Segunda, 28 Julho 2025 17:35

Escultura gigante de Marielle Franco foi inaugurada na Uerj

A escultura “Marielle Franco – Corte Seco”, do artista contemporâneo Paulo Nazareth, foi criada em 2021 para a 34ª Bienal de São Paulo, a obra faz parte da série Corte Seco, composta por peças em grandes dimensões que retratam figuras negras. Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil. A escultura “Marielle Franco – Corte Seco”, do artista contemporâneo Paulo Nazareth, foi criada em 2021 para a 34ª Bienal de São Paulo, a obra faz parte da série Corte Seco, composta por peças em grandes dimensões que retratam figuras negras. Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil.

Olyntho Contente*

Imprensa SeebRio

Nesta segunda-feira (28), a escultura 'Marielle Franco - Corte Seco', do artista Paulo Nazareth, será instalada na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). A inauguração aconteceu um dia após a data de aniversário da vereadora, assassinada em 2018 juntamente com o seu motorista, Anderson Gomes.

Marielle completaria 46 anos no domingo (27). Os pais, a filha e a irmã da homenageada, a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, estiveram presentes no evento.

Marielle, presente! – Luyara Franco, filha da vereadora e diretora-executiva do Instituto Marielle Franco, disse que a homenagem é importante para reafirmar a memória da sua mãe. Acrescentou que a escultura na Uerj simboliza que Marielle segue presente, multiplicando seu legado para que justiça, democracia e direitos sejam realidade para todos.

A escultura faz parte da série 'Corte Seco', de Paulo Nazareth, que retrata figuras negras em grandes dimensões. A obra foi criada em 2021 para a 34ª Bienal de São Paulo, é feita de madeira, metal e alumínio, com cerca de 11 metros de altura, e ficará com a universidade em regime de comodato por um ano inicialmente.

Entenda melhor – A vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes foram assassinados em 14 de março de 2018, na Região Central do Rio de Janeiro. Eles foram alvo de tiros disparados de um veículo em movimento contra o carro em que estavam.

Segundo a denúncia da PGR, o deputado Chiquinho Brazão (sem partido-RJ) agiu junto com seu irmão Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ), e Rivaldo Barbosa, para planejar a morte de Marielle.

Quem mandou matar Marielle? – O carro em que Marielle Franco e Anderson Gomes estavam com a assessora parlamentar Fernanda Chaves foi perseguido por um veículo conduzido pelos assassinos, na região central do Rio de Janeiro, e atingido por 13 tiros.

O caso arrastou-se por anos, mas desde que passou da Polícia Civil do Rio de Janeiro para a Polícia Federal, em 2023, as investigações chegaram aos acusados de planejar esse crime e encomendar a morte da mulher negra, bissexual e criada na favela da Maré, na zona norte do Rio de Janeiro.

O deputado federal Chiquinho Brazão (atualmente sem partido), o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ) Domingos Brazão e o ex-chefe de Polícia Civil do Rio Rivaldo Barbosa atualmente são réus no Supremo Tribunal Federal (STF). Dessa forma, além de já saberem quem matou Marielle e Anderson, as famílias e a sociedade se aproximam de terem uma resposta na Justiça para a pergunta “quem mandou matar Marielle?”.

Réus no STF – Em março de 2024, com autorização do STF, a PF prendeu o deputado federal Chiquinho Brazão (atualmente sem partido), o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ) Domingos Brazão e o ex-chefe de Polícia Civil do Rio Rivaldo Barbosa.

Chiquinho e Domingos são irmãos e apontados como mandantes do crime. Segundo as investigações, os dois consideravam que a atuação parlamentar de Marielle era um obstáculo a negócios ilegais de interesse deles em áreas controladas pela milícia. O delegado Rivaldo Barbosa teria atuado para impedir que a autoria do crime fosse descoberta.

Os três foram denunciados ao STF pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por homicídio e organização criminosa. Todos estão presos. O caso está no Supremo uma vez que Chiquinho Brazão, detentor do cargo de deputado federal, tem a prorrogativa de foro privilegiado. Além disso, o parlamentar enfrenta um processo de cassação na Câmara dos Deputados.

Rivaldo Barbosa assumiu a chefia de Polícia do Rio na véspera do crime. O decreto de nomeação foi assinado pelo então comandante da intervenção federal na segurança pública no estado, general Walter Braga Netto, que foi ministro e candidato a vice-presidente de Jair Bolsonaro, na chapa que perdeu para Lula, em 2022.

O nome de Barbosa tinha sido anunciado para ocupar o cargo em 22 de fevereiro, durante a intervenção federal no Rio. Também são réus da ação o major da Polícia Militar Ronald Paulo de Alves Pereira, acusado de ter monitorado os passos de Marielle, e Robson Calixto Fonseca, ex-assessor de Domingos Brazão. Calixto teria fornecido a arma usada no crime. Os investigados rejeitam as acusações.

Executores condenados – Em outubro de 2024, dois executores confessos do crime, os ex-policiais militares Roninie Lessa e Élcio de Queiroz foram condenados pela Justiça fluminense. Ronnie Lessa, autor dos disparos, foi condenado a 78 anos, 9 meses e 30 dias. Élcio, que dirigia o carro, a 59 anos, 8 meses e 10 dias.

Além dos executores, em maio do ano passado, a Justiça do Rio de Janeiro condenou o ex-policial militar Rodrigo Ferreira, conhecido como Ferreirinha, e a advogada Camila Nogueira por obstrução de Justiça no caso. Falsas informações repassadas por Ferreirinha atrasaram as investigações em quase oito meses, segundo a PF.

Os dois foram sentenciados a quatro anos e meio de prisão em regime fechado. Relatório da PF apontou que Ferreirinha mentiu ao acusar o miliciano Orlando Curicica de ter planejado o assassinato com o então vereador Marcello Siciliano. A advogada Camila Nogueira foi condenada por ter articulado para que Ferreirinha prestasse as imputações, mesmo sabendo que eram falsas.

Segundo a PF, Ferreirinha tinha trabalhado como segurança de Curicica e estava com medo de ser morto após ter rompido com a milícia do ex-chefe.

Mais presos – Outro suspeito preso é o ex-bombeiro Maxwell Simões Correia, conhecido como Suel. Seria dele a responsabilidade de entregar o veículo Cobalt usado por Lessa para desmanche. Segundo investigações, ele tem envolvimento com milícias.

Em setembro de 2024, a Justiça do Rio condenou Edilson Barbosa dos Santos. Ele é o dono do ferro-velho onde foi realizado o desmanche e o descarte do veículo usado no assassinato.

*Com informações do jornal O Dia e da Agência Brasil.

Mídia