Terça, 03 Junho 2025 20:54
EM DEBATE

Ambientalistas consideram nova Lei de Licenciamento um presente de grego no Dia Mundial do Meio Ambiente

Bancários participam de atos públicos em protesto contra o Projeto de Lei 2.159/2021 que afrouxa regras ambientais
Dirigentes sindicais bancários participam de ato, na Urca,contra Projeto de Lei que afrouxa regras ambientais. Manifestações vão continuar na cidade nesta semana. Dirigentes sindicais bancários participam de ato, na Urca,contra Projeto de Lei que afrouxa regras ambientais. Manifestações vão continuar na cidade nesta semana. Foto: Divulgação

 

Carlos Vasconcellos

Imprensa SeebRio

 

De um lado, ambientalistas do mundo inteiro celebram o Dia do Meio Ambiente, comemorado na próxima quinta-feira, dia 5 de junho, data estabelecida pela ONU em 1972 para chamar a atenção global para a urgência da preservação ambiental.

Já no Brasil a polêmica e os debates continuam calorosos com a tramitação no Congresso Nacional da proposta de afrouxamento das normas de proteção do meio ambiente, com o Projeto de Lei 2.159/2021, que pretende criar a Lei Geral do Licenciamento Ambiental.

Protestos no Rio

No Rio de Janeiro, dirigentes sindicais do Sindicato dos Bancários e da Federa-RJ (Federação Nacional das Trabalhadoras e Trabalhadores no Ramo Financeiro do Estado do Rio de Janeiro) participam esta semana de uma série de manifestações contra o PL que cria a nova lei que afrouxa as regras para construções e exploração econômica que afetam o meio ambiente.

No último domingo, 1º de junho, Cida Cruz, diretora executiva da Secretaria de Meio Ambiente do Sindicato dos Bancários do Rio e Jacy Menezes, da Federa-RJ e outros dirigentes sindicais bancários participaram da atividade. Nesta quinta-feira (5) haverá a Marcha pelo Junho Verde, às 8h, na Praça XV, Centro do Rio. No sábado (7), às 10h, tem a Marcha pelo Clima, no Museu do Amanhã, na região portuária da cidade.

"Estamos aqui contra o Projeto da devastação, mas também para dizer não ao Teleférico no Morro da Urca e Pão de Açúcar. Somos a favor do meio ambiente e em defesa da vida. A crise climática ameaça a existência humana e causa catástrofes e tragédias que são evitáveis. É preciso lutar agora pois amanhã será tarde demais", declarou Jacy Menezes. 

"Vamos com a gente plantar as sementes no presente para o amanhã ser possível. É água limpa, floresta em pé e ar puro ou não haverá futuro. Chega de devastação", completou Jacy, convidando toda a categoria bancária para as manifestações no Rio.

O licenciamento ambiental é um instrumento fundamental da Política Nacional do Meio Ambiente, atua como um mecanismo preventivo e de controle assegurando que empreendimentos que geram efetivo ou potencial impacto ao meio ambiente sejam rigorosamente avaliados antes e durante sua operação, a partir de estudos detalhados que identificam os riscos e impactos ambientais. Ambientalistas criticam a proposta, considerando-a um verdadeiro “presente de grego” dos parlamentares brasileiros à semana do Meio Ambiente.

A polêmica do projeto

Dentro do governo e na sociedade, há os defensores da flexibilização das regras para construções com impacto ambiental, alegando grande arrecadação financeira por empresas dos setores de construção civil, habitação e principalmente, agronegócio e mineração, o que contribuiria para a geração de empregos e o crescimento da economia brasileira. Defensores da causa ambiental rebatem estes argumentos dizendo que a sociedade não foi ouvida para debater o projeto aprovado pelo Senado e que a proposta é predatória e vai na contramão do desenvolvimento sustentável. Segundo estudos, o Brasil poderá perder até R$11 trilhões da chamada “economia verde”, valores estimados até 2040, segundo um estudo da Boston Consulting Group, que destaca o crescimento e potencial no Brasil para a transição energética e tecnologias, materiais e outros serviços sustentáveis.

O que congressistas financiados pelo agronegócio, mineração e exploração de madeiras fingem não compreender é que as florestas têm mais valor para a economia brasileira de pé, com desenvolvimento verdadeiramente sustentável e proteção das patentes na pesquisa da biodiversidade florestais e marinhas”, avalia a diretora da Secretaria do Meio Ambiente do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro, Cida Cruz.

Floresta de pé vale mais

Estimativa do Banco Mundial dá conta de que só a preservação da floresta vale, ao menos, US$ 317 bilhões por ano (cerca de R$5,6 trilhão), valor muito superior à exploração realizada através do desmatamento e poluição ambiental, que segundo o estudo, resultaria em uma "redistribuição ineficiente de riquezas públicas para o privado".

"Em termos econômicos, o desmatamento é uma enorme destruição de riqueza, ameaça o clima global, a extraordinária biodiversidade e formas de vida e comunidades tradicionais", afirma o economista Marek Hanusch, líder e coordenador do relatório Equilíbrio delicado para a Amazônia Legal Brasileira.

Pessoalmente acredito que o Brasil perde ao trocar os investimentos da economia verde por exploração predatória. Respeito as posições contrárias, mas o que cobramos é um amplo debate com a sociedade, com divulgação massiva na mídia e não esta pressa de congressistas financiados por lobbys econômicos em aprovar o afrouxamento das regras ambientais”, acrescentou Cida Cruz.

No dia 21 de maio, o Senado Federal aprovou com mudanças o Projeto de Lei, que tem sido discutido desde 2004 e pretende uniformizar e afrouxar os procedimentos para emissão de licenças ambientais em todo país. Agora o texto retorna à Câmara dos Deputados e se aprovado segue para sanção presidencial.

Os inaceitáveis ataques machistas e desrespeitosos de senadores que apoiam o projeto de flexibilização ambiental contra a ministra Marina Silva mostra com que apetite os interesses econômicos tentam ‘passar a boiada’ sobre florestas, rios e mares no Brasil”, conclui Cida.

 

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