Quinta, 01 Mai 2025 07:34
GOLPE INSTITUCIONALIZADO

Estratégia da extrema-direita em dominar ainda mais Câmara e Senado em 2026 é risco para a democracia

Advogado criminalista conhecido entre políticos, Kakay alerta sobre riscos à democracia se a população não eleger candidatos progressistas e democráticos para o parlamento brasileiro
DEMOCRACIA EM PERIGO - Em entrevista ao jornalista Chico Pinheiro, o advogado criminalista Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, alerta sobre a importância do voto para senador e deputado federal para a garantia da democracia DEMOCRACIA EM PERIGO - Em entrevista ao jornalista Chico Pinheiro, o advogado criminalista Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, alerta sobre a importância do voto para senador e deputado federal para a garantia da democracia Foto: Divulgação

 

Carlos Vasconcellos 

Imprensa SeebRio 

Pesquisas mostram que muitos brasileiros não se lembram em que votaram nas últimas eleições para o parlamento, seja vereador, deputado estadual ou federal e Senado Federal. 

Uma pesquisa nacional encomendada pelo Instituto Cidades Sustentáveis, realizada em setembro de 2024 pelo IPEC, revela que quase 70% (69%) dos brasileiros, ou seja, 7 em cada 10 eleitores, não sabem em quem votaram para deputado federal e senador nas eleições de 2022. Já para deputado estadual, 64% se esqueceram o nome do candidato que escolheram para a assembleia legislativa.

Domínio das instituições 

Este desinteresse do eleitor pela eleição parlamentar e a preocupação comum do brasileiro apenas com os cargos executivos pode representar um risco para a democracia em 2026. A opinião é do advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, mais conhecido como Kakay, um dos mais respeitados advogados criminalistas do país e que possui grande clientela no meio político. 

Em entrevista ao Podcast do jornalista Chico Pinheiro, Kakay alertou para o risco da democracia através de uma estratégia que pretende utilizar como meios as próprias instituições democráticas: a extrema-direita planeja dominar ainda mais o número de senadores e deputados federais nas eleições de 2026. 

O objetivo seria, além de controlar projetos relacionados à economia do país, inclusive relacionados a extinção de direitos dos trabalhadores, de acuar o STF (Supremo Tribunal Federal), que tornou réu, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), acusado pela PGR (Procuradoria Geral da República) junto com mais sete aliados, todos tornados réus por decisão unânime da Primeira Turma do STF. O ex-presidente e demais bolsonaristas, entre políticos, militares de alto escalão e populares militantes respondem pelos crimes de organização criminosa armada; tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito; Golpe de Estado; dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o patrimônio da União, e com considerável prejuízo para a vítima e deterioração de patrimônio tombado. 

Kakay revelou que um cliente seu, parlamentar bolsonarista, declarou que o objetivo da extrema-direita em 2026, mais que a eleição para o poder executivo, é fazer maioria absoluta para o Senado Federal para "fazer o impeachment de ministros do Supremo, alterando a composição da Suprema Corte". 

"A extrema-direita quer fazer grande maioria nos estados para fazer muudanças no Supremo", revelou o criminalista, acrescentando que este setor da política dá mais importância ao controle do fundo partidário e emendas parlamentares do que até mesmo eleger governadores, embora a eleição para os executivos estaduais também esteja nos planos. 

Eleição e defesa da democracia 

Na entrevista, o advogado criminalista destaca a importância do campo popular e democrático priorizar também a eleição para o Senado e Câmara dos Deputados para a preservação da democracia, sob risco de um golpe institucionalizado no país, fenômeno que já ocorreu em outros países. 

"O presidente Lula e os líderes partidários democráticos e progressistas deveriam se preocupar mais em fazer o maior número possível de senadores e são duas vagas", alerta Kakay. Ele lembrou que teve um restaurante em Brasília em que parlamentares de todas as correntes políticas se reuniam após as sessões no Senado e na Câmara para jantar e dialogar por horas e que este convívio democrático, independentemente de corrente ideológica não existe mais, referindo-se ao ódio que pauta a atual polarização no Brasil inaugurada pelo bolsonarismo. 

"Poderia estar acontecendo o que fosse, Ulisses Guimarães, José Dirceu, Antônio Carlos Magalhães, Genuíno, Delfim Neto sentavam na mesma mesa para debater política. Hoje no Brasil não existe mais isso", acrescentou. 

"Ou a gente faz uma discussão efetiva para fazer maioria no Senado [e na Câmara] ou o país vai sofrer questões institucionais gravíssimas", afirmou. 

Na entrevista o jornalista Chico Pinheiro lembrou de uma declaração do professor Castro Rocha sobre o caso da Hungria, em que o líder da extrema-direita Victor Orbán perdeu a eleição presidencial algumas vezes, mas fez maioria no parlamento, mudando o poder judiciário consolidando um regime arbitrário de extrema-direita. 

"Este é um risco real que estamos sofrendo no Brasil", alertou Kakay. 

"Eles podem dar o golpe institucionalmente, dentro da lei", conclui. 

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