Sexta, 22 Março 2024 16:41

Pesquisa: gestão desumana e ganância dos bancos faz crescer adoecimento mental

Olyntho Contente

Imprensa SeebRio

Dados alarmantes que comprovam mais uma vez os graves danos causados pela gestão desumana dos bancos à saúde mental da categoria bancária foram demonstrados pela pesquisa “Avaliação dos Modelos de Gestão e das Patologias do Trabalho Bancário”. O levantamento foi feito pela Secretaria de Saúde do Trabalhador da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), em colaboração com pesquisadores do Instituto de Psicologia da Universidade de Brasília (UnB).

O estudo contou com a participação de 5.803 bancários em todo o Brasil. Segundo a pesquisa o atual modelo não apenas dita as condições laborais mas é identificado como uma fonte substancial de psicopatologias, que potencialmente distorcem a subjetividade e os laços sociais dos funcionários, o que resulta em sintomas de adoecimento e agravos à saúde mental. Os dados foram apresentados na reunião do Comando Nacional dos Bancários, realizada nesta sexta-feira (22), em formato híbrido.

“O levantamento traz à tona preocupações significativas sobre os impactos do modelo de gestão adotado pelos bancos na saúde mental dos trabalhadores”, afirmou Mauro Salles, secretário de Saúde da Contraf-CUT. O levantamento mostrou que cerca de 80% dos trabalhadores do ramo financeiro declaram ter tido pelo menos um problema de saúde relacionado ao trabalho no último ano. Deles, quase metade está em acompanhamento psiquiátrico.

O principal motivo declarado para buscar tratamento médico foi o trabalho. Entre os que estão em acompanhamento psiquiátrico, 91,5% estão utilizando medicações prescritas pelo psiquiatra, um percentual que cai para 64,4% entre os que estão em outros tipos de acompanhamentos médicos.

“Diante desse cenário, torna-se imperativo agir de forma imediata sobre os fatores críticos, buscando modificá-los, e melhorar as condições laborais”, avaliou Salles. “O estudo realizado pela Contraf-CUT ressalta a urgência de compreender e abordar os efeitos danosos do modelo de gestão dos bancos na saúde mental dos trabalhadores. A implementação de medidas preventivas e intervenções adequadas se faz essencial para assegurar um ambiente de trabalho saudável e seguro para todos os bancários”, completou o secretário.

Edelson Figueiredo, diretor da Secretaria de Saúde do Sindicato dos Bancários do Rio, disse que os dados reforçam as denúncias do movimento sindical de que os bancos contratam jovens cheios de sonhos e os exploram ao extremo com metas abusivas, assédio moral e sobrecarga de trabalho, em decorrência das contínuas demissões imotivadas.

“Uma vez que adoecem os bancos simplesmente os descartam como se fossem números e contratam outro que será novamente explorado. Jogam o trabalhador adoecido ao relento sem plano de saúde. Enquanto banqueiros e acionistas ficam com os lucros, os trabalhadores ficam doentes, sem plano de saúde e sem condições financeiras para se tratarem”, ressaltou.

A conta quem paga é a sociedade porque este trabalhador vai para o SUS já superlotado e com atendimento precário.

Lembrando que os bancos são concessão pública!

Onde está sua responsabilidade social?

Qual autoridade pública tem coragem e vai investigar os bancos?

Porque os bancos não dão acesso ao PCMSO aos representantes dos trabalhadores ?

Gestões doentias, acabam adoecendo os trabalhadores!

Por isso uma quantidade absurda de trabalhadores afastados por doenças psicossomáticas.

A pesquisa

Para a presidenta da Contraf-CUT, Juvandia Moreira, os resultados da pesquisa são muito preocupantes. “É evidente que a saúde mental dos trabalhadores está em risco devido aos modelos de gestão adotados pelos bancos. É nosso dever agir com determinação para proteger os direitos e a saúde de nossa categoria. Precisamos pressionar os bancos para implementar medidas urgentes que melhorem as condições laborais e garantam um ambiente de trabalho saudável e seguro. Não podemos aceitar que a ganância e a negligência empresarial continuem prejudicando a vida e o bem-estar dos trabalhadores.”

Ana Magnólia Mendes, coordenadora da pesquisa, explica que as análises indicam a presença intensa de discursos e práticas de controle, caracterizadas pelo foco nas metas, o controle exacerbado, a despersonalização dos trabalhadores, a presença de uma hierarquia rígida e o uso de ameaças como ferramentas de gestão intensifica, por sua vez, a competitividade e o produtivismo nas relações de trabalho e a presença de vivências de violência no trabalho e de sobrecarga. “Também a presença intensa de relações competitivas, marcadas pela exclusão dos funcionários na tomada de decisão da organização, pelo cerceamento da autonomia no trabalho, pela distribuição injusta, pela indefinição de tarefas e pela presença de disputas profissionais no local de trabalho estimuladas pela chefia, intensificam a violência no trabalho.”

De acordo com a doutora, a presença intensa de relações produtivistas, por sua vez, intensificam a sobrecarga no trabalho. “Essas relações produtivistas, conforme descrito pela amostra, são caracterizadas pelo foco em metas, pela cobrança por resultados, pela pressão intensificada pela vigilância de resultados e também pela insuficiência de pessoas para realizar as tarefas que contribui para um ritmo de trabalho excessivo”, afirmou.

“Essas relações produzem as patologias da violência e da sobrecarga, caracterizadas pela presença intensa de vivências de cansaço, desgaste, sobrecarga, frustração, desmotivação, falta de liberdade de expressão e de opções no trabalho, indiferença entre colegas e desconfiança entre chefia e subordinados, as quais aumentam a presença de sintomas de adoecimento marcados por características de transtornos ansiosos”, completou.

 

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