Quarta, 14 Mai 2025 16:03
EVOLUÇÃO NA LOGÍSTICA

Brasil traz investimentos da China para construir ferrovias e reduzir caminhões nas rodovias

Projetos fazem parte dos R$27 bilhões de investimentos chineses fechados pelo governo Lula com Xi Jinping e promoverão uma revolução no transporte de cargas e passageiros
ENTRANDO NOS TRILHOS – O acordo Brasil e China, com investimentos de R$27 bilhões, abre caminho para uma demanda histórica paralisada há décadas: a prioridade do transporte ferroviário de cargas e passageiros ENTRANDO NOS TRILHOS – O acordo Brasil e China, com investimentos de R$27 bilhões, abre caminho para uma demanda histórica paralisada há décadas: a prioridade do transporte ferroviário de cargas e passageiros Foto: Divulgação/Ministério da Infraestrutura

 

Carlos Vasconcellos

Imprensa SeebRio

A visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à China vai garantir ao Brasil investimentos na ordem de R$27 bilhões. Grande parte deste dinheiro vai promover uma verdadeira revolução na logística do país, substituindo o caro e ineficiente transporte rodoviário por uma gigantesca malha ferroviária, uma demanda brasileira de décadas. Números do relatório do Plano Nacional de Logística 2025 mostram que, nada menos de 65% do transporte de cargas é feito em estradas, através de caminhões. Em todas as nações mais desenvolvidas, a maior parte do transporte de mercadorias é feito por meio de ferrovias. Agora esta situação vai mudar graças ao acordo de Lula com o presidente da China, Xi Jinping. A novidade contribuirá ainda para todo o mercado da América Latina.

Comércio esxterior 

O plano inclui a Ferrovia Bioceânica Brasil Peru, que já tem 30% de seu percurso de 4.400 km construído e a ideia é que ela fique pronta em 2028. O trajeto começa em ilhéus, na Bahia, passa por Caetité (BA) e corta os estados de Goiás (ou Tocantins), Mato Grosso, Rondônia e Acre para terminar em Chancay, no Peru, a 80 km de Lima, onde a China construiu um megaporto.

A malha ferroviária será de grande relevância para o agronegócio e a venda de commodities brasileiras para a China e a importação de produtos de alta tecnologia chinesa para o mercado brasileiro.

Há ainda projetos com três ligações com a Ferrovia Norte Sul e também utilizando a Ferrovia de Integração Oeste-Leste. Isso vai reduzir em 10 dias o transporte de mercadorias entre o Brasil e a China, que atualmente é feito via Oceano Atlântico. Mas este não deve ser o único projeto de ferrovia chinesa no Brasil, o que causará um impacto importante no transporte de caminhões e vai mexer nos interesses da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), entre outros.

Empresas chinesas

Duas empresas chinesas do setor ferroviário, China Railway Construction Corporation (CRCC) e China Railway Engineering Corporation (CREC), trabalham em outras rotas, como uma que parte do Porto de Açu (RJ), passa por Corinto (MG), Uruaçu (GO) e Lucas do Rio Verde (MT) até chegar a Porto Velho (RO) e outra de 2.396 km ligando o Porto de Santos (SP) a Antofagasta (Chile), passando por Paraguai e Argentina. As novas ferrovias terão trilhos para trens com ‘bitola larga’, medindo 1.600 mm entre as rodas direitas e as rodas esquerdas.

Trem de passageiros

Há ainda a possibilidade de investimento também em linhas de trens de passageiros, inclusive o famoso trem-bala, de alta velocidade. A ideia, um antigo sonho de turistas e empresas do setor, tem resistência em função do lobby dos grandes conglomerados das empresas de ônibus, como os que formam um verdadeiro cartel no setor, com passagens cada vez mais caras e perda de qualidade nos serviços.

A mudança vai afetar também a indústria de automóveis, com tendência ainda maior da produção e venda de veículos elétricos e híbridos plug-in, para uso mais dentro das cidades, o que também interessa a indústria chinesa.

Enquanto a grande imprensa brasileira faz fuxico com supostas declarações da primeira dama Janja no encontro do presidente Lula com Xi Jinping, o Brasil fecha acordos bilionários que resultaram em uma verdadeira revolução na logística nacional, fortalecendo o comércio exterior e gerando novos empregos no Brasil. A inciativa faz parte também do fortalecimento dos BRICs, o novo grupo de países de mercado emergente, que além da China e Brasil, inclui Rússia e nações da Ásia, África e América Latina, avançando em uma nova era na hegemonia econômica e geopolítica que enfraquece a dominação da economia global pelos EUA e Europa Ocidental.  

 

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