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Diagramação: Marco Scalzo
Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
Carlos Vasconcellos
Imprensa SeebRio
O BTG Pactual anunciou a compra de 100% do capital social do HSBC Uruguai por 175 milhões de dólares, reforçando sua presença internacional e sua estratégia de expansão na América Latina. A instituição financeira uruguaia é sediada em Montevidéu.
Tarifaço e informações privilegiadas
A aquisição bilionária da instituição financeira sediada em Montevidéu pelo banco brasileiro ocorre em um momento em que o Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou, no último dia 21 de julho, a abertura de uma investigação sobre o possível uso de informações privilegiadas no mercado financeiro horas antes do tarifaço de Trump em relação às exportações brasileiras para os EUA, com uma onda especulativa de compra e venda de dólares. A decisão foi do ministro Alexandre de Moraes, atendendo a pedido da Advocacia-Geral da União (AGU), em nome do governo Lula.
A suspeita gira em torno de operações atípicas de compra e venda de dólares realizadas pouco antes do anúncio do tarifaço imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que estabeleceu tarifas de até 50% sobre exportações brasileiras. A investigação, sob sigilo de Justiça, é conduzida pela Polícia Federal e acompanha a movimentação de agentes financeiros com acesso antecipado à informação.
Eduardo Bolsonaro e Trump
O pedido da AGU também menciona a proximidade entre o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e Trump.
O parlamentar brasileiro — que, assim como o pai, é investigado por suposta participação em tentativa de golpe de Estado — chegou a admitir que influenciou o ex-presidente norte-americano na decisão de impor as tarifas contra o Brasil.
Manipulação de mercado
Segundo a AGU, há indícios de que agentes do mercado compraram e venderam dólares em volumes "significativos" horas antes do anúncio oficial do tarifaço, o que levantaria a hipótese de acesso prévio a informações sigilosas — conduta que caracteriza crime de manipulação de mercado, segundo a Lei de Valores Mobiliários. A pena pode chegar a cinco anos de prisão, além de multa de até três vezes o valor lucrado nas operações.
As investigações apontam uma movimentação bilionária no mercado: cerca de R$ 6,6 bilhões em contratos vinculados à cotação do dólar foram registrados poucas horas antes do anúncio de Trump.
CPI no Congresso
Diante das denúncias, o líder do PT na Câmara, deputado Lindbergh Farias (PT-RJ), anunciou na quarta-feira (23) articulações para a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista, com deputados e senadores, para investigar o suposto uso das informações privilegiadas nessas operações.
A iniciativa ganhou força após uma reportagem do portal ICL Notícias, de Eduardo Moreira, revelar que grupos financeiros como o BGC — ligado ao secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick —, o próprio BTG Pactual e a Tullett Prebon teriam lucrado com operações antes da imposição das tarifas.
O Jornal Nacional, da TV Globo, também destacou na edição do último dia 18 de julho (sexta-feira), movimentações suspeitas no mercado cambial. No entanto, a matéria da Globo não apontou diretamente os possíveis beneficiados pelo fato de instituições financeiras, inclusive o BTG, fazerem parte do rool de empresas que têm contratos de publicidade com a emissora.
Sinal de alerta
A bilionária aquisição do HSBC Uruguai pelo BTG Pactual, realizada logo após a onda de operações no mercado de câmbio, acende um alerta entre os investigadores e reforça as suspeitas que motivaram a ação da AGU e o acompanhamento da Polícia Federal e do STF no caso.
Os donos do BTG
O BTG Pactual foi fundado por Paulo Guedes, ex-ministro da Economia no governo Jair Bolsonaro (PL). Guedes afirma não ter mais vínculo com o banco, o que pelo menos cartorialente é fato.
Outro nome de destaque, este oficialmente um dos sócios do BTG é Guilherme Paes, irmão do prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, que é tambêm proprietário de uma offshore em Belize, conhecido paraíso fiscal.