Quinta, 31 Julho 2025 02:25
DÓLAR ESPECULATIVO

BTG Pactual compra HSBC Uruguai por US$ 175 milhões em meio a investigação da PF

Aquisição do banco com sede em Montevidéu ocorre em meio a investigações da Polícia Federal e do STF sobre possível uso de informações privilegiadas antes do tarifaço imposto por Donald Trump
Segundo matérias publicadas na imprensa,  o BTG Pactual, banco brasileiro fundado por pelo ex-ministro da Economia Paulo Guedes e que tem hoje como um dos sócios majoritários, Guilherme Paes, irmão do prefeito do Rio Eduardo Paes, está entre as instituições financeiras investigadas por supostas informações privilegiadas antes do tarifaço de Donald Trump Segundo matérias publicadas na imprensa, o BTG Pactual, banco brasileiro fundado por pelo ex-ministro da Economia Paulo Guedes e que tem hoje como um dos sócios majoritários, Guilherme Paes, irmão do prefeito do Rio Eduardo Paes, está entre as instituições financeiras investigadas por supostas informações privilegiadas antes do tarifaço de Donald Trump Foto: Divulgação

 

Carlos Vasconcellos

Imprensa SeebRio

O BTG Pactual anunciou a compra de 100% do capital social do HSBC Uruguai por 175 milhões de dólares, reforçando sua presença internacional e sua estratégia de expansão na América Latina. A instituição financeira uruguaia é sediada em Montevidéu.

Tarifaço e informações privilegiadas

A aquisição bilionária da instituição financeira sediada em Montevidéu pelo banco brasileiro ocorre em um momento em que o Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou, no último dia 21 de julho, a abertura de uma investigação sobre o possível uso de informações privilegiadas no mercado financeiro horas antes do tarifaço de Trump em relação às exportações brasileiras para os EUA, com uma onda especulativa de compra e venda de dólares. A decisão foi do ministro Alexandre de Moraes, atendendo a pedido da Advocacia-Geral da União (AGU), em nome do governo Lula.

A suspeita gira em torno de operações atípicas de compra e venda de dólares realizadas pouco antes do anúncio do tarifaço imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que estabeleceu tarifas de até 50% sobre exportações brasileiras. A investigação, sob sigilo de Justiça, é conduzida pela Polícia Federal e acompanha a movimentação de agentes financeiros com acesso antecipado à informação.

Eduardo Bolsonaro e Trump 

O pedido da AGU também menciona a proximidade entre o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e Trump. 

O parlamentar brasileiro — que, assim como o pai, é investigado por suposta participação em tentativa de golpe de Estado — chegou a admitir que influenciou o ex-presidente norte-americano na decisão de impor as tarifas contra o Brasil.

Manipulação de mercado

Segundo a AGU, há indícios de que agentes do mercado compraram e venderam dólares em volumes "significativos" horas antes do anúncio oficial do tarifaço, o que levantaria a hipótese de acesso prévio a informações sigilosas — conduta que caracteriza crime de manipulação de mercado, segundo a Lei de Valores Mobiliários. A pena pode chegar a cinco anos de prisão, além de multa de até três vezes o valor lucrado nas operações.

As investigações apontam uma movimentação bilionária no mercado: cerca de R$ 6,6 bilhões em contratos vinculados à cotação do dólar foram registrados poucas horas antes do anúncio de Trump.

CPI no Congresso

Diante das denúncias, o líder do PT na Câmara, deputado Lindbergh Farias (PT-RJ), anunciou na quarta-feira (23) articulações para a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista, com deputados e senadores, para investigar o suposto uso das informações privilegiadas nessas operações.

A iniciativa ganhou força após uma reportagem do portal ICL Notícias, de Eduardo Moreira, revelar que grupos financeiros como o BGC — ligado ao secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick —, o próprio BTG Pactual e a Tullett Prebon teriam lucrado com operações antes da imposição das tarifas.

O Jornal Nacional, da TV Globo, também destacou na edição do último dia 18 de julho (sexta-feira), movimentações suspeitas no mercado cambial. No entanto, a matéria da Globo não apontou diretamente os possíveis beneficiados pelo fato de instituições financeiras, inclusive o BTG, fazerem parte do rool de empresas que têm contratos de publicidade com a emissora. 

Sinal de alerta

A bilionária aquisição do HSBC Uruguai pelo BTG Pactual, realizada logo após a onda de operações no mercado de câmbio, acende um alerta entre os investigadores e reforça as suspeitas que motivaram a ação da AGU e o acompanhamento da Polícia Federal e do STF no caso.

Os donos do BTG

O BTG Pactual foi fundado por Paulo Guedes, ex-ministro da Economia no governo Jair Bolsonaro (PL). Guedes afirma não ter mais vínculo com o banco, o que pelo menos cartorialente é fato. 

Outro nome de destaque, este oficialmente um dos sócios do BTG é Guilherme Paes, irmão do prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, que é tambêm proprietário de uma offshore em Belize, conhecido paraíso fiscal.

 

 

Mídia