Sexta, 29 Mai 2020 19:12
GESTÃO DESASTROSA

Caixa explora os empregados e impõe assédio moral em plena pandemia

Rogério Campanate durante visita a uma agência da Caixa. A direção do banco explora e assedia os empregados em plena pandemia do novo coronavírus Rogério Campanate durante visita a uma agência da Caixa. A direção do banco explora e assedia os empregados em plena pandemia do novo coronavírus

Carlos Vasconcellos

Imprensa SeebRio

 

Manobras que impõem a exploração dos empregados e prejudicam a capacidade de reação dos trabalhadores têm se tornado a marca registrada da gestão de Pedro Guimarães na presidência da Caixa Econômica Federal. A avaliação é do diretor do Sindicato Rogério Campanate.

“É uma gestão tão equivocada, até mesmo deturpada, que consegue converter nobres iniciativas em novos instrumentos de assédio”, afirma.

Na avaliação do sindicalista, essa deturpação ficou ainda mais evidente com o queroatender.caixa. O que seria uma ferramenta para os empregados que não são de grupos de risco manifestarem a sua vontade em ajudar no desgastante atendimento gerado pelo auxílio emergencial, se transformou num problema. “Na prática essa ferramenta possibilitou a pressão das chefias para que os subordinados se ‘voluntariem’, eximindo a empresa de convocar formalmente o empregado”, disse Campanate.

Trabalho além da jornada

Segundo o sindicalista, o abuso chegou a tal ponto que houve Superintendente Executivo de Varejo (SEV) pressionando os Gerentes Gerais (GGs) a aderirem ao queroatender, enquanto a informação que o Sindicato obteve da Superintendência de Rede é que chefes de unidade não são o público-alvo da referida adesão.

Em razão da ausência de planejamento da empresa, gerentes gerais foram convocados após as 23h de uma sexta-feira para trabalharem no dia seguinte às 7h e participaram de reuniões por vídeo aos domingos. E isso não é tudo: caracterizando ainda mais esses abusos, os SEVs dificultam a obtenção de provas fazendo as convocações por telefonemas ou WhatsApp.

“Estes Gerentes Gerais são convocados para atuar aos sábados sem receber nem um centavo pelo dia trabalhado, assim como não receberam pelas jornadas de até 14 horas nos momentos mais críticos do pagamento emergencial. É mais um problema causado pela falta de planejamento da empresa. Afinal, se deturpam uma ação de voluntariado, imagine o que são capazes de fazer usando a função para subjugar os gestores”, acrescenta Rogério.

Mais de duas mil agências da Caixa, cerca de 50% das unidades, irão abrir neste sábado, dia 30 de maio, das 8h às 12h, por determinação da direção do banco. O objetivo é atender aos beneficiários que quiserem sacar a segunda parcela do auxílio emergencial de R$ 600, cujo o pagamento, lamentavelmente, permanece centralizado exclusivamente no banco público.

Retrocesso em plena pandemia

Outro aspecto que colocam em jogo a capacidade de gestão da direção do banco são os retrocessos nas medidas de prevenção ao Covid-19, em plena ascendência da curva de contágios e mortes no Brasil.

“A Caixa impõe aos empregados afastados por suspeita de contágio o retorno ao trabalho sem realizar a testagem necessária e ignora os pedidos de informação feitos pelos sindicatos acerca do quantitativo de funcionários que já foram infectados”, destaca o dirigente sindical.  

Como se não bastasse, a gestão da Caixa não se dá conta de que as visitas do vice-presidente Paulo Ângelo às agências não se configuram como apoio, mas como mais um fator de estresse e aumento de abusos como em relação às horas trabalhadas sem pagamento extra aos Gerentes Gerais, que são pressionados a chegar ainda mais cedo ao trabalho, muitas vezes em pleno sábado, para receber o dirigente.

“Em pleno período de pandemia caem as máscaras. Está claro que os trabalhadores não são uma preocupação da alta direção da empresa, a exemplo do governo que a nomeou. Publicamente, afirmam que são extremamente acessíveis, que os empregados podem contar com eles, fazem todo tipo de firula para cooptar os incautos, mas na prática não dão retorno aos ofícios enviados pelas entidades sindicais que documentam a situação dos empregados, não atendem telefonemas e não dialogam com os trabalhadores”.  

Segundo denúncias feitas ao Sindicato, os empregados que permaneceram no Programa de Assistência Médica Suplementar (PAMS) e os novos contratados, em sua grande maioria portadores de deficiência, são tratados de forma discriminatória. A empresa não oferece a estes funcionários o acesso a teleorientação médica em plena pandemia.

“Que esse comportamento da direção da Caixa com os empregados e suas entidades representativas sirva para abrir os olhos dos bancários sobre o cenário difícil que teremos na negociação coletiva”, conclui Campanate.

 

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