Sexta, 15 Agosto 2025 20:18

CEE cobra e Caixa garante que reestruturação não trará perdas financeiras

CEE durante a negociação com a Caixa. Foto: Nando Neves. CEE durante a negociação com a Caixa. Foto: Nando Neves.

Olyntho Contente

Imprensa SeebRio

Ao apresentar o processo de reestruturação, que vem chamando de reposicionamento, a Caixa Econômica Federal garantiu que não haverá perdas financeiras, durante a Mesa de Negociação Permanente, reunida nesta sexta-feira (15/8), no Aqwa Corporate, no Rio de Janeiro. A garantia foi dada a partir da advertência feita pela Comissão Executiva dos Empregados (CEE), de que a fusão de agências poderia gerar prejuízos para caixas e tesoureiros minuto e por prazo, realocados em caso de substituição pelos efetivos de unidades fechadas.

Para justificar a reestruturação, a Caixa argumentou que precisa se adequar à realidade, em que os clientes passaram a utilizar mais intensamente no seu dia a dia os canais digitais, e que há agências com baixo volume de atendimento. O coordenador da CEE, Felipe Pacheco, criticou o processo que deu origem ao reposicionamento, que foi colocado em prática sem qualquer negociação com a representação dos empregados. “O banco não pode vir com o bolo pronto e servir. Ainda mais um tema desta relevância, que pode gerar impactos na vida dos empregados”, afirmou.

Eliana Brasil, diretora da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), também criticou a falta de diálogo. “Este problema vem se repetindo. É preciso que esta Mesa seja valorizada”, disse.

Cobrança de melhor comunicação do banco – Rogério Campanate, representante da Federação das Trabalhadoras e dos Trabalhadores do Ramo Financeiro do Estado do Rio de Janeiro (Federa-RJ), ressaltou que é preciso que haja uma comunicação efetiva antecipada, por parte da Caixa, às representações dos trabalhadores, antes de colocar em prática essas mudanças. “No caso do home office, por exemplo, o pessoal recebeu a notícia, ficou todo mundo desesperado e a explicação de como seria aconteceu depois, e nem foi uma explicação oficial da Caixa. E a questão do problema no VPN, que coincidiu de ser na mesma época do comunicado das mudanças do home office e que demorou 15 dias para ter uma comunicação efetiva do que estava acontecendo, de quando seria o retorno e neste retorno a mensagem também foi no último dia do prazo final estabelecido”, exemplificou. “Isso estremece o processo de confiança por parte dos empregados, tanto nesse processo negocial, quanto no que a Caixa apresenta”, disse.

Em resposta, a Caixa fez autocrítica, pedindo desculpas e garantindo que nenhum colega será prejudicado financeiramente e que a mesa de negociações será valorizada, com o banco chamando sempre para apresentação prévia de mudanças antes de elas serem feitas.

Fechamento de agências – O banco disse que está assegurando vagas a todos de agências que serão fechadas. Serão extintas 52 agências no país e 23 postos de atendimento bancário. A CEE cobrou cuidado da Caixa para o fechamento de unidades. A representante da Federação dos Bancários da CUT do Estado de São Paulo (Fetec-CUT/SP), Luiza Hansen, citou o caso do anúncio do fechamento da agência Cipó Guaçu, que causou a revolta da população e do comércio, levando a críticas de políticos locais. O Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região está colhendo assinaturas para um abaixo-assinado contra o fechamento desta agência.

Outros temas foram tratados, como o programa Super Caixa, home office, VPN, segurança para os empregados nos casos de depoimentos em casos de golpes.

VPN e home-office – Em relação ao home-office foi reforçada a necessidade de serem estabelecidos critérios objetivos para que as pessoas possam se organizar para este modelo, evitando que certas chefias possam utilizar este tipo de trabalho, como punição, ou como premiação. A Caixa divulgou uma orientação de como deveria ser o trabalho remoto, que foi questionada pela CEE: seriam três dias na semana em casa e dois no presencial.

“Algumas áreas já tinham acordos diferentes. A de FGTS tinha dividido em quatro turmas, em escala, cada uma trabalhando uma semana presencial e três em home office. Os colegas argumentam que a forma proposta pela Caixa (3 em home e dois presencial) obriga as pessoas a carregar os equipamentos ida e volta, e que isso é perigoso, especialmente em lugares aqui do Rio de Janeiro”, argumentou Campanate.

A Caixa respondeu que acordos firmados anteriormente, poderiam continuar prevalecendo. “Esperamos que esta posição do banco seja mais efetiva, para que quem já tinha a escala definida, possa continuar”, afirmou Campanate.

A empresa reconhece que deveria ter comunicado antes, e que será providenciado um fluxo para indisponibilidades futuras. Foi cobrado que o banco estabeleça procedimentos para os casos dos depoimentos.

Super Caixa – A Caixa decidiu iniciar o debate da mesa de negociação, nesta sexta-feira (15/8), apresentando um programa próprio de pagamento de prêmios aos empregados de acordo com o desempenho, lançado em julho. É o já conhecido ‘Super Caixa’. A CEE criticou a Caixa por ter imposto o programa, sem negociá-lo, antes.

Outra crítica foi quanto ao prazo de pagamento dos valores, que era trimestral para a venda de produtos do Caixa Seguridade. Já com o ‘Super Caixa’ o pagamento é semestral. A CEE lembrou que com o novo prazo, o banco vai economizar e não haveria ganho para os empregados.

O Super Caixa vale para toda a rede de atacado e varejo e garante premiação a quem for além do seu desempenho individual. Vale para todos os empregados. Além da avaliação individual, haverá uma avaliação coletiva por agência.

Um dos problemas apontados é que o programa estabelece que a premiação somente será paga mediante resultado obtido pela unidade e não apenas o resultado individual. Se um empregado não alcançar a meta, todos deixam de receber. A empresa alegou que não deve haver premiação sem resultado.

O representante da Federação dos Trabalhadores do Ramo Financeiro de Santa Catarina (Fetrafi-SC), Edson Heemann, observou que, “assim como o banco argumenta que não deve haver premiação sem resultado, entendemos que não deve haver trabalho sem remuneração, ou seja, se a venda foi feita, o empregado tem que ser remunerado por ela”, disse.

Outra cobrança feita pela CEE foi com relação à disponibilização de telefone corporativo para o uso do app PJ.

Segurança – “Em relação à segurança bancária, envolvendo casos de fraudes que envolvam procedimentos junto à Polícia Federal, a empresa vai verificar o procedimento atualmente adotado e o tema deve ser retomado em mesas futuras, no sentido de garantir suporte e segurança aos empregados que denunciam crimes e auxiliam investigações”, informou a representante da Fetec-CN, Tatiana Oliveira.

O representante da Federação dos Empregados em Estabelecimentos Bancários (Feeb) de São Paulo e Mato Grosso do Sul, Tesifon Quevedo Neto, solicitou mesa específica para tratar da questão da segurança nas unidades que trabalham com numerário (dinheiro). “O objetivo é preservar a segurança dos empregados que atuam nesses locais, destacadamente tesoureiros e caixas, alvos primários em ações criminosas”, disse.

“Entendemos também que é preciso tratar a questão da segurança para as agências sem numerário também, pois os empregados lotados correm riscos ao trabalharem em unidades sem a presença de vigilantes”, disse a representante da Fenacef, Marilda Bueno.

Nova rodada de negociações – A próxima rodada de negociações será realizada nos dias 18 e 19 de setembro, em Belo Horizonte. No dia 18 será a mesa específica sobre o Saúde Caixa e no dia 19 ocorrerá a mesa de negociação permanente.

Mídia