Quinta, 11 Setembro 2025 19:08
CRUEL E DESUMANO

Demissões de cerca de mil funcionários no Itaú repercutem negativamente na imprensa

Denúncias de bancários (as) e dos sindicatos expõem uma realidade bem distante das campanhas publicitárias estreladas por celebridades: o Itaú explora, despreza e demite trabalhadores. Cerca de 98% dos desligamentos ocorreram na base de São Paulo, Rio apura dispensas em sua base
Maria Izabel, diretora do Sindicato do Rio e representante da COE: "Demissões cruéis, desumanas e sem transparência com os funcionários" Maria Izabel, diretora do Sindicato do Rio e representante da COE: "Demissões cruéis, desumanas e sem transparência com os funcionários" Foto: Nando Neves

 

Carlos Vasconcellos

Imprensa SeebRio

As demissões em massa implementadas pelo Itaú Unibanco, denunciadas inicialmente por bancários e sindicatos, tiveram grande repercussão na mídia tradicional após nota oficial divulgada pela Contraf-CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro). A cobertura expôs a contradição entre a imagem construída pelo banco em campanhas publicitárias milionárias e a realidade vivida por seus funcionários, revelando a falta de consideração do Itaú com seu maior patrimônio: os trabalhadores.

Sem critério e transparência

A BBC Brasil relatou o drama de um funcionário identificado como “Marcos” – nome fictício para evitar retaliações. Ele trabalhou quase dez anos no Itaú, na área de tecnologia, foi promovido, premiado por desempenho e, ainda assim, acabou demitido sob a alegação de “baixa produtividade” no home office.

Segundo a reportagem, Marcos havia acabado de saber que um colega fora desligado. Logo depois, seu coordenador perguntou “quando ele iria ao escritório”, já que trabalhava em regime híbrido. Ao comparecer à unidade, foi conduzido a uma sala diferente da habitual e informado da demissão.

Sobrecarga e exploração

A sobrecarga de trabalho também aparece entre as queixas recorrentes. “Já trabalhei em finais de semana, mais de sete dias seguidos, só nos últimos seis meses. Mesmo assim, alegaram baixa produtividade”, criticou o bancário.

Outra funcionária, entrevistada pelo UOL, contou: “Na hora fiquei sem chão, meu estômago embrulhou. Eu não esperava por aquilo. Apenas me deram o termo de rescisão para assinar e pediram a devolução dos equipamentos do banco”.

Enquanto isso, o Itaú registrou lucro de R$ 11,5 bilhões apenas no segundo trimestre deste ano.

Funcionários monitorados

Trabalhadores também denunciam a falta de clareza sobre o monitoramento no home office. “A gente suspeitava, porque havia vários sistemas instalados nos computadores. Mas não sabíamos que acompanhavam cliques, alt tab, scroll, tempo em reunião, essas coisas”, disse um bancário.

O Sindicato dos Bancários do Rio já havia alertado em atividades recentes que os bancos privados vêm utilizando recursos tecnológicos para promover “uma verdadeira invasão de privacidade” dos empregados que trabalham de casa.

Números de dispensados

Em reunião com o Sindicato de São Paulo, o banco confirmou que ao menos mil funcionários foram demitidos. Cerca de 60% do quadro do Itaú atua em regime híbrido (com oito dias presenciais por mês) ou remoto. Do total de desligados, aproximadamente 98% eram de São Paulo e a maioria trabalhava 100% de forma remota.

Reunião na segunda (15)

O Sindicato do Rio de Janeiro está apurando o número de demissões em sua base. Já a Comissão de Organização dos Empregados (COE) do Itaú se reunirá com o banco na segunda-feira (15) para cobrar explicações para o que consideram uma medida injustificável no setor mais lucrativo do país.

“Além de demitir, repudiamos a forma cruel com que o Itaú vem realizando os desligamentos: sem transparência, sem respeito e com invasão de privacidade de quem estava em home office, submetido a um monitoramento desumano”, criticou Maria Izabel, dirigente sindical do Rio e representante da COE.

 

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