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Diagramação: Marco Scalzo
Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
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Num curto espaço de tempo, o Brasil deixou de contar com dois jornalistas progressistas, cujo trabalho ajudou os leitores a entender de forma crítica a realidade nacional. Em 30 de agosto foi Luis Fernando Veríssimo, dono de um humor fino, que nos deixou; e nesta terça-feira (2/9), Mino Carta também não vai mais nos brindar com seus textos de crítica ácida e sem medo dos poderosos.
Jornalista e escritor gaúcho, Verissimo, de 88 anos, morreu na madrugada de sábado (30) após complicações causadas por um caso grave de pneumonia. Já Mino, de 91 anos, lutava há um ano contra problemas de saúde e estava há duas semanas internado na UTI do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.
Veríssimo trabalhou nos principais jornais brasileiros, tendo construído uma trajetória profissional rica, com atuação em diferentes áreas e produção em vários formatos. Trabalhou como cartunista, tradutor, roteirista, publicitário, revisor, dramaturgo e romancista. Sua obra é marcada pelo bom humor, assertividade e crítica. Além das palavras, foi um amante da música, dedicado à prática do saxofone.
Já Mino Carta, fundador e diretor de redação da revista Carta Capital, foi uma referência na imprensa brasileira, tendo sido criador de jornais e revistas que marcaram época, como o Jornal da Tarde, Quatro Rodas, Veja e IstoÉ.
Mino Carta – Mino nasceu em 1933, em Gênova, na Itália e chegou ao Brasil após a Segunda Guerra Mundial, na década de 1940. Fez parte da terceira geração de jornalistas da família, tradição iniciada pelo avô materno. Em nota, o presidente Lula disse ter recebido com muita tristeza a notícia do amigo, que conheceu há quase 50 anos.
Afirmou que Mino sempre será uma referência para o jornalismo brasileiro por sua coragem, espírito crítico e compromisso com um país justo e igualitário. O presidente decretou três dias de luto oficial em todo o país em memória do jornalista.
Veríssimo – Em entrevista ao programa Sem Censura, da TV Brasil, Veríssimo contou como iniciou "tarde" na carreira de escritor, após começar a trabalhar na redação do jornal Zero Hora, de Porto Alegre (RS) na década de 1960.
"Até os 30 anos eu não tinha a menor ideia de ser escritor, muito menos jornalista. Eu fiz de tudo, e nada deu certo. Aí quando eu comecei a trabalhar em jornal - e naquela época não precisava de diploma de jornalista - foi quando descobri a minha vocação. Sempre li muito, mas nunca tinha escrito nada. Então, eu sou um caso meio atípico", disse.
Durante toda sua trajetória, Verissimo eternizou em crônicas, contos, tiras, quadrinhos e romances sua crítica ao autoritarismo e à ditadura civil-militar. Essa posição foi lembrada pelo presidente Lula, ao prestar homenagem ao célebre escritor.
Ao citar a criação de “personagens inesquecíveis”, como o Analista de Bagé, As Cobras e Ed Mort, Lula destacou que Verissimo “como poucos, soube usar a ironia para denunciar a ditadura e o autoritarismo; e defender a democracia”.