Quarta, 13 Janeiro 2021 20:23

Ao demitir Brandão, Bolsonaro busca eximir-se de responsabilidade sobre o desmonte do BB

Com demissão de Brandão, Bolsonaro tenta tirar corpo fora do desmonte do BB na pandemia Com demissão de Brandão, Bolsonaro tenta tirar corpo fora do desmonte do BB na pandemia

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Imprensa SeebRio

A queda do presidente do Banco do Brasil, André Brandão, foi confirmada na tarde desta quarta-feira (13/1). Muitas versões estão sendo aventadas pela imprensa empresarial, mas uma delas, extremamente fantasiosa, atribuída a ‘fontes do Palácio do Planalto’ diz que a demissão foi motivada pela insatisfação de Bolsonaro e Paulo Guedes com o plano de reestruturação do Banco do Brasil, anunciado no último dia 11, como se este plano de desmonte da estrutura do BB tivesse sido formulado e imposto sem a autorização do presidente da República e do ministro da Economia, aos quais Brandão é subordinado.

A suspeita levantada por analistas políticos é de que ao demitir Brandão, Bolsonaro pretende criar um fato político, plantando mais uma fake news, para eximir-se de responsabilidade por desmontar a estrutura do BB, de forma criminosa, em plena pandemia, prejudicando a população – que passará a contar com uma rede de agências menor, com menos 5 mil funcionários – e a toda a economia que precisa do apoio financeiro de um banco do porte do BB para retomar a atividade econômica que está em recessão. Sustentam que caso o presidente e Guedes não concordassem com o desmonte, ele não teria sido imposto por André Brandão que a eles é subordinado, tendo sido por eles nomeado.

Lembram, inclusive, que o plano de reestruturação do BB segue a política que vem sendo imposta por Bolsonaro e Guedes em diversas outras estatais. Política que tem como objetivo privatizar estas empresas, seja para gerar recursos como parte do ajuste fiscal, seja para fragilizar o Brasil, aumentando a sua dependência dos países desenvolvidos, sobretudo os Estados Unidos, país ao qual Bolsonaro já bateu continência à bandeira. Para estes analistas, Bolsonaro está preocupado com o desgaste que o desmonte vai gerar e como impactará a sua popularidade.

Acrescentam que não é a primeira vez que um presidente do BB cai após uma operação contrária aos interesses do Banco do Brasil e do país, que geraram um grande degaste. Citaram a demissão de Rubem Novaes, em setembro, logo após ter sido vendida por R$ 371 milhões ao BTG-Pactual de Guedes, a carteira de crédito de R$ 1,9 bilhão do BB. Brandão ficou no cargo apenas quatro meses até ser derrubado para criar uma cortina de fumaça sobre a verdade dos fatos.

O desmonte

O desmonte foi imposto pelo governo Bolsonaro em meio à pandemia, reduz a rede de agências do banco, corta salários, funções gratificadas e prevê a redução de 5 mil postos de trabalho. As medidas a serem impostas neste primeiro semestre de 2021, preveem o fechamento de 361 unidades, sendo 112 agências, 7 escritórios e 242 Postos de Atendimento (PA), além da conversão de 243 agências em postos de atendimento e a ‘transformação’ de 145 unidades de negócios em Lojas BB, estes dois últimos, sem gerentes e guichês de caixa.

Com o fechamento de agências e a sua transformação em PAs, serão cortadas funções gerenciais e de módulo, tendo o banco anunciado, também, a extinção do pagamento contínuo da gratificação de caixa. Os funcionários destas atividades sofrerão uma redução salarial significativa. Os caixas passarão a receber como escriturários. Como parte do plano de desmonte do BB, o governo federal, maior acionista individual do banco, pretende dispensar mais de 5 mil funcionários através do Plano de Adequação de Quadros (PAQ) e do Plano de Desligamento Extraordinário (PDE).

Segundo documento ao mercado, intitulado “Informação Relevante”, assinado por Carlos José da Costa André, vice-presidente de Gestão Financeira e Relações com Investidores, o plano está sendo imposto para ‘adequar’ o BB ao novo perfil dos clientes que se utilizam dos canais digitais, ‘esquecendo’ que no Brasil, 47 milhões de habitantes simplesmente não têm acesso à internet. E para economizar R$ 353 milhões em 2021 e R$ 2,7 bilhões até 2025, mesmo com lucro líquido de R$ 10,189 bilhões nos primeiros nove meses de 2020, dentro da política de diminuição do Estado e de ajuste fiscal.

 

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