Carlos Vasconcellos

Imprensa SeebRio

O Encontro Regional dos Empregados da Caixa no Rio de Janeiro, realizado neste sábado (9) no Sindicato dos Bancários do Rio, debateu os principais desafios enfrentados pela categoria. Entre os temas em pauta estiveram o impacto das novas tecnologias, a situação da Funcef (fundo de pensão dos empregados da Caixa) e a organização dos trabalhadores. O evento, realizado no auditório da entidade, no Centro da cidade, é uma preparação para o 40º Conecef (Congresso Nacional dos Empregados da Caixa), que acontecerá nos dias 21 (abertura conjunta com o Encontro Nacional do Banco do Brasil) e 22 de agosto deste ano, em São Paulo.

Durante o evento, a presidenta da Federa-RJ (Federação das Trabalhadoras e Trabalhadores no Ramo Financeiro do Estado do Rio de Janeiro) destacou que o setor enfrenta mudanças profundas. “Precisamos debater o uso das novas tecnologias pelos bancos e os impactos sobre o emprego. Já vemos o fechamento de agências e, no setor privado, muitas demissões”, afirmou. Ela citou, como exemplo, a decisão do Itaú de utilizar inteligência artificial generativa para substituir gerentes na área de negócios.

“Na última negociação, cobramos da Fenaban (Federação Nacional dos Bancos) a criação de uma mesa permanente para discutir o tema. O trabalho bancário não está acabando, mas sendo precarizado”, completou.

A dirigente também apresentou dados sobre a composição do ramo financeiro, destacando que atualmente apenas 48% dos trabalhadores são bancários, enquanto os demais 52% atuam em funções terceirizadas ou correlatas. Ela criticou o avanço da terceirização, intensificado após a reforma trabalhista promovida pelo governo Michel Temer (MDB).

Ataques à democracia

Nalesso criticou a recente ocupação da mesa do Senado por parlamentares de extrema-direita, lembrando que o governo anterior foi “entreguista” e responsável por ataques aos direitos dos trabalhadores e à organização sindical.

“O projeto deles é o fim dos sindicatos. Não pode haver ninguém que contradiga o que eles pregam”, afirmou.

Ela também destacou a importância do debate sobre a jornada de trabalho, mencionando a tentativa do Santander de abrir agências aos finais de semana. “Este sindicato esteve presente para impedir o funcionamento de agências em shoppings aos sábados”, reforçou, afirmando acreditar na força da mobilização da categoria.

Durante o debate, um empregado da Caixa deu um depoimento pessoal, lembrando que, em 1962, ainda se trabalhava aos sábados. Ele ressaltou que a jornada semanal de cinco dias é uma conquista histórica do movimento sindical e precisa ser defendida.

Funcef

Jair Pedro Ferreira, diretor de Benefícios da Funcef, abordou os desafios do fundo de pensão dos trabalhadores da Caixa e a importância de garantir sustentabilidade à instituição, assegurando uma aposentadoria digna para os participantes.

“Temos um desafio grande, pois o trabalhador costuma tratar a aposentadoria como um assunto distante, mas esse dia vai chegar. É fundamental que a categoria se preocupe com isso desde cedo”, alertou. Segundo ele, muitos só começam a pensar no tema quando já estão próximos da aposentadoria.

Jair apresentou dados da Funcef em 2024 e respondeu a críticas vindas do mercado, lembrando que o objetivo do fundo não é gerar lucros, mas garantir recursos suficientes para o pagamento dos benefícios. “Fundo de pensão não busca lucro, nem pode dar prejuízo. Ele precisa de resultados sustentáveis para cumprir seu papel”, explicou.

O diretor também destacou a importância da educação previdenciária, mencionando que a Funcef conta com uma equipe especializada para orientar os participantes, inclusive por meio de atendimento personalizado via WhatsApp — sem uso de inteligência artificial. “Muita gente, especialmente os mais jovens, não tem a menor noção de seus direitos previdenciários”, afirmou, ressaltando a relevância do programa de educação da fundação.

Ao final de sua fala, Jair respondeu a diversas dúvidas dos participantes sobre previdência.

Homenagem a Arlindo Cruz

Na abertura do evento, o presidente da entidade anfitriã, José Ferreira, pediu uma salva de palmas em homenagem ao sambista Arlindo Cruz, um ícone do samba raiz, que morreu na última sexta-feira (8). O artista, de 66 anos, que estava com a saúde debilitada desde 2017, quando sofreu um grave AVC (Acidente Vascular Cerebral), foi empregado da Caixa e já se apresentou no Botequim Bancário, no auditório do Sindicato carioca.

“Este encontro é preparatório para a Conecef, temos o calendário das negociações permanentes, que não trata das questões que já estão definidas no acordo de dois anos. Mas temos questões importantíssimas para debater neste encontro, além do nosso acordo coletivo e vamos eleger os delegados para a Conecef”, afirmou Ferreira.