Segunda, 18 Agosto 2025 19:42
NEGOCIAÇÃO NA CAIXA

Empregados reafirmam que solução do Saúde Caixa está no reajuste zero e no fim do teto de 6,5%

 Sérgio Amorim (E) e Rogério Campanate durante as negociações permanentes da Caixa realizadas no Rio de Janeiro. Dirigentes sindicais cobraram um Saúde Caixa sem reajuste e o fim do teto de 6,5%, além de explicações sobre a reestruturação na empresa Sérgio Amorim (E) e Rogério Campanate durante as negociações permanentes da Caixa realizadas no Rio de Janeiro. Dirigentes sindicais cobraram um Saúde Caixa sem reajuste e o fim do teto de 6,5%, além de explicações sobre a reestruturação na empresa

A Comissão Executiva dos Empregados (CEE-Caixa) participou, na quinta (14) e sexta-feira (15) de mais duas rodadas de negociação com representantes da Caixa Econômica Federal. Na pauta, demandas relacionadas ao Saúde Caixa e condições de trabalho. Os encontros foram realizados no edifício Aqwa Corporate, na Região Portuária do Rio de Janeiro.

A posição do banco

Os representantes da Caixa abriram a primeira reunião apresentando dados atualizados sobre o plano de saúde dos empregados, destacando que “a empresa busca uma solução sustentável para o Saúde Caixa”.
A posse dos aprovados no último concurso do banco, especialmente da área de TI, deverá renovar parte do quadro de usuários com a entrada de empregados mais jovens, o que é visto como positivo para a sustentabilidade do plano.

Déficit crescente e evasão

Segundo a direção da empresa, o balanço financeiro do Saúde Caixa preocupa. A arrecadação no primeiro semestre de 2025 foi de R$ 1,7 bilhão, enquanto as despesas chegaram a R$ 2,1 bilhões, gerando um déficit que tende a se agravar até dezembro. Segundo a empresa, “90% dos custos do plano concentram-se nos últimos seis meses de vida dos participantes”.
O plano conta atualmente com cerca de 125 mil titulares. Em janeiro, foi registrado um pico de evasão, com 1.156 pedidos de desligamento. Por outro lado, houve aumento na adesão de novos empregados e retorno de ex-beneficiários em outubro, impulsionados pelas novas contratações.
Felipe Pacheco, coordenador da CEE-Caixa reforçou a importância de a empresa manter o princípio da solidariedade, “sem que o banco adote soluções que excluam colegas do plano”.
Tatiana Oliveira, da Fetec Centro-Norte, destacou o sacrifício financeiro dos trabalhadores e cobrou dados mais detalhados sobre o uso da telemedicina e seus impactos reais nas despesas do plano. “É preciso investir mais em prevenção, com exames periódicos, controle de doenças crônicas e programas de acompanhamento, para que o plano não continue sendo sobrecarregado apenas nos casos mais graves”.

Fim do teto e reajuste zero

Os dirigentes sindicais cobraram o fim do teto de 6,5% de custeio do plano, que transfere mais encargos para os empregados. Lucas Cunha, da Fetrafi-RS, lembrou que parte dos custos atuais decorre de ordens judiciais e propôs a realização de mais reuniões para monitorar a situação e adotar medidas preventivas. “A Caixa não apresenta soluções concretas. Já se passaram dois anos de negociações. É hora de a empresa aumentar sua contribuição. Os empregados não aguentam mais arcar sozinhos com os aumentos. Por isso, defendemos reajuste zero e o fim do teto”, explicou, criticando também o fato de o banco não priorizar o investimento em tecnologia no Saúde Caixa”, medida que ajudaria na redução de custos operacionais.
Rogério Campanate, da Federa-RJ, também criticou a parte operacional do plano e reforçou a necessidade de revisão do teto. “Mesmo com a aprovação no Conselho de Administração, a impressão que dá é de que a empresa não se articula como poderia para conseguir efetivar a alteração estatutária. Além disso, não foi demonstrado nenhum estudo de impacto para a inclusão dos admitidos pós-2018 no benefício pós-emprego”.

Dificuldades de acesso

Chay Cândida, da Fetrafi Nordeste, apontou as dificuldades de acesso à informação e criticou o aumento de mais de 100% nos custos para alguns usuários, que, mesmo assim, não conseguem atendimento adequado, defendendo a criação de um serviço de assistência social para buscar soluções que não dependam de ações judiciais.
Clotário Cardoso, da Fetrafi-MG, também reforçou a cobrança por propostas concretas. “A Caixa insiste em apresentar apenas números e não escuta os empregados. A ideia de proposta por faixa etária é inaceitável, quebra o princípio da solidariedade e não resolve o problema”, criticou.

Lucro bilionário e aporte

Tesifon Neto, da FEEB SP/MS, lembrou que a Caixa lucrou R$ 14 bilhões em 2024 e, somente no primeiro trimestre de 2025, R$ 4,9 bilhões – um crescimento de 71,5% em relação ao mesmo período do ano anterior. O lucro acumulado é superior ao dos seis primeiros meses de 2024, ganhos da empresa garantidos pelo trabalho dos empregados, confirmando que a empresa tem condições de elevar sua participação no custeio do Saúde Caixa e pode garantir um aporte do banco para cobrir o déficit de 2025.

Caixa garante que não haverá nova reestruturação

O processo de reestruturação, que vem sendo chamado pela direção da Caixa Econômica Federal de "reposicionamento" não resultará em perdas financeiras para os empregados e empregadas. A afirmação foi feita pelos representantes da Caixa durante a Mesa de Negociação Permanente realizada na sexta-feira (15/8), também no Aqwa Corporate, no Rio de Janeiro. A garantia foi dada a partir da advertência feita pela Comissão Executiva dos Empregados (CEE), de que a fusão de agências poderia gerar prejuízos para caixas e tesoureiros minuto e por prazo, realocados em caso de substituição pelos efetivos de unidades fechadas.
Para justificar a reestruturação, a Caixa argumentou que "precisa se adequar à realidade da elevação do uso dos canais digitais pelos clientes". Os membros da CEE criticaram o fato da empresa colocar em prática as mudanças sem qualquer negociação com a representação dos empregados.
Os dirigentes sindicais cobraram do banco outras demandas dos bancários, tais como: mais transparência e melhor comunicação em relação às mudanças promovidas pela empresa; o fim do processo de fechamento de agências físicas; critérios mais objetivos para o empregado que trabalha no sistema de home office e no VPN (Virtual Private Network) e que estes modelos não sejam utilizados pelas chefias como forma de "punição" ou "premiação". Foi iniciado também o debate sobre o "Super Caixa", programa próprio de pagamento de prêmios aos empregados de acordo com o desempenho, lançado em julho, além de demandas sobre segurança Confira mais detalhes destas duas mesas de negociação realizadas no Rio, em nosso site: www.bancariosrio.org.br.

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