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Diagramação: Marco Scalzo
Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
Olyntho Contente*
Imprensa SeebRio
Orientar entidades filiadas a organizarem coletivos de aposentadas e aposentados nas federações e sindicatos; estimular a participação ativa dos aposentados nesses coletivos; e incluir o segmento nas conferências regionais e na Conferência Nacional dos Bancários. Estas foram algumas das principais resoluções aprovadas nos dias 2 e 3 de julho, pela 1ª Conferência Nacional de Aposentadas e Aposentados do Ramo Financeiro.
A ex-presidente do Sindicato dos Bancário do Rio de Janeiro, Fernanda Carisio, e a atual vice-presidente da entidade, Kátia Branco, participaram da conferência. Realizada na sede da Contraf-CUT, em São Paulo, foi um evento histórico que consolidou um novo momento de valorização, escuta ativa e organização de quem ajudou a construir o movimento sindical bancário brasileiro.
Kátia ressaltou a importância da conferência que reuniu federações de todos os estados. "Foram dois dias de grandes debates, sendo aprovadas resoluções qie vamos implementar nos estados", disse. Acrescentou que muitos foram os assuntos aborados, mas que uma reclamação gerala foi em relação aos planos de saúde dos aposentados de todos os bancos. "Ficou evidente na conferência que este ponto se tornou um foco importante as ser resolvido de imediato", afirmou.
Com o apoio de federações e sindicatos de todo o país, reuniu bancárias e bancários aposentados, dirigentes sindicais, especialistas e representantes de entidades parceiras para discutir temas urgentes para o segmento, como saúde, previdência, bem-estar, políticas públicas, inclusão sindical e combate ao preconceito etário.
Resgate histórico e valorização de quem construiu o presente – O segundo dia do evento começou com uma palestra de Roberto von der Osten (Betão), ex-presidente da Contraf-CUT, que fez um importante resgate histórico da luta dos aposentados no ramo financeiro, destacando a formação da Comissão Nacional das Aposentadas e Aposentados da entidade, batizada por ele de "Compromisso com quem construiu o presente".
Ele lembrou que a população com mais de 60 anos já soma 32,1 milhões de brasileiros (15,8%), número que segue em crescimento, enquanto as políticas públicas e a estrutura do movimento sindical ainda não acompanham essa realidade. "Estamos caminhando para ter mais aposentados do que ativos nas bases dos sindicatos", alertou. Betão também destacou a urgência de combater o preconceito contra idosos, de discutir os planos de saúde dos aposentados e de repensar o papel das entidades sindicais.
“Nós estamos enfrentando o preconceito etário, o desmonte da seguridade social e a invisibilidade política. Queremos presença nos espaços do sindicalismo e da política, queremos romper o isolamento para continuar as nossas lutas e queremos manter vivo o nosso pertencimento à classe trabalhadora. A luta não se aposenta. Valorizar quem construiu a luta e conquistou direitos!”, afirmou.
Um processo de construção coletiva iniciado em 2022 – A conferência é fruto de um processo iniciado no 6º Congresso da Contraf-CUT, em abril de 2022, quando surgiu a proposta de envolver mais diretamente os aposentados nas lutas do ramo. Desde então, encontros irtuais e articulações deram origem à Comissão Nacional de Aposentadas e Aposentados da Contraf-CUT, nascida dos Comitês Populares de Luta formados ainda durante a campanha eleitoral de 2022.
Nos encontros seguintes — especialmente em dezembro de 2022 e novembro de 2023 — foram estabelecidas prioridades como:
Estimular a criação de coletivos de aposentados nas bases sindicais;
Mapear temas de interesse e atuação;
Lutar por políticas públicas, saúde e previdência complementar;
Criar uma comunicação específica para o segmento;
Estruturar estratégias de representação política e institucional.
Saúde, pertencimento e envelhecimento ativo em pauta – A conferência também trouxe temas essenciais para a qualidade de vida na aposentadoria. A assistente social Fé Juncal, diretora da Associação dos Aposentados e Pensionistas de Jundiaí/SP e da Federação dos Aposentados do Estado de São Paulo, abordou questões como solidão, depressão, luto, sentido de pertencimento pós-carreira, engajamento social e políticas públicas para o envelhecimento saudável.
“A discussão tem que ser permanente, a fiscalização tem que ser permanente, o debate tem que ser permanente, pois são essas políticas públicas que vão nos dar qualidade de vida daqui para frente”, defendeu Fé, ao destacar a importância da convivência, do voluntariado e da militância para manter-se ativo após os 60 anos.
Caroline Heidner, empregada da Caixa Econômica Federal e diretora de Saúde Suplementar da ANAPAR, abordou os desafios enfrentados por aposentadas e aposentados no acesso à saúde, especialmente em relação à sustentabilidade dos planos de autogestão, aos direitos garantidos no SUS e na rede privada, e às dificuldades para manter um plano de saúde diante da queda na renda após a aposentadoria.
Ela ressaltou a atuação da ANAPAR pela ampliação da representatividade dos beneficiários na gestão desses planos, com a defesa de mandatos eletivos paritários, sem voto de minerva, estruturados com condições adequadas — físicas, financeiras e políticas — semelhantes às garantias dos mandatos sindicais, incluindo liberação e estabilidade no emprego.
Caroline chamou atenção ainda para a fragilidade regulatória das autogestões por Recursos Humanos, que, segundo ela, “vivem um vazio normativo” ao estarem isentas, pela RN 137/2006, de oferecer qualquer espaço de representação aos beneficiários.
Defendeu também a proposta da ANAPAR de ampliar a elegibilidade aos planos para terceirizados e outros grupos, desde que acompanhada da garantia de participação efetiva desses novos beneficiários nas instâncias de governança.
Por fim, alertou para questões estruturantes que impactam o futuro das autogestões, como os altos provisionamentos que aumentam os custos dos planos, pressionando especialmente os aposentados, e criticou o projeto de lei 7419/2006, que prevê a aplicação do Código de Defesa do Consumidor a essas modalidades, o que, segundo ela, seria prejudicial aos participantes.
"Acolhimento, mobilização e início de um novo ciclo" – O coordenador do Coletivo Nacional de Aposentadas e Aposentados da Contraf-CUT, Elias Jordão, celebrou o sucesso do evento. “A primeira conferência nacional de bancários e bancárias aposentadas, além de ser um marco histórico para a Contraf e para nosso ramo, superou positivamente todas as expectativas. O sentimento é de acolhimento para aqueles que são nossa história e, apesar de fora da ativa, com muita contribuição ainda por dar, normalmente estão na invisibilidade. É o início de uma longa caminhada, e vamos buscar parcerias com todas as categorias, entidades e associações que fazem este debate para ampliarmos e aprofundarmos as discussões de interesse deste segmento.”
“Com ampla participação, acolhimento e propostas concretas, a 1ª Conferência Nacional de Aposentadas e Aposentados da Contraf-CUT foi o ponto de partida para reconectar o movimento sindical com aqueles que ajudaram a construí-lo — e que seguem prontos para lutar”, finalizou Elias Jordão.
*Com informações da Contraf-CUT.