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Diagramação: Marco Scalzo
Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
Diretores do Sindicato dos Bancários do Rio protestaram contra os ataques da direção do BB aos direitos do funcionalismo. A atividade aconteceu em frente ao Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB)
Foto: Nando Neves
Funcionários e funcionárias do Banco do Brasil realizaram nesta quarta-feira (22) o Dia Nacional de Luta contra as arbitrariedades e os ataques da gestão da presidenta da empresa, Tarciana Medeiros, e das diretorias da instituição aos direitos dos bancários.
As medidas recentes do banco geraram indignação e insatisfação no funcionalismo, como o corte de vagas de seis horas e a substituição por cargos de oito horas — manobra que agrava ainda mais a sobrecarga de trabalho. Além disso, a direção anunciou a suspensão dos pagamentos de substituições nos meses de novembro e dezembro e a proibição de férias nesse período, retirando direitos e desvalorizando quem garante os lucros de uma empresa secular, com papel essencial para o desenvolvimento econômico e social do país.
Outra medida que causou revolta foi a retirada da ajuda de custo para deslocamento dos trabalhadores das Plataformas de Suporte Operacional (PSO), penalizando bancários que se deslocam diariamente para atender demandas em diversas unidades. A decisão impacta diretamente a renda desses trabalhadores e dificulta o exercício de suas funções. O movimento sindical critica ainda a extinção dos caixas; cobrança das horas negativas geradas na pandemia da covid-19 e falta de diálogo do banco com os sindicatos.
Atividade no Rio
No Rio de Janeiro, a manifestação ocorreu em frente ao Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), no Centro, e teve distribuição de cachorro-quente à população — um protesto simbólico contra a “cachorrada” que o banco vem fazendo com os bancários.
“Ninguém fala na diretoria do BB que o grande responsável pelos problemas no balanço da empresa foi a falta de avaliação de risco em relação ao financiamento do agronegócio. Estamos aqui denunciando essa situação à população”, declarou o diretor do Sindicato e representante da Comissão de Empresa dos Funcionários (CEBB), Alexandre Batista.
Alexandre criticou também as metas abusivas e as pressões que têm causado adoecimento físico e psicológico entre os trabalhadores, lembrando que muitos bancários têm recorrido a remédios de tarja preta em função do estresse.
“Não podemos comparar com gestões anteriores, porque estamos num governo progressista, mas a atual diretoria faz o mesmo [em relação ao governo anterior]. É um momento de decepção. Há total falta de diálogo com o funcionalismo e com o movimento sindical. Não é apenas assédio do gerente sobre o funcionário, mas da própria estrutura da empresa contra seus trabalhadores. Hoje há uma contradição entre a norma do banco e o dia a dia nas agências. O assédio estrutural é ainda mais grave do que o pessoal, com o banco mudando seu normativo interno para legitimar essas práticas”, afirmou o diretor do Sindicato Roberto André.
A presidenta em exercício do Sindicato, Kátia Branco, reforçou as críticas ao banco. “Estamos denunciando a ‘cachorrada’ que a direção do BB está fazendo contra seus trabalhadores. Vestimos preto para dizer ‘não’ aos desmandos, que se acumulam a cada dia. Uma das atrocidades mais recentes é a proibição de férias em novembro e dezembro. Essa é mais uma das medidas autoritárias da autoproclamada ‘mainha’ contra os bancários”, criticou.
O diretor executivo do Ramo Financeiro do Sindicato, Júlio Cesar Castro, também repudiou as práticas da atual gestão:
“Infelizmente, o Banco do Brasil não tem se comportado como o banco dos brasileiros. Está cada vez mais difícil um cliente ir a uma agência pagar suas contas — e isso num governo que é dos trabalhadores. O atendimento presencial é um direito. O BB não tem sido o banco ‘do Brasil’, mas apenas uma instituição que está no Brasil. Os idosos que não conseguem usar plataformas digitais estão recorrendo às fintechs. O banco não está cumprindo seu papel social”, denunciou.
Banco cria passivo trabalhista
A diretora do Sindicato Rita Mota destacou que as medidas recentes são prejudiciais ao funcionalismo e que a atual direção do banco não aprendeu a lição, podendo criar novos passivos trabalhistas. “O BB é uma instituição grande, forte e lucrativa. Não precisa agir contra seus funcionários. A direção afirma que está promovendo ações ‘estruturantes’, mas, na verdade, está desestruturando os bancários.
Rita lembrou que a conquista da jornada de seis horas se deu justamente pelo caráter desgastante do trabalho bancário, e que o aumento da jornada implica perda de direitos. “O aumento da remuneração é muito inferior ao que seria se o BB pagasse horas extras. A empresa está criando um novo passivo trabalhista, já que o banco perdeu várias ações judiciais ao retirar direitos dos trabalhadores”, completou.