Quinta, 29 Mai 2025 12:27
DEMOCRACIA

Nova diretoria do Sindicato dos Bancários toma posse no Rio

Eleitos com 92,10% dos votos, dirigentes sindicais têm como maiores desafios a defesa do emprego e dos direitos da categoria e a consolidação da democracia no Brasil
José Ferreira (quarto à esquerda) e Kátia Branco (de blusa rosa), presidente e vice reeleitos, elogiaram a unidade da categoria durante a posse da nova diretoria do Sindicato dos Bancários do Rio para a gestão 2025-2029 José Ferreira (quarto à esquerda) e Kátia Branco (de blusa rosa), presidente e vice reeleitos, elogiaram a unidade da categoria durante a posse da nova diretoria do Sindicato dos Bancários do Rio para a gestão 2025-2029 Foto: Nando Neves

 

Carlos Vasconcellos

Imprensa SeebRio

 

A nova diretoria do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro tomou posse oficialmente em solenidade realizada na manhã desta quinta-feira, 29 de maio. O evento, realizado no auditório da entidade, teve transmissão ao vivo pelo Youtube para que mais bancários e bancarias pudessem acompanhar a posse.

 

Desafios do mandato

 

Eleita com uma votação consagradora (92,10% dos votos), em abril deste ano, os componentes da Chapa 1 – Unidade na Luta têm grandes desafios para a gestão 2025-2029.

Fernanda Carísio, um nome histórico do movimento sindical bancário, que foi perseguida pela ditadura militar e presidiu o Sindicato nos anos 80, falou da transparência e participação da categoria na eleição deste ano. “Foi uma grande participação da categoria, um processo bastante participativo e transparente. É um momento muito difícil. Os bancos estão demitindo. Até os bancos públicos estão encaminhando para dispensa. Precisamos trazer os trabalhadores de todo o ramo financeiro, agentes autônomos, que não possuem nada da nossa convenção coletiva”, explicou Fernanda, que presidiu a comissão eleitoral, junto com outros nomes, homenageados na solenidade.

 

O presidente reeleito do Sindicato, primeiro na história a assumir três mandatos, falou dos desafios da nova gestão.

“Esta gestão não é apenas da CUT, mas também da CTB, Intersindical e de toda a frente das centrais sindicais”, ressaltou, elogiando a unidade das correntes políticas para enfrentar os novos e difíceis desafios da categoria e do país nos próximos anos.

“As profundas transformações do sistema financeiro, os processos de automação e IA que assombram a categoria, os avanços dos bancos digitais, a ponto de um banco {Bradesco} dizer o que o

cliente pode ou não sacar do seu próprio dinheiro são desafios desta gestão”, afirmou.

 

Ampliar a representação

 

Ferreira falou ainda do ‘Sindicato cidadão’, o aspecto que torna a entidade sintonizada com as lutas dos movimentos sociais e ações de solidariedade. Citou a solidariedade dos sindicatos dos Bancários em todo o país ao enfrentamento de outras categorias, na luta pelo fim da jornada 6 x 1, campanha de grande repercussão nacional criada pelo movimento VAT (Vida Além do Trabalho).

“Não será fácil enfrentar uma maioria do parlamento eleito com o apoio político e financeiro do empresariado”, afirmou o dirigente sindical, criticando os recentes ataques de parlamentares da ultradireita contra Marina Silva. “Não podemos confundir divergência política com ataques ao papel e ao espaço da mulher na sociedade”, rebateu.

Destacou a necessidade de inclusão dos trabalhadores do ramo financeiro na organização sindical. “Temos que conquistar estes companheiros, muitos envolvidos pelo discurso neoliberal. O que temos de fato é o subemprego e de trabalhadores que entregam refeições em nossa casa e não têm condições de ter comida em suas casas”, afirmou, em crítica às condições de trabalho precárias dos trabalhadores de plataformas digitais.

“É um desafio ampliar este diálogo e conscientizar que eles também são trabalhadores”, disse, ressaltando a importância da consciência de classe.

 

Saúde do trabalhador

 

José Ferreira alertou ainda sobre o projeto da extrema-direita de conquistar, nas eleições de 2026, 2/3 do Senado, um risco para a democracia brasileira e para os direitos da classe trabalhadora. “Temos que organizar os trabalhadores para as eleições de 2026”, explicou.

Destacou também a questão do adoecimento da categoria e a luta por melhor qualidade na assistência médica e hospitalar.

Sabemos o quanto a manutenção dos planos de saúde têm aumentando o custo para os trabalhadores. É um desafio travarmos esta luta”, disse, citando a luta dos aposentados do Itaú, a campanha pela sustentabilidade e qualidade do Saúde Caixa, da Cassi no Banco do Brasil, e nos planos dos demais bancos, bem como a defesa do SUS, o Sistema Único de Saúde.

 

A trajetória do Sindicato

 

O presidente reeleito homenageou também àqueles que o antecederam e fizeram a história da entidade.

“Seguindo a trajetória dos que nos antecederam, alguns perseguidos e mortos pela ditadura militar, nós não podemos hesitar em seguir e continuar esta trajetória que orgulha a nossa categoria e toda a classe trabalhadora”, afirmou, pedindo a manutenção da unidade, inclusive com os componentes da oposição, que não conseguiram montar uma chapa para concorrer ao pleito.

 

O papel das mulheres

 

A vice-presidenta reeleita Kátia Branco, agradeceu a confiança das bancárias e bancários que votaram, com mais de 92% da categoria, na Chapa Unidade na Luta. “Cabe a nós, a nova diretoria, responder às expectativas da categoria e enfrentamos a eliminação de postos de trabalho”, afirmou, citando recente matéria do jornal O Globo sobre o esvaziamento do Centro do Rio de Janeiro em que cita a extinção de agências como um dos fatores deste processo em que Kátia foi entrevistada.

“Enquanto um trabalhador e ou trabalhadora é demitido não é só ele ou ela, mas uma família inteira, que adoece junto com o funcionário dispensado. Podem ter certeza que estaremos juntos na luta pela categoria”, declarou, agradecendo em nome de toda a diretoria, a participação de todos os dirigentes sindicais e do corpo de funcionários, pelo esforço para a realização do pleito e para o trabalho pela unidade da categoria.

“Só unidos vamos conseguir avançar. Sabemos o que nos espera em 2026. Temos divergências, mas temos que ter foco”, acrescentou. Elogiou também o coletivo das mulheres na luta pela igualdade de representação e de direitos, criticando os ataques da ultradireita à ministra Marina Silva e à deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ). “ Ali estão mulheres que merecem respeito. Somos todos contra qualquer tipo de violência contra as mulheres. “Somos todos Marina”, completou.

 

Igualdade de oportunidades

 

O Secretário de Combate ao Racismo da Contraf-CUT, Almir Aguiar, representou a entidade nacional na posse da diretoria do Sindicato, lembrando que a presidenta Juvandia Moreira sempre esteve nas lutas da categoria, citando a recente participação dela na recente audiência pública sobre terceirização e emprego realizado na Alerj, a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, mas que não pôde comparecer em função de negociações da categoria com os bancos, em São Paulo.

 

Formação política

 

Almir lembrou ainda da experiência de ter sido dirigente do Sindicato do Rio. “A gente vai crescendo politicamente, vê o mundo de outra forma e conheci muita gente nessa entidade que foram muito importantes na minha formação política”, afirmou, citando nomes como Paulo de Tarso, Adeilson Teles, José Ferreira e Fernanda Carísio.

“Este Sindicato doou avião para enfrentar o nazifascismo na segunda guerra e o nosso presidente Aluisio Palhano, que foi preso, torturado e assassinado pela ditadura militar para defender a democracia”.

 

Almir falou também da discriminação contra negros e negras, mulheres, LGBTQIA+ e Pessoas Com Deficiência (PCDs).

“Infelizmente a cor da pele ainda serve para a seleção profissional no setor bancário”, criticou, defendendo a igualdade de oportunidades, que será tema da negociação da Contraf-CUT com a Fenaban (Federação Nacional dos Bancos) nesta sexta-feira (30).

 

A presidenta da Federa-RJ (Federação das Trabalhadoras e Trabalhadores no Ramo Financeiro do Estado do Rio de Janeiro), Adriana Nalesso, também falou de sua formação política na entidade sindical.

“A gente passa, mas o Sindicato fica. Aqui me forjei como militante das causas sociais e na defesa do trabalhador. Infelizmente vemos uma queda na base de bancários em função da nova realidade do mundo do trabalho”, disse, criticando o processo de demissões nos bancos. Ressaltou o desafio que é manter a estrutura da entidade sindical nas defesa da categoria e de toda a classe trabalhadora e da democracia, ante a perda de arrecadação dos sindicatos em função das dispensas no setor e da redução da contratação de bancários no ramo financeiro.

Adriana também criticou as agressões sofridas por Marina Silva no Senado. “Não aceitamos as agressões sofridas só porque as pessoas têm posições diferentes”, completou.

Marcelo Rodrigues, ex-diretor do Sindicato do Rio e representante da CUT Nacional disse que tinha um compromisso em São Paulo, mas fez questão de vir ao Rio para expressar a saudação do presidente cutista, Sérgio Nobre, aos dirigentes sindicais e a toda a categoria bancária pelo eleição da nova diretoria. “Só estou dirigente da CUT Nacional graças a este Sindicato e a nossa categoria”, declarou.

O deputado estadual Carlos Minc(PSB) saudou, através de vídeo, o presidente José Ferreira e toda a diretoria eleita pelo papel da entidade sindical em formulação de várias leis importantes aprovadas na Alerj a pedido do Sindicato, como a Lei de Prevenção às LER-Dorts e a Lei antifilas.

 

 Confira clicando no link abaixo o vídeo da posse transmitida no Youtube 

https://www.youtube.com/watch?v=Rkw_uaeaxKI

 

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