Quinta, 06 Mai 2021 20:23

Direção da Caixa é o retrato do desgoverno Bolsonaro

Pedro Guimarães, presidente da Caixa, e o presidente Jair Bolsonaro em live com símbolos de apoio à supremacia branca Pedro Guimarães, presidente da Caixa, e o presidente Jair Bolsonaro em live com símbolos de apoio à supremacia branca

Carlos Vasconcellos

Imprensa SeebRio

 

Assim como o governo federal, a direção da Caixa Econômica Federal atua de forma absolutamente incoerente com o que fala. O presidente da empresa, Pedro Guimarães, grava vídeos dizendo que “as pessoas estão em primeiro lugar”, mas o que ocorre é um verdadeiro massacre através da prática de assédio moral para cumprimento de metas, chegando ao cúmulo de antecipar os salários dos trabalhadores para que estes pudessem atingir suas metas de vendas de ações promovendo a venda para si próprios.

“O presidente da Caixa alega que em suas visitas pelo país percebeu a necessidade de contratações a despeito da constante reivindicação das entidades representativas dos trabalhadores e se gaba por realizar contratações que só puderam ser realizadas, na verdade, em razão de ação judicial impetrada por nossas entidades. E ainda aciona o Jurídico da empresa para entrar com recurso contra a ação que garante as contratações dos concursados de 2014”,  rebate o diretor do Sindicato Rogério Campanate.

Na avaliação do sindicalista, é comum entre os empregados a visão de que a empresa é uma espécie de ‘microcosmos do Brasil’, o que é verdade em grande parte em razão da influência do governo federal sobre a direção do banco.

”Nesse momento, a direção da Caixa não é apenas influenciada pelo governo, mas é cúmplice dele. E a reiterada aparição de Pedro Guimarães nas lives de Bolsonaro, inclusive com símbolos de apoio à ‘supremacia branca’ corroboram essa visão”, critica Campanate.

O discurso e a prática

O movimento sindical critica também a contradição de Guimarães afirmar “que a Caixa não será privatizada”, mas, na prática, a atual direção já privatizou bilhões do patrimônio da empresa através da venda de seus ativos mais lucrativos e pretende privatizar outros tantos.

“O banco altera o protocolo de prevenção à Covid-19 para pior de forma unilateral, sem qualquer negociação com as entidades representativas dos trabalhadores, levando a óbito dezenas de empregados, terceirizados e pessoas que coabitam com os mesmos. O presidente da empresa diz que pessoas estão em primeiro lugar, mas extingue a Vice-Presidência de Pessoas, como já denunciava o Sindicato, em razão da clara gestão de resultados que pretere, dia após dia, a gestão de pessoas. É a versão Caixa do desgoverno Bolsonaro”, acrescenta o sindicalista.

Aglomerados e sem máscara

Mas não é só a direção da empresa que se alinha ao governo. As Superintendências fazem o mesmo ao se alinhar à direção do banco. 

“É icônica a imagem dos Superintendentes Executivos de Varejo, de Habitação e de Governo comemorando - sabe-se lá o quê - aglomerados e sem máscara junto ao Superintendente de Rede da Capital. O que exatamente comemoram? A imagem é absurda quando temos vários colegas intubados depois de serem pressionados a voltar ao trabalho presencial, ou o falecimento de dependentes de colegas cujo home office foi negado pela empresa mesmo com a apresentação de laudos médicos. A comemoração seria em função da Caixa ter atingido o mesmo número de mortes do ano de 2020 inteiro apenas no primeiro trimestre de 2021? Talvez não sejam tão mórbidos assim e estejam celebrando apenas o mérito de terem conseguido vender parte de um dos negócios mais lucrativos da empresa para atender aos interesses do capital privado”, ressalta Rogério Campanate, lembrando que, neste momento dramático da crise sanitária, o Sindicato luta para que não haja comemorações nas unidades a fim de evitar contágio - já houve casos em que uma determinada unidade realizou um café da manhã e havia um funcionário contaminado com Covid que só veio a descobrir essa condição no dia seguinte - os Superintendentes promovem aglomerações.  

“É esse o exemplo a ser dado? As Superintendências Executivas situam-se no mesmo prédio que agências que atendem público, e depois da comemoração foi pra lá que os Superintendentes retornaram. O que temos a dizer é que a função exige muitas coisas dos trabalhadores, mas em nenhum normativo encontramos que a incoerência seja uma delas”, conclui.

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