Quarta, 24 Junho 2020 23:21

É preciso barrar a privatização para garantir o papel social do Banco do Brasil

O Ministro da Economia do Governo Bolsonaro, Paulo Guedes, quer privatizar bancos públicos para atender aos interesses econômicos das instituições privadas O Ministro da Economia do Governo Bolsonaro, Paulo Guedes, quer privatizar bancos públicos para atender aos interesses econômicos das instituições privadas

Mostrar à sociedade a necessidade de barrar a privatização do Banco do Brasil, devido ao seu papel importante de financiador do desenvolvimento econômico e social, que vem sendo negado pelo governo Bolsonaro, inclusive recusando-se a investir recursos dos bancos públicos para minimizar os efeitos sociais e econômicos gerados pela pandemia do novo coronavírus. Este foi o principal recado dos dirigentes bancários aos participantes do debate ao vivo (live) “Banco do Brasil sob ameaça. Como resistir?”, feito pelas redes socais do Sindicato, no final da tarde desta quarta-feira (24/6).

A mediadora do debate foi a presidenta do Sindicato, Adriana Nalesso e os debatedores o vereador e funcionário licenciado do BB, Reimont (PT-RJ), o coordenador da Comissão de Empresa dos Funcionários do banco, João Fukunaga, Rita Mota, diretora do Sindicato e membro da Comissão e o diretor eleito de seguridade da Previ, Marcel Barros. Todas as quartas-feiras, o Sindicato tem promovido debates virtuais sobre diversos temas, sempre às 19 horas.

Riscos da privatização

Adriana abriu o debate denunciando que, justamente por não terem a mínima preocupação social e por defenderem os interesses dos bancos privados, Bolsonaro e o ministro da Economia Paulo Guedes insistem na privatização do BB. “Guedes é um homem do mercado, em nada interessado no bem-estar da população, o que ficou patente em sua decisão de cortar recursos que deveriam ser usados para reduzir os custos da pandemia. Por isto mesmo, e para aumentar os lucros dos bancos particulares, quer privatizar o BB. A sociedade precisa ser alertada para os riscos que corre se isto vier a acontecer”, afirmou.

Negociações com o banco

Já Rita Mota lembrou que a fala chula de Guedes no vídeo da reunião do governo do dia 22 de abril, na qual defendeu a privatização rápida ‘desta porra do Banco do Brasil’, mostrou o descaso que tem para com o patrimônio público e a quais interesses está ligado. Rita frisou ainda que esta é a mesma posição já expressada pelo atual presidente do BB. Acrescentou que este descaso tem levado a direção do banco a dificultar a abertura de negociações sobre o funcionamento da instituição durante a pandemia e a respeito dos impactos desta realidade sobre o funcionalismo, como horas negativas, trabalho remoto e suas consequências. “É preciso retomar as negociações. Os funcionários têm o direito de trabalhar com a necessária tranquilidade para não adoecer”, afirmou.

O vereador Reimont afirmou que o governo Bolsonaro quer o BB nas mãos do setor privado porque não está preocupado com o povo, mas em atender os poderosos. Frisou que os bancos privados não têm objetivos sociais, mas unicamente a garantia de mais lucros. Deu como exemplo de comportamento de banco privado o do Santander que, em plena pandemia e mesmo tendo a conta da Prefeitura do Rio, mais de R$ 1 bilhão administrados mensalmente, vem demitindo em massa. “No mínimo, o prefeito deveria exigir do Santander que não demitisse. Mas como tem a mesma política do governo federal, não exige nada do banco espanhol”, acusou.

Papel Social 

O diretor eleito de seguridade da Caixa de Previdência do BB (Previ), Marcel Barros, chamou a atenção para o fato de que se os bancos públicos estivessem cumprindo a sua função social, investindo pesadamente recursos no país, os efeitos da pandemia sobre a atividade econômica e os empregos seriam bem menores o que ajudaria na recuperação pós-coronavírus. “Utilizar os bancos públicos para fazer financiamentos visando estabilizar a economia e preservar empregos era o mínimo que se esperaria de um governo sério. Mas não é o caso. Ao atual governo não interessa fazer isto. Está jogando o país à própria sorte. E, por este motivo, as dificuldades estão sendo bem maiores”, denunciou. Classificou como um absurdo um ministro de estado defender a venda de um banco público em plena crise da pandemia.

“Isso mostra que ele por ser um homem do mercado, defende os interesses do mercado. É importante o papel dos sindicatos da Contraf-CUT de dialogar com os bancários e toda a sociedade para denunciar as intenções do governo ao pretender privatizar o BB e mostrar a importância de resistir a isto”, afirmou Marcel. A respeito das eleições da Previ, marcadas para ocorrer de 13 a 27 de julho, disse que é importante votar na chapa que comprovadamente defende os direitos dos associados, numa referência à Chapa 1.

Trabalho remoto

Também numa referência às eleições para a Previ e à Chapa 1, o coordenador da Comissão de Empresa, João Fukunaga, defendeu que sejam eleitos os que estão do lado do funcionalismo do BB. “Vivemos uma situação complicada na Cassi por não prestar atenção neste aspecto”, avaliou. Adiantou ter a Comissão cobrado do banco a extensão do home office e, ao mesmo tempo, definições claras para o trabalho remoto. “Há pessoas adoecendo por trabalharem demais, muito além da jornada, com cobranças de metas em plena pandemia. Isto é desumano”, argumentou.

Acrescentou que a organização de uma ampla campanha em defesa do BB tem que ser o centro das conferências regionais e do congresso nacional dos funcionários do banco. “Representantes do mercado, como o senhor Paulo Guedes, querem entregar o lucro e a posição do Banco do Brasil para o setor privado. Congressos e conferências serão momentos para organizar a mobilização do funcionalismo e o diálogo com a sociedade para resistir a esta tentativa”, disse.

Previ: Chapa 1

Candidata da Chapa 1, assim como Marcel, Rita Mota frisou, sobre a eleição da Previ, que é preciso manter a atual gestão democrática que represente os associados e não um segmento que tem a lógica contrária. “Por isto, é importante votar na Chapa 1 para manter a defesa dos associados”, defendeu.

Sobre a intenção divulgada pela direção do banco de manter parte do funcionalismo em trabalho remoto mesmo após a pandemia, o vereador Remont disse que pode ser muito prejudicial se não houver limites bem estabelecidos. “Usar o chamado home office pode ser uma armadilha. Por isto defendo aprovar a sua regulamentação”, defendeu. Sugeriu realizar uma audiência pública a respeito, na Câmara dos Vereadores. Fukunaga agradeceu a sugestão e pediu, durante a live, que o vereador solicitasse o agendamento da audiência.

Todos defenderam o uso das redes sociais pelos sindicatos, como forma de ampliar os debates sobre diversos temas e como elemento para organizar os bancários e demais categorias. Rita acrescentou que utilizar esta ferramenta não significa abrir mão do contato pessoal com a base. “Temos que somar estas duas práticas de maneira a ampliar a luta pelos direitos da categoria, em defesa dos bancos públicos e contra este governo que a cada dia mostra mais de que está contra a população e do lado dos mais ricos”, afirmou Adriana.

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