Segunda, 22 Mai 2023 17:03

Gestão do medo na Caixa ainda não acabou, denunciam empregados

Rogério Campanate: “Como se não bastasse a manutenção da cultura do assédio, temos a implementação de programas que têm impacto negativo sobre os trabalhadores” Rogério Campanate: “Como se não bastasse a manutenção da cultura do assédio, temos a implementação de programas que têm impacto negativo sobre os trabalhadores”

A afirmação da presidenta da Caixa, Rita Serrano, em sua posse de que “a gestão pelo medo acabou” infelizmente não se tornou uma realidade na percepção de muitos empregados da empresa no Rio de Janeiro. O que mais tem chamado a atenção é o fato de que TODAS as reclamações de assédio que chegaram ao Sindicato do Rio este ano encontram-se no âmbito da VIRED (Vice-Presidência de Rede).
Existem ainda unidades em que gerentes precisam deixar seu posto de trabalho para se dirigirem ao banheiro por não conseguirem conter o choro, outras em que, em razão da pressão exacerbada, gerentes passam mal na unidade e precisam se dirigir ao hospital no meio do dia. Tudo isso em função de cobranças de resultados nos mesmos moldes daquelas que ocorriam ainda sob a gestão de Pedro Guimarães.

Destaque negativo

Na área-meio a Cesav/RJ (centralizadora que atua em cobrança) se destaca negativamente, sendo a única área com registros de reclamações de gestão assediosa junto ao Sindicato. Empregados cujas atividades deixaram de existir no Rio de Janeiro com a reestruturação promovida pela gestão anterior não tiveram suas dispensas de função realizadas pelo “motivo 10” (código de dispensa que permite que o empregado receba como se estivesse na função por alguns meses, dependendo do tempo de exercício efetivo da função - o asseguramento), o que, na avaliação dos sindicatos, era compatível com a postura da direção da empresa e do governo federal na época, mas é inaceitável para uma gestão comprometida com os trabalhadores.
“Ocorre que a Caixa aguardou até este ano para descomissionar empregado que era referência por 15 anos na atividade que exercia e que foi extinta no Rio de Janeiro por decisão da empresa. Uma total falta de compromisso da chefia com o trabalhador, que acabou adoecendo por ansiedade. Convém também registrar o total despreparo da chefia da unidade para lidar com casos de adoecimento psíquico: um empregado foi comunicado da dispensa de sua função e de sua transferência para uma agência no mesmo dia que retornou de uma licença por transtorno de ansiedade”, explica o diretor do Sindicato e representante da CEE-Caixa, Rogério Campanate.

Tratamento desigual

O movimento sindical admite que, agora com a nova gestão da empresa, as entidades conseguem ter um melhor acesso às áreas da matriz para tratar casos pontuais. No entanto, essa receptividade ainda não se traduziu em efetividade no combate ao assédio moral.
“Os descomissionamentos seguem ocorrendo sem que os empregados tenham sequer o ‘asseguramento’ de sua função. Em contrapartida os assediadores vendem milhares de reais em seguro ‘prestamista’ para clientes que não possuem nenhuma operação de crédito (nem mesmo cheque especial) e nenhuma penalidade lhes é imputada. Outros respondem a processos administrativos onde vários trabalhadores se expõem para denunciar o assédio e, ao final, são apenas orientados a assinar um Termo de Ajuste de Conduta, e depois afirmam em reuniões que sua gestão está correta, já que não foram penalizados. Esperamos que a Caixa não tenha vários pesos e medidas para lidar com as pessoas. E mais ainda: espera-se que o maior peso não recaia sobre quem vive sob o chicote que já deveria ter sido abolido”, criticou Campanate.

Críticas na negociação

“Como se não bastasse a manutenção da cultura do assédio, temos a implementação de programas que têm impacto sobre os trabalhadores sem que se promova o debate na mesa de negociação permanente como foi o PQV. Isso é algo inexplicável. Nesse caso cabe registrar o compromisso assumido pelo novo Vice-Presidente de Pessoas, Sérgio Mendonça, em mesa de negociação de que o diálogo será garantido e que a empresa dará respostas às demandas apresentadas pelos sindicatos, e não serão mais ignoradas como ocorreu no passado recente”, concluiu Campanate.

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