Quinta, 09 Junho 2022 22:19

Mantega: para fazer o Brasil crescer, novo governo tem que acabar com teto de gastos e fortalecer empresas públicas

O ex-ministro da Fazenda, Guido Manttega. O ex-ministro da Fazenda, Guido Manttega.

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Imprensa SeebRio

“Os bancos públicos, como o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal e o BNDES tiveram papel fundamental no crescimento econômico, na criação de empregos e na distribuição de renda nos governos Lula e Dilma e terão papel importante na reconstrução do país, com a eleição de Lula”. A avaliação foi feita pelo ex-ministro da Fazenda Guido Mantega durante a mesa de debates “O papel do BB na reconstrução do Brasil que a gente quer”, na tarde desta quinta-feira (9/6), no 33° Congresso Nacional dos Funcionários do Banco do Brasil.

Para o ex-ministro, o governo Bolsonaro é uma tragédia, tendo provocado uma deterioração muito grande das condições econômicas e sociais do país. “Seu governo conseguiu destruir os avanços obtidos pela política desenvolvimentista e de bem-estar social que havíamos conseguido alcançar. De 2017 a 2022 sobretudo em função da imposição do teto de gastos, a partir do governo Michel Temer, e da privatização da gestão das empresas públicas, ampliada por Bolsonaro, houve uma queda brutal do investimento público, submetendo o país a uma profunda estagnação econômica, com alto desemprego e aumento da miséria e, agora, com a disparada da inflação, devemos passar para uma etapa mais grave que é a estagflação”, avaliou.

Fome e desemprego

Lembrou que no governo Dilma o desemprego era mínimo, em torno de 4%, tendo o Brasil saído do chamado Mapa da Miséria da ONU; no governo Lula, o crescimento econômico era em média de 4% ao ano, e de 2016 a 2022, ou seja, em seis anos, foi de 3%. Hoje o desemprego é de mais de 11%, sendo que 15% da população, o equivalente a 30 milhões de pessoas, passam fome.

“O primeiro desafio do novo governo é tirar estas pessoas desta situação mais crítica. Para isto, precisamos retomar o crescimento, diminuir o desemprego, a pobreza e equilibrar as contas públicas que virá através do crescimento da arrecadação e não como acontece agora, pelo corte de recursos públicos e de direitos”, argumentou.

Papel dos bancos públicos

Argumentou que, para isto, algumas medidas têm que ser tomadas. “A primeira é acabar com o teto de gastos que impede o investimento público. A segunda é revisar a reforma trabalhista para aumentar a renda e garantir direitos; e a terceira é desprivatizar as empresas públicas que tiveram a gestão entregue a executivos do mercado – passando a ter como objetivo apenas aumentar a sua rentabilidade para beneficiar os acionistas – fazendo com que elas voltem a ter a exercer sua função social”, explicou.

Disse que os bancos públicos terão papel fundamental na reconstrução. Acrescentou que o Banco do Brasil e a Caixa Econômica têm que voltar a conceder crédito em quantidade, mas a juros baixos, forçando os concorrentes privados a também conceder crédito a taxas menores.

“Os dois bancos, com esta política, garantiram que o Brasil, em 2008, enfrentasse a crise internacional, e saísse dela mais rápido que a maioria dos países. Também a Petrobras tem que voltar a cumprir o seu papel de empresa pública, baixando os preços dos derivados, o que terá o efeito de reduzir a inflação”, frisou.

Ressaltou que quando o BB e a CEF passaram a ofertar crédito mais barato, foi positivo para toda a economia e para o crescimento do resultado dos próprios bancos. “O BB se tornou o maior banco do país em patrimônio. Hoje em dia perdeu a sua função social e se comporta como um banco privado, voltado para o lucro, tendo o governo tirado dele a função social”, lamentou.

Já o BNDES tem que ser capitalizado e voltar a fazer investimentos maciços. “Sem financiamento de longo prazo o país não cresce. Precisamos reduzir a taxa de juros do banco, que era de 5% ao ano e hoje é IPCA mais 5%, ou seja, algo em torno de 17,8%. Precisamos, ainda, de um programa de investimento em infraestrutura para o escoamento de produtos, dentro e fora do país, como em rodovias, portos, trens, e na construção de moradias através de programas como o Minha Casa, Minha Vida, movimentando a construção civil, gerando empregos e garantindo a habitação para famílias mais pobres”, disse.

 

 

 

 

 

 

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