Carlos Vasconcellos

Imprensa SeebRio

A técnica do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), Milena Alves falou do impacto das novas tecnologias no emprego da categoria bancária, na segunda apresentação do painel “Inteligência Artificial e Emprego Bancário”, no segundo dia da 5ª Conferência Estadual das Trabalhadoras e Trabalhadores no Ramo Financeiro RJ, realizada neste sábado, no Rio.

Regulação do sistema financeiro

A economista falou da importância da regulação do sistema financeiro nacional, tese defendida pelo movimento sindical.

É preciso debater a regulação das fintechs, que é diferente da que regula os bancos tradicionais, sendo mais suscetíveis a golpes, lembrando que o Banco Central já determinou que as instituições de pagamentos e fintechs não poderão mais utilizar o nome fantasia de banco (“bank”). “O Inter já retirou o nome “bank” pois não são registradas como banco e o Nubank terá de fazer o mesmo”, explica.

Avanço das fintechs

A palestrante lembra que estas novas instituições financeiras não possuem tanta rigidez para serem criadas e funcionarem, mas que algumas já começam a superar bancos tradicionais em valor de mercado. “Novos agente de mercado, como Nubank, Mercado Pago, PicPay, inter e XP estão ocupando cada vez mais espaços”, explicou, mostrando que em 2014 todas as dez maiores instituições financeiras com maior número de clientes eram bancos tradicionais e, em 2024, das dez maiores, quatro são plataformas de pagamentos e fintechs.

“O Nubank tem mais clientes do que o Itaú e só perde para o Bradesco e Caixa Econômica Federal, acrescentou, revelando que a primeira fintech foi aberta em 2016 e em 2022, estas instituições já passaram o número de bancos: 319 contra 175.

“O Nubank, uma instituição de pagamento, alcançou em abril R$290 bilhões em valor de mercado., voltando a superar o Itaú”, destacou.

Em contrapartida, Milena disse que a expansão das fintechs aumentou a insegurança e elevou o risco sistêmico.
“O PCC lavou R$6 bilhões em uma fintech”, declarou.

Impactos no emprego bancário

Milene mostrou ainda como a transformação tecnológica impactou no emprego de várias categorias, inclusive a bancária. 

“Houve uma redução do emprego, afetando atividades como caixas de banco, funcionários dos Correios, escriturários , secretários administrativos, executivos, setor de contabilidade, atendentes financeiros, vendedores de porta em porta. Crescem vagas para especialista em IA, em sustentabilidade, analista de IA, engenharia de fintechs e analistas de dados”, explicou.

De 2014 a 2019 mais de quatro mil agências bancárias foram fechadas. “O BC mostra que apenas 2% das transações são feitas em agências físicas”, ressaltou, mostrando algumas das causas da redução da categoria e do aumento de trabalhadores em outras atividades no setor., como corretores de seguros e de planos de saúde.

“A categoria bancária respondia por quase 80% do sistema financeiro em 1994 e em 2023, essa participação caiu para 46%”, disse Milena.

Desafios da categoria

Ao final a economista destacou a força coletiva da categoria, exaltando conquistas importantes como a ajuda de custo, equipamentos e canais de apoio ao teletrabalho e as vagas de qualificação para mulheres na área de TI (Técnico da Informação), majoritariamente ocupada por homens.

“Na redução da categoria as mulheres representam 60% e a área de TI vem sendo ocupada basicamente por homens”, concluiu, dizendo que a categoria é capaz de enfrentar estes novops desafios no mercado de trabalho.