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Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
Carlos Vasconcellos
Imprensa SeebRio
Foto: Nando Neves
O 37º Conecef (Congresso Nacional dos Empregados da Caixa) começou neste sábado, dia 7 de agosto, com o Painel “Democracia, Direitos e Vida”,que contou com a apresentação de um vídeo com críticas políticas bem-humoradas dos jornalistas Helder Maldonado e Marco Bezzi, do "Galas Feios".
“Desde 2016, o Brasil passa por uma crise sem precedentes e ela não surgiu do nada, mas é fruto de um desmonte organizado do estado, privatizações estratégicas e reformas que retiraram direitos. Desde então estamos trabalhando mais e o poder de compra caiu drasticamente. O percurso para a aposentadoria, com a reforma da previdência, tornou-se uma incógnita e uma viagem mais distante do que de avião de Boa Vista à Pelotas”, ironiza.
Sobrecarga de trabalho
Maldonado lembrou que o 37º Conecef é um evento importante e estratégico para discutir causas e consequências deste quadro social e econômico e como poderemos reverter esta situação. Destacou ainda que a categoria bancária é uma das mais atacadas pelo governo.
“Estudo que a Fenae encomendou ao Dieese mostrou que os empregados da Caixa passaram a atender 65% mais os clientes porque o banco fechou unidades e reduziu mão de obra”, afirmou, destacando que a situação se agravou durante a pandemia em função do pagamento do auxílio o emergencial, sobrecarregando ainda mais os trabalhadores que permanecem no banco, “promovendo um aparente sucateamento na empresa para que a ideia de privatização seja mais suscetível na mente da população”.
O jornalista mostrou dados que, nos primeiros três meses de 2021, cada bancário da Caixa chegou a atender mil clientes a mais do que no Itaú, por exemplo.
“Pedro Guimarães tem um orçamento na Caixa capaz de contratar o cantor, locutor de rodeios, Cuiabano Lima, que é amigo pessoal de Bolsonaro, então porque alega não haver dinheiro para a contratação de novos concursados”?, provocou.
Rebatendo o neoliberalismo
Marco Bezzi destacou a importância do papel social da Caixa. “O banco atendeu mais de 100 milhões de brasileiros para o pagamento do auxílio emergencial. Alguns brasileiros podem ficar surpresos por que este papel não coube à XP Investimentos ou à BTG Pactual, que possuem muita propaganda da imprensa aliada disfarçada de matérias, colunas opinativas”, disse.
Criticou ainda o processo de desmonte e privatização dos Correios, lembrando que o setor privado não fará o papel social de levar encomendas aos locais mais extremos do interior do país e fez um trocadilho com o lema de campanha do presidente Bolsonaro: “Para os patriotas do governo é Deus acima de tudo e lucros acima de todos”.
Rebateu também as promessas neoliberais de que com a venda dos Correios, “as encomendas vão ficar mais baratas”.
“O ministro Henrique Meirelles previu que seriam criados seis milhões de empregos se o Congresso Nacional aprovasse a reforma trabalhista. Cinco anos depois há seis milhões sim, na área de entregadores de aplicativos, sem carteira assinada”, disse Bezzi, citando ainda o avanço da terceirização, do trabalho precário e a “carteira verde e amarela”, sem direitos, que o governo quer aprovar.
Os jornalistas lembraram também da promessa de Bolsonaro de que o gás de cozinha passaria a custar R$35, mas que a realidade é bem diferente, com parte da população voltando a cozinhar à lenha, com o gás custando mais de R$100.
“A Liquigás Distribuidora foi comprada pela Copagáz que tem que como proprietária, o grupo Itaú”, acrescenta Maldonado, criticando as privatizações das subsidiárias da Petrobras e a política que resulta num aumento constante dos combustíveis e do gás de cozinha.
“A iluminação residencial poderá vir a ser com velas, pois a conta de luz vai subir com a privatização da Eletrobras e segundo especialistas, poderá custar até 25% mais cara”, disse.
O preço dos alimentos também não passou batido das críticas afiadas da dupla. “Claro que os seguidores do Bolsonaro vão alegar que Paulo Guedes, com o aumento da carne, está promovendo uma ‘dieta vergana’ forçada para a população a fim de melhorar a saúde das pessoas”, debochou Marco Bezzi.
O palestrante lembrou ainda que o Banco do Brasil é responsável por praticamente todo o crédito agrícola no país e que a agricultura familiar responde por pelo menos 70% do alimento que vai para a mesa dos brasileiros e, com as privatizações, o custo dos alimentos e a fome cresceriam ainda mais no Brasil.