Segunda, 13 Outubro 2025 19:44
BANCO DO BRASIL

BB chega aos 217 anos e funcionalismo recebe “presente de grego” da direção da empresa

Direção do banco celebra aniversário da instituição com ataques aos bancários, como o aumento da jornada de comissionados no MAD (Movimento de Aceleração Digital) e suspensão de férias e salário de substituto
Funcionários e o Sindicato em defesa do Banco do Brasil enquanto empresa pública e contra os ataques da extrema-direita à instituição: a direção do banco dá mau exemplo atacando os direitos dos bancários Funcionários e o Sindicato em defesa do Banco do Brasil enquanto empresa pública e contra os ataques da extrema-direita à instituição: a direção do banco dá mau exemplo atacando os direitos dos bancários Foto: Nando Neves

 

Carlos Vasconcellos

Imprensa SeebRio

 

O Banco do Brasil completou, no último domingo (12 de outubro), 217 anos de existência. Em vez de celebrar a data valorizando seus funcionários — que, com seu trabalho, constroem o lucro e a história da instituição —, a atual direção do banco decidiu conceder um verdadeiro “presente de grego” ao funcionalismo, com novos ataques aos direitos dos bancários.

Entre as medidas estão o aumento da jornada de seis para oito horas para comissionados, dentro do programa Movimento de Aceleração Digital (MAD), anunciado no dia 3 de outubro, que atinge unidades estratégicas. Além disso, o banco tomou outra medida, suspendendo férias e o pagamento de salário de substituto para funcionários do setor de varejo. (Confira detalhes das medidas em nosso site: www.bancariosrio.org.br). Esta mudança foi anunciada pelo banco no dia 10 de outubro.

Aos moldes do setor privado

O diretor executivo de Bancos Públicos do Sindicato dos Bancários do Rio, Alexandre Batista, criticou duramente as medidas. “O presente de aniversário que o funcionalismo recebeu, em vez de felicitações e agradecimentos por fazer dessa instituição bicentenária motivo de orgulho nacional e eficaz condutora de políticas públicas, foram ataques seguidos aos direitos dos trabalhadores e deterioração das relações de trabalho”, lamentou o dirigente sindical.

O diretor do Sindicato Júlio Castro destacou que, mesmo após quase três anos da nova direção, os funcionários e a população não perceberam mudanças positivas. “As gestões anteriores deixaram um rastro de destruição: metas irresponsáveis, assédio moral, juros e taxas altíssimas, Performa, extinção dos caixas, esvaziamento das agências, acúmulo de horas negativas durante a pandemia e adoecimento dos trabalhadores. A atual direção mantém a lógica do lucro a qualquer custo, priorizando apenas a competitividade, aos moldes do setor privado”, acrescentou.

No dia 3 de outubro, o Sindicato publicou uma nota oficial de repúdio às medidas do BB contra os direitos dos funcionários. (Confira a nota completa em nosso site).

“Nada mudou. Não temos o que comemorar”, reforçou Júlio.

Decisão é retrocesso

A diretora do Sindicato, Rita Mota, considera as decisões do banco um retrocesso. A Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil (CEBB) cobrou da direção da empresa, em reunião virtual realizada na segunda-feira (6), a suspensão imediata da reestruturação iniciada dentro do programa MAD.

Lançado na sexta-feira (3), sem qualquer diálogo com o movimento sindical, o projeto prevê, entre outras medidas, a ampliação da jornada de seis para oito horas para 25% dos cargos de assessoramento (assessores I, II e III) em áreas estratégicas.

“Essa decisão vai na contramão da história. É um retrocesso equivalente ao que foi feito no governo FHC: aumento da jornada e redução do valor da hora trabalhada. Os funcionários do BB não têm que pagar o pato da inadimplência de setores lucrativos da economia. O banco precisa rever essa medida por uma questão de justiça”, cobrou Rita.

Resistência e mobilização

O diretor do Sindicato Jorge André lembrou que medidas semelhantes já foram tomadas no passado, mas revertidas graças à luta sindical e ações judiciais.

“Quando a instituição retoma essas práticas num momento em que há redução do resultado financeiro, causada por inadimplência concentrada em determinados segmentos, vemos novamente a história se repetir - agora como tragédia e farsa, com perversa transferência de responsabilidades. O agronegócio não quita suas dívidas e quem paga a conta são os trabalhadores”, destacou.

O dirigente Eduardo Bulhões ressaltou que o momento exige resistência e mobilização. “O corpo funcional do BB deve se manter firme na defesa dos direitos, no cumprimento dos acordos já estabelecidos e das decisões judiciais. A direção atual tem sido implacável em sua tentativa de direcionar o banco para atender à sanha do mercado financeiro”, criticou. Ele alertou ainda que a manutenção de metas abusivas, o fechamento de postos de atendimento e o pouco diálogo com o corpo funcional adoecem os trabalhadores e prejudicam o atendimento à população.

Vem pra luta

O Sindicato orienta o funcionalismo a acompanhar as redes sociais da entidade, estar atento às informações do site e do Jornal Bancário, e participar das atividades e assembleias em defesa dos direitos da categoria.

“A categoria precisa entender que a luta é de todos nós, independentemente da lotação ou do cargo. Só com unidade será possível enfrentar os ataques da atual diretoria”, concluiu Bulhões.

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