Segunda, 09 Novembro 2020 20:12

Bradesco estende plano de saúde para impedir bancários de questionar demissões

O Bradesco vem descumprindo o compromisso assumido com o movimento sindical bancário, demitindo em todo o país. Para tentar limpar a sua imagem, acenou com a extensão por mais seis meses do plano de saúde. Só que, no comunicado interno, omitiu informações que, descobertas, mostraram que até isto é mais uma armadilha para fazer com que os bancários concordem e não reajam contra a demissão.
É que para que o plano seja ampliado além do fixado na Convenção Coletiva de Trabalho (CCT), o bancário tem que assinar a carta de demissão e fazer o exame demissional sem discordar do teor destas duas medidas. Se não fizer isto perderá o direito à prorrogação da cobertura.

Cruel e desumano

“Há também informações de que o mesmo acontece no exame demissional. Os médicos das clínicas conveniadas ao Bradesco estariam avisando aos demitidos que não farão anamnese, negando-se, ainda, a verificar exames e laudos que comprovam enfermidades, mesmo as mais graves, considerando aptos todos os que chegam para fazer o demissional”, denuncia a diretora do Sindicato, Nanci Furtado. “O banco abriu a possibilidade de estender o plano de saúde para se safar da acusação de que está sendo cruel e desumano demitindo milhares em plena pandemia, numa atitude demagógica, não tendo informado sobre as restrições, pegando os bancários de surpresa. Há informações, também, de vários que perderam o demissional, sendo que o Bradesco se mostrou irredutível, negando-se a remarcar”, disse.

Melhor empresa?

A sindicalista lembrou que o bancário pode não concordar com a demissão e se negar a assiná-la, transformando-se a extensão numa armadilha ardilosa. A dirigente classificou como uma piada de mau gosto, a pesquisa realizada pela revista Época que coloca o Bradesco como uma das 150 melhores empresas para se trabalhar. “Melhor em quê? Rompe acordo de não demitir na pandemia que assola o mundo inteiro para aumentar seus lucros, demite funcionários doentes, assedia moralmente, cobra metas abusivas, e ainda estende o plano de saúde para que concordem com a dispensa. Melhor em quê? Esta pesquisa seria cômica se não fosse trágica”, criticou.

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