Quinta, 30 Outubro 2025 14:52
NÃO VALORIZA OS FUNCIONÁRIOS

Santander lucra mais de R$4 bi no terceiro trimestre extinguindo agências e demitindo bancários

Grupo espanhol não valoriza os funcionários que mais lucros garantem ao banco no mundo: os brasileiros
O Sindicato convoca a categoria a se sindicalizar e fortalecer a luta do movimento sindical em defesa dos empregos O Sindicato convoca a categoria a se sindicalizar e fortalecer a luta do movimento sindical em defesa dos empregos Foto: Nando Neves

 

 

Carlos Vasconcellos

Imprensa SeebRio

O Santander Brasil registrou lucro líquido gerencial de R$ 4,01 bilhões no terceiro trimestre de 2025, um crescimento de 9,4% em relação ao mesmo período do ano passado. O resultado, divulgado pelo banco na última quarta-feira (29), superou as previsões do mercado — a média das estimativas de analistas apontava lucro de R$ 3,71 bilhões.

O retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) do Santander avançou 0,5 ponto percentual em um ano, chegando a 17,5%. Os ativos totais somaram R$ 1,253 trilhão, o que representa queda de 2,4% em 12 meses, mas alta de 2,4% em relação ao trimestre anterior. Já o patrimônio líquido cresceu 6,1% em um ano e 1,9% no trimestre, alcançando R$ 94,171 bilhões.

Emprego e direitos

Por trás dos números extraordinários do grupo espanhol em nosso país, há uma realidade dura para os trabalhadores. Ao final de junho de 2025, o Santander contava com 53.918 empregados, frente aos 55.091 registrados em junho de 2024 — 1.173 demissões líquidas em 12 meses. No mesmo período, a base de clientes cresceu em 4,5 milhões de pessoas, chegando a 71,7 milhões.

“Estamos diante do maior desafio da categoria em toda a sua história: preservar os empregos diante do avanço da Inteligência Artificial e das plataformas digitais, que estão reduzindo drasticamente os postos de trabalho no setor bancário”, alerta Marcos Vicente, diretor do Sindicato dos Bancários do Rio e representante da COE (Comissão de Organização dos Empregados).

Terceirizações fraudulentas

Segundo o dirigente sindical, a unidade e a mobilização da categoria, por meio do fortalecimento dos sindicatos, são o único caminho para enfrentar os ataques do banco.

“No Santander há um agravante: as terceirizações com contratação fraudulenta de mão de obra. Temos buscado todos os recursos — com denúncias ao Ministério Público do Trabalho, audiências públicas no Congresso Nacional, ações judiciais e manifestações — contra essa covardia do Santander em relação aos bancários brasileiros, responsáveis por gerar os maiores lucros do grupo no mundo”, afirmou Vicente.

Novas tecnologias

No processo de reestruturação, o banco fechou 558 agências no Brasil entre junho de 2024 e junho de 2025, reduzindo sua rede de 2.446 para 1.888 unidades.

“O trabalhador precisa estar à frente dos debates sobre as novas tecnologias. A Inteligência Artificial deve ser um instrumento para melhorar a qualidade de vida, com redução da jornada sem diminuição dos salários, e não um mecanismo para ampliar lucros e aprofundar a desigualdade. Por isso é fundamental que a categoria se envolva nesses debates e participe das atividades dos sindicatos”, concluiu Marcos Vicente.

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