Segunda, 02 Junho 2025 16:06
SEM PRECONCEITO

Bancários avançam no debate sobre diversidade e inclusão nos bancos

Fenaban apresentou dados do levantamento sobre o tema no sistema financeiro. Sindicatos cobram diálogo para criação do 4º Censo da Diversidade
José Ferreira, Adriana Nalesso e Almir Aguiar participaram  da negociação em busca da diversidade e inclusão nos bancos José Ferreira, Adriana Nalesso e Almir Aguiar participaram da negociação em busca da diversidade e inclusão nos bancos

A Fenaban (Federação Nacional dos Bancos) apresentou na sexta-feira, 30 de maio, os resultados de uma pesquisa com 35 bancos, que representam mais de 90% da categoria, sobre os avanços nas cláusulas que tratam de diversidade e inclusão no setor bancário. A entidade reafirmou na reunião com o Comando Nacional da categoria, em São Paulo, o compromisso com o 4º Censo da Diversidade e aceitou a proposta dos sindicatos de criação de um protocolo para enfrentamento à casos de racismo e LGBTfobia, especialmente de clientes contra funcionários.
“É preciso avançar na inclusão e oportunidades para pessoas LGBTQIA+, negros e negras, mulheres e PCDs. Esses temas são discutidos a 23 anos. Ao longo desses anos já conquistamos muitas cláusulas sociais que viraram referência para outras categorias, como por exemplo a extensão da licença maternidade e paternidade para casais homoafetivos. Mas é preciso avançar em protocolos que orientem as bancárias e bancários acerca dos procedimentos a serem adotados em caso de discriminação”, disse a presidenta da Federa-RJ Adriana Nalesso, que criticou a visível redução de bancárias e bancários com 50 anos ou mais. “Nos bancos privados há somente 8% nessa faixa etária”, explicou.

Dados sobre PCDs

O levantamento da Fenaban revelou ainda que 18.528 pessoas com deficiência atuam no setor bancário, o que corresponde a 4,28% da categoria. Em relação ao abono de ausência para reparo ou conserto de prótese, prevista na Convenção Coletiva, os bancos informaram que foram registradas 101 ocorrências: 52 delas entre setembro e dezembro de 2024 e 49 de janeiro a abril de 2025.
“A Cláusula 116 da nova CCT começou a ser aplicada assim que foi assinada. Só entre setembro e dezembro do ano passado, tivemos 52 trabalhadores utilizando esse beneficio, o que mostra a importância dessa conquista para os PCDs da categoria”, destacou a presidenta da Contraf-CUT, Juvandia Moreira, defendendo ainda avanços na inclusão para as pessoas LGBTQIA+, negros e negras, mulheres e PcDs, temas discutidos há 23 anos.
Em relação à Licença-maternidade e à licença-paternidade, os números revelam que 84% dos bancos já ampliaram a licença-maternidade de 120 para 180 dias e a licença-paternidade de 5 para 20 dias. Já 100% dos bancos garantem o mesmo tratamento aos casais homoafetivos.

Comunidade LGBTQIA+

Nas questões das demandas da comunidade LGBTQIA+, entre os bancos que responderam à pesquisa, 97% reconhecem uniões homoafetivas estáveis e aplicam os direitos da CCT aos cônjuges; 71% orientam que cônjuges do mesmo sexo tenham acesso ao plano de saúde do companheiro bancário.
O levantamento mostra ainda que 3257 pessoas já são dependentes nos planos de saúde dos seus cônjuges dentro dessas instituições. 
Sobre declarações de repúdio à discriminação LGBTQIA+, 71% anunciaram que já publicaram; 14% farão isso até o fim de 2025 e 3% farão a publicação até o primeiro semestre de 2026 Já 11% estão pendentes nesta questão. 
Na criação de canais de apoio à este grupo, 86% dos bancos disponibilizam canais para tratar de temas LGBTQIA+; 8% irão implementar ainda este ano e 3% até o 1º semestre de 2026. Já 3% seguem pendentes. Cerca de 94% desses canais são os mesmos utilizados para denúncias de assédio moral, sexual e outras formas de violência.
A pesquisa da Fenaban identificou 233 pessoas trans trabalhando no setor bancário. Os dados mostram que 77% dos bancos que responderam à pesquisa têm pessoas trans em seus quadros; 20% não forneceram a informação e 3% afirmaram não controlar esse dado. Os números mostram que 100% dos bancos garantem o direito ao uso do nome social. 

4º Censo da Diversidade

O Comando Nacional dos Bancários cobrou a criação de um grupo de trabalho para a construção do 4º Censo da Diversidade, compromisso assumido pelos bancos na última campanha. O próximo encontro para definição do questionário e do cronograma acontecerá na quinta-feira, 5 de junho, às 14h, com a participação de bancários, Fenaban, Ceert e o Dieese.

Avaliação positiva 

O Secretário de Combate ao Racismo da Contraf-CUT Almir Aguiar cobrou a contratação de mais negras e negros no setor. “O debate proposto, passando por mais contratações de negros e negras no sistema financeiro, empoderamento e ascensão profissional é fundamental para diminuir as desigualdades no setor", disse Almir, que cobrou a criação de um protocolo em casos de racismo.
José Ferreira, presidente do Sindicato do Rio, considerou positiva a negociação. "O balanço da reunião de hoje é positivo do ponto de vista das propostas formuladas e do compromisso do encaminhamento. Vamos nos empenhar em colocá-las em prática e também cobrar para que os bancos efetivamente adotem as políticas que estamos construindo", afirmou José Ferreira, que também participou da reunião.

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