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Diagramação: Marco Scalzo
Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
A 27ª Conferência Nacional dos Bancários, realizada no último final de semana em São Paulo, debateu as estratégias para a luta em defesa do emprego e dos direitos da categoria, e como as novas tecnologias, especialmente a Inteligência Artificial (IA), possam contribuir com melhor qualidade de vida e de trabalho para os trabalhadores, através da redução da jornada sem diminuição de salários, e não apenas para aumentar os lucros das empresas.
Os participantes debateram também a importância das eleições 2026 para a defesa da democracia e da soberania nacional, defendo a eleição de parlamentares comprometidos com o estado democrático de direito e as pautas da classe trabalhadora, especialmente após os ataques do presidente dos EUA, Donald Trump e da extrema-direita à economia brasileira, com o tarifaço de até 50% sobre os produtos nacionais exportados, ameaçando o desenvolvimento econômico e a soberania do Brasil.
Investimentos em IA
Dados apresentados nos debates mostram que os bancos brasileiros investem proporcionalmente quase o triplo em tecnologia do que a média mundial: enquanto, no mundo, os gastos do setor cresceram 35% entre 2018 e 2023, no Brasil o aumento foi de 97%. Ainda segundo a Febraban, em 2024, 75% das transações bancárias já eram realizadas pelo celular.
O presidente do Sindicato dos Bancários do Rio, José Ferreira, alertou que o avanço tecnológico e as novas formas de contratação vêm reduzindo postos de trabalho. “Isso ocorre tanto com a diminuição direta do emprego, quanto pela precarização dos contratos, como faz o Santander com uma terceirização que consideramos fraudulenta. Além disso, fintechs e outros agentes se apresentam à sociedade como bancos, mas, perante o Estado, atuam com outro enquadramento empresarial, escapando da devida tributação”, afirmou.
O que defendem os sindicatos
O movimento sindical defende ainda que o sistema financeiro seja regulado e cumpra seu papel social, atuando em favor da sociedade e do desenvolvimento do país - e não apenas da lucratividade dos bancos.
A economista do Dieese, Vivian Machado, apresentou dados que comprovam o aumento da rentabilidade dos bancos com o avanço tecnológico: nos últimos 12 meses, os cinco maiores bancos do país elevaram seus lucros em R$ 126,7 bilhões, alta média de 18%. Já a também técnica do Dieese, Rosângela Vieira, destacou a mudança no perfil das funções bancárias: Em 2013, apenas 2,7% das ocupações nos bancos privados eram em TI; em 2024, esse índice já chega a quase 13%, reduzindo a presença de bancários no setor”.
Democracia e soberania
Durante a Conferência, o historiador e professor de Literatura Comparada, João Cezar de Castro Rocha disse que o Senado terá papel estratégico nas eleições de 2026, disse que “O projeto da extrema direita é construir maioria absoluta no Senado, abrindo caminho para retrocessos” e a possibilidade de um ‘golpe’ institucionalizado. Para evitar isso, conclui o palestrante, “os trabalhadores precisam eleger senadores e deputados compromissados com a democracia, a soberania e a classe trabalhadora”.
A presidenta da Contraf-CUT Juvandia Moreira, avaliou os debates e decisões da Conferência. “As prioridades para a atuação do movimento sindical bancário neste próximo ano foram definidas depois de debates realizados em conferências estaduais e regionais, que trouxeram as propostas para serem aprovadas aqui na nossa 27ª Conferência. A partir desse processo de conferências, deliberamos fortalecer os atos de 7 de setembro, para defender a soberania nacional, defender o Banco do Brasil, bem como os empregos e os direitos, da saúde e condições de trabalho para as bancárias e dos bancários”, explicou.
As Resoluções Aprovadas
• Realizar ato nacional no dia 27 de agosto, em defesa do Banco do Brasil;
• Reeleger o presidente Lula e apoiar candidaturas ligadas à classe trabalhadora;
• Resolução sobre a regulação, com estatização do Sistema Financeiro Nacional;
• Defesa dos Bancos e Empresas Públicas e a Importância dos Serviços Públicos;
• Saúde e Condições de Trabalho;
• Defesa da Soberania, da Democracia e do PIX;
• Justiça Tributária Já! Que os super ricos paguem mais, para que o povo pague menos;
• Regulação das redes sociais: uma urgência democrática!;
• Redução da Jornada e Fim da Escala 6x1;
• Resolução contra o fechamento de agências bancárias e em defesa do emprego bancário;
• Regulação do Sistema Financeiro Nacional;
• Formação da Classe Trabalhadora;
• Comunicação Popular na Era das Redes Sociais;
• Novas Formas de Mobilização.
Moções:
• De repúdio às práticas de contratação fraudulenta adotadas pelo banco Santander;
• De apoio ao Supremo Tribunal Federal e em defesa da soberania nacional;
• Contrária à pauta de anistia geral e irrestrita aos participantes da tentativa de golpe de 8 de janeiro de 2023;
• Pelo fim do genocídio do povo palestino.