Carlos Vasconcellos 

Imprensa SeebRio 

Matéria publicada no site do Jornal Correio do Estado, do Mato Grosso do Sul, publicado no último sábado (23), informou que o banco Santander irá fechar de 18 agências nos EUA. O motivo alegado na matéria seria o investimento na era didital". 

Segundo o texto, a decisão, que teria surpreendido os clientes, a população e até o mercado, inclui o fechamento das unidades em Massachusetts, Nova Jersey, Pensilvânia, Nova York, New Hampshire e Rhode Island. 

O banco explica que "as pessoas estão evitando pisar nas agências física para realizar suas operações bancárias na palma da mão". 

A redução feita pelo Santander reduziu 4,5% da rede nos Estados Unidos, o que mostra que a maior potência capitalista do mundo Ocidental ainda possui um grande número de agências bancárias. 

O impulso da pandemia 

A notícia do jornal sul mato-grossense informa ainda que a pandemia de Covid-19 acelerou essa transição das agências físicas para as plataformas digitais. 

Objetivo é lucrar mais 

Sem nenhuma responsabilidade social e qualquer compromisso com o emprego e a vida dos trabalhadores de suas famílias, o Santander percebeu que a redução das estruturas físicas e o avanço nas novas tecnologias digitais, especialmente a Inteligência Artificial, representaria redução das despesas e aumento dos lucros.

Na avaliação do banco, "a perda gradativa do fluxo de clientes em agências, fez-se necessária a busca por formas de evitar despesas com energia e funcionários". A prova de que a única razão para a medida do banco espanhol é acumular mais lucros e valor de mercado, é que somente foram fechadas agências em regiões onde a demanda não apresentava um movimento constante. 

No entanto, o fechamento de unidades em território americano atinge apenas 4,5% das agências do banco no país, índice bem menor se comparado ao processo de reestruturação dos bancos privados no Brasil. Desde 2014, os três principais bancos privados no Brasil (Itaú, Bradesco e Santander) fecharam mais de 5 mil agências tradicionais, com uma aceleração do processo a partir de 2023, refletindo a migração dos clientes para os canais digitais e ajustes estruturais do setor bancário. Em 2024, os bancos privados extinguiram um total de 856 agências, contra 679 em 2023. 

"A transição tecnológica das empresas das estruturas físicas para o universo digital é irreversível no capitalismo, mas os trabalhadores precisam trazer para si, este debate, para que a Inteligência Artificial possa servir não apenas aos lucros das empresas, mas principalmente ao bem estar social, com redução de jornada sem diminuição de salários, garantindo melhor qualidade de saúde e de vida para as pessoas. Por isso, este tema foi prioritário na nossa 27ª Conferência Nacional dos Bancários, no último final de semana, em São Paulo ", explica o diretor do Sindicato Marcos Vicente, representante da COE (Comissão de Organização dos Empregados) do Santander. 

"O banco está sempre a frente em fechamento de agências, demissões e precarização do trabalho, através das terceirizações e da contratação fraudulenta de mão de obra, mas o movimento sindical continuará conscientizando a categoria a, cada vez mais, se associar e fortalecer o Sindicato para enfrentarmos estes desafios ", acrescentou. 

Vicente lembra ainda que, proporcionalmente, os bancos privados no Brasil extinguem muito mais agências do que nos países mais desenvolvidos. "Isso é uma contradição, pois num país continental e com a maior desigualdade do mundo, o sistema financeiro nacional precisa ter responsabilidade social em atender bem a população e isso passa pela contratação de mais funcionários e pelo fim deste processo de fechamento de agências ", concluiu o dirigente sindical. 

Bendigo Bank repete fórmula 

A matéria informa ainda que, na Austrália, o Bendigo Bank anunciou o encerramento de 10 agências físicas em três estados. O motivo utilizado pelo banco australiano é o mesmo das demais instituições financeiras mundo à fora: a migração dos usuários para bancos digitais.

O CEO do Bendigo Bank, Richard Fennell, anunciou o fechamento das 10 agências alegando um “último recurso”, necessário para equilibrar a rede física com investimentos em canais digitais. Ainda assim, a instituição financeira segue como uma das maiores presenças regionais da Austrália.