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Diagramação: Marco Scalzo
Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
Carlos Vasconcellos
Imprensa SeebRio
O debate a respeito da exploração de Petróleo na chamada Margem Equatorial, no Norte do Brasil, é acalorado e faz parte do embate democrático dos que defendem o investimento da Petrobras na região e aqueles que querem a preservação do meio ambiente.
A criação de áreas de preservação próximas à Foz do Amazonas por iniciativa da ministra do Meio ambiente Marina Silva, onde setores do governo querem explorar petróleo, resultou, no entanto, numa reação inaceitável, violenta e discriminatória contra as mulheres por parte de parlamentares da ultradireita.
Na última terça-feira (27), Marina Silva aceitou o convite para debater o tema na Comissão de Infraestrutura do Senado. Ela defendeu a proposta do Ministério do Meio Ambiente de criar o que chamam de reservas extrativistas (Resex) – que são como áreas protegidas, mas onde são permitidas algumas atividades – na área marinha de Flamã, Goiabal, Amapá-Sucuriju e Bailique, no estado do Amapá. As unidades ficam a 137 e 470 km dos blocos de exploração de petróleo na região.
Agressões contra Marina
O que não estava no script do debate na comissão do Senado era que a ministra seria duramente ofendida verbalmente e sofresse duramente agressões psicológicas machistas e preconceituosas contra as mulheres.
Durante o debate, o senador Marcos Rogério (PL-RO) mandou a ministra “se pôr no seu lugar” {de mulher} e ironizou a sua “educação”. Marina retrucou a atitude preconceituosa e respondeu dizendo que não era “mulher submissa”. Protagonizaram agressões também os senadores Omar Aziz (PSD-AM) e Plínio Valério (PSDB-AM). O tucano já havia dito publicamente “que sentia vontade de enforcar” a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. Omar Aziz culpou a "intransigência" da ministra, dizendo que a aprovação da lei de licenciamento é culpa dela, que na verdade tem uma posição firme em defesa da preservação ambiental, cuja proposta permite algumas atividades econômicas.
"Você se sente agredida; porém, não intimidada. Não me senti em nenhum momento intimidada por aquelas atitudes. Tudo o que eles querem é falar alto, bater na mesa e falar grosso", afirmou Marina em entrevista à emissora CNN Brasil.
“Sou ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima e foi nesta condição que fui convidada a falar na Comissão de Infraestrutura do Senado (27). Ouvir de um senador que não me respeita como ministra, não me deu outra opção a não ser deixar a comissão. Ainda mais porque essa agressão veio do mesmo senador que, na outra vez em que estive no Senado, também como convidada, disse que foi muito difícil para ele me ouvir durante seis horas e 10 minutos sem me enforcar. E hoje ele, novamente, veio me agredir", acrescentou a ministra.
A diretora de Imprensa do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro, Vera Luiza Xavier criticou a postura dos parlamentares.
“Não é apenas uma discriminação à Marina porque ela é mulher, negra e de origem pobre. É uma postura, além de preconceituosa por todas estas razões, desumana e desrespeitosa que não condiz com o debate democrático. Neste momento a sociedade precisa reagir. Somos todos Marina”, destacou Vera.
“A atitude dos senadores é quebra de decoro parlamentar e eles têm que responder por isso”, completou a dirigente sindical.
O lobby das multinacionais
O que os senadores não dizem é que eles e toda a extrema-direita defendem a exploração marinha da região, mas com a presença de empresas privadas estrangeiras, o que não é aceito, a princípio, pelo governo Lula, que defende a exclusividade da exploração pela Petrobras. O lobby dos parlamentares se explica pela busca de financiamento de campanha para as eleições de 2026 e um futuro projeto ultraliberal de privatizar tudo em caso de uma vitória da extrema-direita nas eleições presidenciais e parlamentares do ano que vem.
"Estes parlamentares, financiados pelo agronegócio têm ódio a Marina Silva porque querem 'passar a boiada', destruindo o meio ambiente em áreas de preservação ambiental e em terras indígenas", disse a vice-presidenta do Sindicato, Kátia Branco.