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Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
A Alerj aprovou o projeto que autoriza o governo estadual a utilizar recursos do RioPrevidência para pagar dívidas com a União. No mesmo dia, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) deu aval à venda do complexo do Maracanã, da Aldeia Maracanã e 28 propriedades da Uerj
Foto: Divulgação
Carlos Vasconcellos
Imprensa SeebRio
O Estado do Rio de Janeiro vive, nos últimos dez anos, o seu pior momento econômico e social. A decadência é visível nas ruas: cresce o número de empresas que deixam o estado, o desemprego aumenta, a população de rua se espalha não apenas na capital e milhares de cariocas vendem seus imóveis em busca de regiões mais seguras.
Nesse cenário caótico, o governo Cláudio Castro (PL) — que assumiu o Palácio das Laranjeiras após o impeachment de Wilson Witzel (PL) em junho de 2020 — aprofunda a crise. Além de arrochar os servidores estaduais, sucatear a educação e a saúde e assistir à escalada da violência, Castro agora quer tirar recursos do RioPrevidência para pagar dívidas com a União.
Dinheiro dos aposentados
Na quarta-feira (23), a Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) aprovou o projeto de lei que autoriza o governo a utilizar parte dos royalties e participações especiais do petróleo, hoje destinados ao Fundo Único de Previdência Social (RioPrevidência), para quitar a dívida pública com a União.
Os deputados da oposição — minoria na Casa — votaram contra a proposta e tentaram minimizar os danos aos servidores. O deputado Luiz Paulo (PSD) afirmou que o acordo aprovado foi uma “solução intermediária”, que reduziu, mas não eliminou, os prejuízos. “Isso não era o que desejávamos, por isso votamos contra”, declarou. Ele informou ainda que levará o caso ao Tribunal de Justiça do Rio, por considerar o projeto inconstitucional: “O tema da previdência não deve ser tratado por lei ordinária, mas sim por lei complementar”, explicou.
O deputado Flavio Serafini (Psol), presidente da Comissão dos Servidores Públicos, classificou a proposta como “absurda” e “uma ameaça não apenas ao pagamento de aposentados e pensionistas, mas à sustentabilidade do estado como um todo”.
Por se tratar de uma mensagem do governador, o PL 6035/2025 tramitou em regime de urgência. O texto havia sido amplamente discutido na terça-feira (22), mas foi retirado de pauta após receber emendas. Agora, segue para sanção de Cláudio Castro.
O Maraca já não é mais nosso
O Estádio do Maracanã há muito deixou de ser do povo. A elitização do futebol — com ingressos caros, o fim da geral e a demolição do antigo estádio para dar lugar a uma arena moderna, mas menor — foi o primeiro passo do desmonte iniciado no governo Sérgio Cabral, que envolveu propinas e negociatas.
Agora, o governador Cláudio Castro quer ir além: pretende vender todo o complexo do Maracanã. No pacote de entrega do patrimônio público, que tenta adiar a falência do estado e favorecer o projeto eleitoral do governador, estão incluídos ainda a Aldeia Maracanã e 28 propriedades da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). O projeto foi aprovado na mesma quarta-feira (23) em que passou a proposta que permite o uso de recursos do RioPrevidência para pagar dívidas. A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Alerj alterou o texto encaminhado pelo Executivo, mas manteve a essência privatista da medida.
O grito das arquibancadas — como o entoado pela torcida vascaína, maioria no clássico contra o Fluminense na segunda-feira (20): “O Maraca é nosso!” — pode se tornar apenas uma lembrança do passado. É que há anos, grandes investidores sonham em derrubar de vez o estádio para atender interesses do setor de empreendimentos imobiliários. Integrantes do atual governo já chegaram a chamar o Maracanã de “elefante branco”.
Mas o estádio, ainda que descaracterizado, precisa continuar no mesmo lugar — como símbolo da cultura e paixão popular brasileira. Quem precisa sair e ser removido são os que ocupam o Palácio das Laranjeiras e a Alerj, e que tratam o patrimônio público, os servidores e o povo fluminense com total desprezo.