Quarta, 17 Agosto 2022 21:07

Caixa segue linha do governo Bolsonaro e só propõe retirada de direitos

Olyntho Contente

Imprensa SeebRio

O resultado da negociação desta quarta-feira (17/8) com a Comissão Executiva dos Empregados (CEE) confirmou que a Caixa Econômica Federal segue a orientação do governo Bolsonaro de reduzir direitos do acordo coletivo de trabalho. O banco anunciou, nesta rodada, que quer, por exemplo, acabar com a pausa de 10 minutos de quem realiza trabalho repetitivo, como os caixas; extinguir o parcelamento do desconto das férias que hoje é feito em 10 vezes; e com o desconto proporcional do vale-refeição, que no ACT atual só começa a ser feito em caso de licença-médica, após o 15º dia.

“A Caixa só trouxe propostas de retirada de direitos. Alegou, por exemplo, para acabar com a pausa de 10 minutos (existente para procurar diminuir os casos de adoecimento para quem faz trabalho repetitivo, como os caixas), que é uma maneira de se adequar às alterações feitas na NR-17 (Norma Regulamentadora 17), que não prevê mais a pausa”, disse Rogério Campanate, membro da CEE e diretor do Sindicato. “Para extinguir o parcelamento das férias, o banco argumenta que 70% não usam este direito. Só que 30% correspondem a mais de 35 mil empregados, ou seja, é uma mudança que atinge 35 mil famílias”, argumentou o dirigente.

A Caixa justificou que o fim do parcelamento e o desconto do VR seriam feitos para se adequar à Convenção Coletiva de Trabalho (CCT), o que não tem qualquer lógica, já que o acordo específico existe exatamente para garantir direitos que não constam da CCT. “De todas as mesas de negociação realizadas até agora, essa foi a pior”, sintetizou Campanate.

Mais ataques a diretos

A Caixa ficou de estudar a proposta de teletrabalho feita pela CEE na rodada anterior mas se resumiu a reapresentar a sua, extremamente rebaixada em relação ao que vinha sendo negociado há meses na mesa permanente, sendo extremamente prejudicial aos empregados. O banco concorda com o controle de ponto, mas condiciona isto à criação de um banco de horas a ser compensado em seis meses, o que significaria o fim das horas-extras e a sobrecarga de trabalho, tendo sido recusada em mesa.

Com relação à apuração dos casos de assédio sexual na gestão Pedro Guimarães a CEE voltou a cobrar informações. A Caixa disse que está na Corregedoria (Cored) e que na próxima reunião iriam levar alguém do setor para dar esclarecimentos sobre o que está sendo apurado. O banco recusou a proposta da CEE de formar um grupo de trabalho tripartite para discutir o contencioso da Funcef.

“Cobramos da Caixa a discussão sobre a Gestão de Desempenho de Pessoal (GDP) porque sabemos que é uma forma de assédio, imposto unilateralmente. Responderam que podem discutir mais adiante, mas que não entraria neste acordo. Reivindicamos a extinção das chamadas funções-minuto (caixa, avaliador, tesoureiro). Segundo a Caixa isso seria uma ‘evolução modelo’, porque às vezes tem necessidade de cobrir o trabalho de alguém de outra função ‘que foi para o almoço’. Mas a realidade é bem outra com colegas que trabalham como caixas, por exemplo, sem receber a função, e de tesoureiro que fazem dupla função, cobrindo o trabalho do caixa, sem receber por isto”, exemplificou.

Quanto à PLR a empresa está postergando este debate, alegando esperar a definição da mesa única com a Fenaban. “Mas o que queremos discutir são os indicadores para cálculo da PLR Social e rever o teto de três remunerações básicas. Voltamos a cobrar uma proposta global para toda a minuta que apresentamos e que a Caixa repete que está avaliando, mas não apresenta resposta”, disse.

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