque os dados mostram que a categoria bancária é a mais atingida entre todos os trabalhadores por questões de saúde mental”, alerta Mauro Salles, secretário de Saúde da Contraf-CUT.

Números alarmantes

Um levantamento do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) aponta que, entre 2023 e 2024, 57,1% das licenças médicas concedidas a bancários foram motivadas por transtornos mentais e comportamentais. Na população em geral, esse índice foi de apenas 5,99%.

“Os números mostram que há algo muito errado na gestão de pessoas nos bancos. O índice assustador de adoecimento mental confirma nossas denúncias: metas abusivas, pressão, assédio moral e o medo constante de demissão ou descomissionamento são as causas dessa tragédia humana”, completa Edelson.

Entre os sintomas de alerta das doenças da mente, estão: mudança brusca de humor e comportamento, isolamento de colegas e familiares, queda de rendimento, dificuldades de concentração, cansaço extremo, insônia e dores sem causa física aparente.

O que fazer

Trabalhadores vítimas de assédio moral, pressão psicológica ou ameaças devem denunciar imediatamente ao Sindicato pelos telefones: (21) 2103-4110 (Saúde); (21) 2103-4121 / 4124 (Bancos Privados) ou (21) 2103-4122 / 4123 (Bancos Públicos)

O silêncio fortalece o assediador. É essencial conversar com colegas de confiança, familiares e procurar apoio junto ao Sindicato.

Principais causas do adoecimento psíquico entre bancários

• Metas abusivas e inalcançáveis;
• Assédio moral e sexual, inclusive organizacional;
• Controle algorítmico e vigilância excessiva (monitoramento digital, ranking de produtividade);
• Insegurança no emprego, reestruturações e demissões em massa;
• Sobrecarga de trabalho e jornadas prolongadas;
• Violência organizacional com práticas da empresa, como : culpabilização da vítima, isolamento e competitividade forçada.

Apoio profissional gratuito

CVV – 188 (Centro de Valorização da Vida) – atendimento 24h, sigiloso e gratuito.