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Diagramação: Marco Scalzo
Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
Carlos Vasconcellos
Imprensa SeebRio
Com informações da Contraf-CUT
A Comissão de Organização dos Empregados (COE) do Bradesco se reuniu com a direção do banco na tarde desta terça-feira (6), na sede da instituição, na Cidade de Deus, em Osasco (SP). Na pauta, temas como diversidade, segmentação, fechamento de unidades, emprego e condições de trabalho.
Garantir os empregos
A maior preocupação dos dirigentes sindicais é com relação ao emprego.
O Bradesco promove um grande número de demissões em função do fechamento de agências, inclusive postos avançados (PAs) e unidades de negócios.
A COE criticou a campanha publicitária do Bradesco 'Sacar pra que?", que vem constrangendo a população, impedindo o acesso ao atendimento presencial na boca dos caixas e nos postos eletrônicos.
De acordo com os representantes dos trabalhadores, há municípios em que o Bradesco não mantém mais nenhum ponto de atendimento, dificultando o acesso da população aos serviços bancários. Segundo os sindicalistas, em algumas localidades, gestores estariam deixando caixas eletrônicos (BDNs) indisponíveis, atrasando o conserto dos equipamentos, deixando-os artificialmente inoperantes.
"Temos feito uma campanha permanente contra a campanha publicitária do Bradesco 'Sacar pra que?', que está constrangendo a população, se negando a garantir o atendimento aos clientes e usuários nos caixas presenciais e até nos caixas eletrônicos. O banco não pode negar o direito das pessoas sacarem ou depositarem o seu próprio dinheiro. Por isso nós denunciamos esta prática ao Banco Central e ao Procon-RJ. Garantir o direito do consumidor ao atendimento nas unidades físicas é também ajudar a preservar os empregos da categoria", explicou o diretor do Sindicato do Rio de Janeiro e representante da COE, Leuver Ludolff, que participou da reunião.
A alegação do banco
O Bradesco afirmou que o 'Sacar pra que?' é uma campanha "de sensibilização, que não há impedimento de saque em espécie e que a queda no uso dos caixas se deve ao aumento do uso do Pix". Os representantes do banco prometeram, porém, que serão levados em consideração os casos relatados.
O banco alegou ainda que passa por um processo de recuperação e redimensionamento de estruturas, impulsionado pela evolução tecnológica. Informou que apenas 2% das transações são realizadas de forma presencial, mas "que não abandonou os clientes de menor renda", no entanto, o modelo de atendimento está em constante transformação. Ainda segundo os representantes do Bradesco, a nova segmentação tem gerado oportunidades internas, inclusive com admissões fora da área de tecnologia.
Programa de Diversidade
O banco apresentou seu programa de Diversidade, Equidade e Inclusão.
Os princípios são equidade de oportunidade, educação para inclusão e engajamento. Já os pilares contemplam as frentes de gênero, étnico-racial, pessoas com deficiência (PCD), população LGBTQI+ e, mais recentemente, longevidade.
"Queremos que o banco garanta a contratação de pessoas negras, já que somos 57% da população brasileira e estes números devem ser refletidos no corpo dos funcionários do banco. É preciso também garantir a igualdade salarial em funções similares em relação as pessoas brancas", disse Almir Aguiar, secretário de Combate ao Racismo da Contraf-CUT que também faz parte da COE. O dirigente sindical lembra que os dados do Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua), feito pelo IBGE no ano de 2022, mostram que os bancários brancos receberam em média R$ 20 por hora de trabalho, quantia 61,4% maior do que a de pretos ou pardos (R$ 12,4).
"Também é preciso garantir a inclusão de Pessoas com Deficiência (PCDs). A igualdade precisa existir ainda em relação à contratação e às oportunidades de ascensão profissional. Temos que acabar com o racismo e toda a forma de discriminação", disse o Secretário de Combate ao Racismo da Contraf-CUT, Almir Aguiar, que também faz parte da COE.
Nova segmentação
A reestruturação do atendimento foi detalhada pelo banco na reunião, com a divisão de clientes pessoa física, em quatro faixas: Massificado (clientes com renda mensal de até R$ 8 mil); Prime (renda mensal entre R$ 8 mil e R$ 25 mil ou investimentos entre R$ 50 mil e R$ 300 mil); Principal (renda mensal acima de R$ 25 mil ou investimentos a partir de R$ 300 mil) e Private (Valores superiores aos atendidos no segmento Principal).
Mais postos de trabalho
O Bradesco garante que essas mudanças na segmentação vão gerar 3.200 novas vagas no Principal — sendo 2 mil destinadas a cargos de gerência — e 600 novos postos no setor Massificado. Acrescentaram "que o desempenho continua sendo um critério importante e que a exigência do banco subiu na avaliação dos trabalhadores".
"Só esperamos que todos os clientes e usuários sejam tratados com o mesmo respeito e qualidade independentemente da condição financeira das pessoas", acrescentou Almir Aguiar.
No segmento empresarial, o Bradesco também passou por ajustes, com os seguintes segmentos: Bradesco Empresas e Negócios, que atende do MEI até empresas com faturamento de R$ 3 milhões; Plataformas Empresas, para faturamento entre R$ 3 milhões e R$ 50 milhões e Corporate Bank, voltado às, empresas com faturamento acima de R$ 50 milhões.
O banco ressaltou que essas mudanças também estão gerando novas oportunidades de emprego.
"Queremos acompanhar esta geração de novos postos de trabalho em relação ao ingresso de bancários com os direitos previstos na Convenção Coletiva de Trabalho da categoria, pois há uma tendência no sistema financeiro de elevar a contratação de trabalhadores com renda média inferior e sem as conquistas da categoria, reduzindo o número de bancários contratados e demitindo cada vez mais estes trabalhadores ", alerta Leuver Ludolff.
Outras demandas
Outro tema levado à mesa foi o valor pago por quilômetro rodado aos gerentes em visita. A COE cobrou reajuste, já que o último ocorreu em dezembro de 2021. O banco respondeu que a solicitação já foi encaminhada à área responsável.
A comissão também pediu esclarecimentos sobre a postura do banco mediante nova modalidade de empréstimo consignado com garantia do FGTS, lançada pelo governo federal. O banco informou que tem oferecido taxas médias de 2,70% para clientes e 1,89% para funcionários — inferiores às do mercado. Questionado sobre cobrir ofertas de outras instituições, o banco afirmou que há uma regulação do Banco Central que impede taxas superiores ao custo da operação.
Cumprimento da jornada
A ausência de registro de ponto para os gerentes de relacionamento Empresas, conhecidos como "gerentes alto valor", também foi abordada. A COE está preocupada com o cumprimento de jornada desses profissionais para evitar uma exploração e sobrecarga de trabalho ainda maior.
A direção do banco justificou que esses trabalhadores realizam atividade externa — visitas a clientes — e, por isso, se enquadram na modalidade prevista pela CLT, mas que não se trata de cargo de confiança.
A coordenadora da COE, Erica de Oliveira, reforça que a defesa do emprego é prioridade para o movimento sindical.
“Todos os pontos debatidos são muito importantes. O movimento sindical no Brasil inteiro está muito preocupado com o fechamento de locais de trabalho e isso não pode se refletir no emprego dos bancários. Esta é a nossa preocupação número um. O bom atendimento se faz com bancários e a gente vai insistir nisso”, conclui.
Lucro dispara
O Bradesco divulgou, nesta terça-feira (6), seus resultados do primeiro trimestre de 2025. O segundo maior banco privado do país teve um lucro líquido recorrente de R$ 5,86 bilhões no período. O resultado representa uma alta anual de 39,3% em relação ao mesmo período do ano passado e foi bem acima das projeções do mercado, que previam um lucro de R$ 5,466 bilhões.
"O resultado confirma que não há nenhuma razão para demissões de funcionários. Não dá para aceitar que os bancos privados continuem a ganhar burras de dinheiro à custa da extinção de emprego e é exploração de bancários", opina Leuver.