Sexta, 16 Mai 2025 16:35
ADOECIMENTO DE BANCÁRIOS

Apesar do recuo de 20,7%, lucro do BB é ainda exorbitante e vai a R$ 7,3 bi no primeiro trimestre

Sindicatos cobram melhores condições de saúde e de trabalho e criticam metas que têm adoecido um número cada vez maior de funcionários
A diretora do Sindicato do Rio e representante da CEBB (Comissão Executiva dos Funcionários) criticou o adoecimento dos funcionários do Banco do Brasil em função de metas desumanas A diretora do Sindicato do Rio e representante da CEBB (Comissão Executiva dos Funcionários) criticou o adoecimento dos funcionários do Banco do Brasil em função de metas desumanas Foto: Nando Neves

 

Carlos Vasconcellos

Imprensa SeebRio

 

O Banco do Brasil alcançou, no primeiro trimestre deste ano, um lucro líquido ajustado de R$ 7,3 bilhões. O resultado, divulgado na última quinta-feira (15) representa uma queda de 20,7% ante o mesmo período do ano passado.

O número ficou bem abaixo da expectativa do mercado, que previa um lucro em torno de R$ 9 bilhões. É o primeiro recuo dos números após 16 trimestres consecutivos de crescimento anual do lucro. Além disso, foi o único, entre os grandes bancos, a apresentar redução nos ganhos, nos três meses de 2025.

Adoecimento dos funcionários

A diretora do Sindicato dos Bancários do Rio e representante da CEBB (Comissão Executiva dos Funcionários), Rita Mota, fez uma avaliação da situação dos bancários ante os lucros do banco.

“Ainda que o lucro do Banco do Brasil tenha sido abaixo das expectativas do mercado, os ganhos não deixaram de ser exorbitantes, em grande parte em função do trabalho dos funcionários que são pressionados diariamente a bater metas muitas vezes inalcançáveis, em condições de trabalho muito estressantes, que resultam no adoecimento psíquico dos trabalhadores. Os ganhos não podem ser avaliados somente do ponto vista financeiro, mas também em relação à saúde e às condições de trabalho dos bancários”, disse Rita.  

Avaliação do banco

Segundo o banco, a piora da inadimplência do agro, junto com a nova resolução do Conselho Monetário Nacional (CMN) nº 4.966/2021, que obriga os bancos a alinharem as práticas contábeis e de gestão de riscos aos padrões internacionais, puxou os números para baixo. O setor, no caso pequenos e médios produtores, passa por uma alta expressiva no número de recuperações judiciais. Foram registradas 341 companhias nessa situação no primeiro trimestre de 2025, crescimento de 38% em relação ao mesmo período de 2024 e de 15,6% comparado ao quarto trimestre de 2024.

Além disso, o ROE (retorno sobre o patrimônio líquido) despencou 498 pontos-base (bps), encerrando o trimestre a 16,7%.

Na avaliação da CEO, Tarciana Medeiros, “o primeiro trimestre foi um período de transição, especialmente por conta da nova regulação da contabilização e do aumento da inadimplência no segmento agro”.

“Diante deste cenário, ratifico que seguimos focados no nosso compromisso de entregar um resultado condizente com o tamanho do Banco do Brasil”, explicou em matéria à imprensa especializada em investimentos de mercado.

O indicador de inadimplência acima de 90 dias, que encerrou a 3,9%, alta de 1 ponto percentual e o índice de inadimplência do crédito agro, este último, o vilão do trimestre, que apresentou elevação de 1,44 ponto percentual em 12 meses, a 3,04%.

 

Mídia