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Diagramação: Marco Scalzo
Diretora de Imprensa: Vera Luiza Xavier
Carlos Vasconcellos
Imprensa SeebRio
A manifestação do 1⁰ de Maio no Rio de Janeiro foi realizada no início da tarde desta quinta-feira, na Cinelândia, no Centro da cidade. Atividades similares ocorreram em várias regiões do país organizadas pela CUT, CTB, CSB, UGT, NCST e Força Sindical, além de movimentos sociais, como o Vida Além do Trabalho (VAT), que agitou as redes sociais e ganha adesão no Brasil inteiro.
Bandeiras de Luta
Entre as principais reivindicações dos trabalhadores estão dois projetos que tramitam no Congresso Nacional: o do governo Lula que garante a isenção no Imposto de Renda para quem ganha até R$5 mil mensais e reduz a alíquota de salários até R$7 mil, com a tributação dos super-ricos. E a outra proposta, Projeto de Lei da deputada federal Erika Hilton (Psol-SP), que prevê o fim da escala 6 X 1 e propõe a 4 X 3 (quatro dias de trabalho e três dedescanso), reduzindo a jornada de trabalho. Esta última encontra resistência de parlamentares de direita e extrema-direita, mas a pressão popular pode virar esse jogo. Na segunda-feira, 28 de abril, o presidente da Câmara dos Deputados Hugo Motta (Republicanos/PB) afirmou que o projeto deverá entrar em diálogo “nos próximos dias” e defendeu um “tratamento institucional” para a matéria. No entanto, afirmou que não se deve “ficar vendendo sonhos” sobre o texto.
Campanha permanente
O movimento sindical está em campanha pepermanente pela aprovação dos dois projetos de interesse da classe trabalhadora, da isenção do IR e da redução da jornada.
A pauta dos sindicatos inclui ainda a isenção total do Imposto de Renda na PLR (Participação nos Lucros e Resultados), que beneficia também diretamente a categoria bancária e a igualdade salarial entre homens e mulheres.
Participação dos bancários
A categoria bancária, como sempre, participou do evento. Uma bancária do Bradesco, que preferiu não se identificar temendo retaliação do banco, disse considerar importante a participação dos trabalhadores nestas mobilizações.
"Eu vim aqui porque acho muito importante a ideia de ampliação da isenção no IR, que funcionará como um 14⁰ salário e beneficia muita gente, inclusive grande parte da nossa categoria", destacou.
Perguntada pela imprensa do Sindicato sobre a importância do trabalhador ser sindicalizado, Ela declarou "ser associada ao Sindicato e acrescentou dizendo que todas as pessoas deveriam fazer o mesmo.
"Se depender do empregador a gente não ganha nada, não. Temos que nos unir para proteger nossos empregos e benefícios conquistados sempre coletivamente", completou.
O presidente do Sindicato do Rio José Ferreira falou de pautas prioritárias presentes no ato no 1⁰ de Maio, em continuidade à manifestação realizada em Brasília, na última quarta-feira, dia 30 de abril.
"Estamos aqui em campanha pela redução da taxa de juros, que é uma luta de toda a classe trabalhadora. Nós bancários defendemos o fim da escala 6 X 1, mas também a redução da jornada para todo o conjunto da classe trabalhadora e o fim das metas abusivas no trabalho e de toda a forma de exploração. Viva a classe trabalhadora e o 1⁰ de Maio", discursou o dirigente sindical.
"É um ato bastante expressivo. Estamos lutando, mulheres, homens, negros e negras, por uma jornada de trabalho melhor com o fim da jornada 6x1, empregos decentes, melhores condições de trabalho e salários dignos. Vamos à luta", disse o secretário de Combate ao Racismo da Contraf-CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro), Almir Aguiar.
A vice-presidenta do Sindicato dos Bancários do Rio Kátia Branco voltou a defender a igualdade salarial entre homens e mulheres e o fim da discriminação de gênero e racial no trabalho.
"Não podemos admitir que, em pleno século XXI, mulheres que exercem as mesmas funções de homens ganhem salários inferiores a eles e as trabalhadoras negras ainda sofrem com uma disparidade nos salários e preconceito ainda maiores", afirmou com exclusividade à Imprensa do SeebRio.
Ela lembrou ainda que "as mulheres sofrem ainda mais com a escala 6x1, pois enfrentam jornadas dupla ou tripla, cuidando do lar, dos filhos e da família sem muitas vezes o apoio dos homens em função da cultura machista na sociedade".
Parlamentares no ato
O evento na Cinelândia contou com a presença de parlamentares, como Glauber Braga (Psol-RJ), que agradeceu a solidariedade dos trabalhadores e trabalhadoras à sua luta contra a cassação de seu mandato liderada pelo ex-presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL) e também em seu discurso, o fim da escala 6 X 1.
"Nós não aceitamos o que é a escravização moderna da escala 6 por 1. E vamos à luta permanente para que a gente possa avançar na garantia dos direitos. Mas não podemos nos limitar a despejar as nossas energias aoenas no quadrado institucional. É a luta e a mobilização das ruas, de trabalhadores e trabalhadoras, que dão condições para que a gente possa virar este jogo", afirmou.
"Obrigado pela solidariedade de todos e todas. No dia 1⁰ de julho eles vão votar no Plenário da Câmara dos Deputados a cassação do mandato. As pessoas me perguntam se eu tenho esperança de virar esse jogo no Plenário. Eu respondo: é claro que eu tenho esperança porque a minha esperança está na mobilização daqueles que não se entregam, da classe trabalhafora", acrescentou, ovacionado pela multidão que gritava o lema "Glauber Fica!".
O deputado federal Chico Alencar (Psol-RJ) lembrou da mobilização em Cuba que reuniu milhões de pessoas mesmo com o estrangulamento e o boicote contra o seu povo que sofre com o embargo econômico e falou ainda do ato na Cinelândia.
"Estamos resgatando as mobilizações aqui no Brasil. Mesmo com um feriado que tem muita gente viajando temos bastante participantes aqui na Cinelândia, está muito bonito o ato. Felizmente o presidente Lula aderiu à luta pela redução da jornada de trabalho, pelo fim da escala 6x1, essa campanha que cresce em mobilização, amplia, cativa e isso é um bom sinal. Só o povo unido e organizado, valorizando os seus sindicatos, poderá alcançar vitórias neste país onde o neoliberalismo, a extrema-direita e o grande capital ainda têm uma força muito grande. Mas nós vamos vencer", afirmou.
O deputado federal do Psol do Rio de Janeiro e professor Tarcísio Motta também marcou presença no protesto, além de outros parlamentares.
Na abertura do evento houve apresentações artisticas de DJs e Rap, Hip hop, funk e outros gêneros feitas por artistas de favelas e bairros periféricos .